DESCONFIANÇA
Hugo Motta perde força após veto a PEC da Blindagem no Senado
Presidente da Câmara dos Deputados virou alvo de questionamentos entre parlamentares da esquerda e da direita

Por Redação

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), saiu enfraquecido após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitar, por unanimidade, nesta quarta-feira (24), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem. A decisão da CCJ enterrou regimentalmente a proposta que ampliava a proteção de parlamentares perante a Justiça e gerou forte desgaste político para o comando da Câmara.
A fragilidade de Motta é sentida até mesmo entre seus aliados mais próximos, de acordo com a Folha. Além disso, o episódio expôs a ruptura entre Câmara e Senado e levantou dúvidas sobre a capacidade de articulação do deputado paraibano, inclusive em torno de outro projeto sensível: o do projeto de lei (PL) da dosimetria, que trata da anistia ou da redução de penas para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Quatro líderes partidários ouvidos pelo jornal afirmaram que a relação com Motta ficou abalada. Eles relataram que a autoridade do presidente da Câmara passou a ser questionada dentro das próprias bancadas, criando um clima de desconfiança generalizada.
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Críticas e cobranças
Também nesta quarta-feira, o líder do PP, deputado Doutor Luizinho (RJ) — um dos aliados mais próximos de Motta — abriu uma reunião com o relator do projeto da redução de penas, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), em tom crítico. Ele acusou o Senado e seu presidente, Davi Alcolumbre (União-AP), de “comportamento errático” e cobrou que a Câmara garanta a efetividade de suas decisões.
“Houve quebra de acordo do Senado”, reclamou Luizinho. Ele defendeu que Paulinho alinhe antecipadamente o relatório da anistia ou da redução de penas com os senadores, para evitar novo desgaste.
Paulinho, por sua vez, reconheceu a crise e disse que buscará Motta e Alcolumbre para “refazer a relação” entre as duas Casas. “Tenho hoje uma desconfiança de que nós votamos aqui e o Senado segura. É preciso que Motta assuma esse papel, de conversar com o próprio Davi. Não dá para pacificar o país se a Câmara e o Senado estão em guerra”, afirmou.
Acordo desfeito
Nos bastidores, deputados relataram que Motta assegurou haver um acordo com Alcolumbre para que a PEC fosse levada diretamente ao plenário do Senado e aprovada rapidamente, de modo a não concentrar o desgaste na Câmara. No entanto, após a aprovação da proposta pelos deputados, o parlamentar amapaense encaminhou o texto à CCJ, já sob forte pressão de senadores e da opinião pública.
Até então, Motta e Alcolumbre mantinham uma relação próxima desde o início do ano, quando assumiram os comandos das duas Casas. O episódio, contudo, desgastou o vínculo entre eles — relatos dão conta de que o senador sequer atendeu às ligações do deputado nesta semana.
Aliados do presidente do Senado, no entanto, negam a existência de um acordo formal e dizem que, mesmo que houvesse, a dimensão das manifestações populares e a pressão da sociedade civil inviabilizaram a sustentação política da PEC.
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