JUSTIÇA
Moraes usou TSE contra bolsonaristas que xingaram ministros em NY
Magistrados participaram de uma conferência organizada pelo grupo Lide na cidade
Por Da Redação
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, usou o órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apurar informações e produzir relatórios contra os manifestantes que xingaram os magistrados da Corte durante um evento privado em Nova York (EUA).
Mensagens reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo mostram que os assessores de Moraes sabiam do risco da informalidade solicitada por Moraes e demonstraram preocupação ao tomar conhecimento sobre o caso.
"Formalmente, se alguém for questionar, vai ficar uma coisa muito descarada, digamos assim. Como um juiz instrutor do Supremo manda [um pedido] pra alguém lotado no TSE e esse alguém, sem mais nem menos, obedece e manda um relatório, entendeu? Ficaria chato”, disse um dos servidores do magistrado, por meio do WhatsApp.
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Os recados ainda apontam que o uso da estrutura de combate à desinformação contra os manifestantes bolsonaristas em Nova York começou antes de Moraes chegar aos EUA. Os ministros embarcaram para a cidade no dias 14 e 15 de novembro para participarem de uma conferência promovida pela família do ex-governador de SP, João Doria.
Isso porque Moraes já tinha conhecimento sobre as manifestações que seriam realizadas no local com a chegada dos magistrados. Antecipando o movimento, o ministro recorreu ao juiz Marco Antônio Vargas, então no gabinete da presidência do TSE —tribunal à época presidido por Moraes.
Ao receber o chamado, Vargas solicitou que o então chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE, Eduardo Tagliaferro, o monitoramento e produção de relatório.
"De acordo com o material levantado e recebido, é possível verificar que se trata de uma manifestação programada para acontecer no dia 15/11/2022 na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos, onde manifestantes se reunirão em protestos ao Ministros do Supremo Tribunal Federal, os quais estão em viagem a essa cidade", afirma o relatório produzido no dia 11 de novembro, dias antes do embarque do magistrado.
Os trabalhos produzidos pelo gabinete de combate à desinformação contra os bolsonaristas, contudo, vão de encontro do que se trata a Corte Eleitoral, que visa fiscalizar os pleitos nacional e municipal. A matéria, por sua vez, se restringe à Suprema Corte.
Em resposta, o gabinete de Moraes nega qualquer tipo de irregularidade e afirma que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República", em nota enviada ao jornal Folha de S.Paulo.
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