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Neto reitera apoio a Baleia Rossi e Bolsonaro reforça que seu candidato é Lira

Publicado terça-feira, 29 de dezembro de 2020 às 11:17 h | Atualizado em 29/12/2020, 21:48 | Autor: Raul Aguilar e Fernando Valverde
Presidente do DEM acompanhará candidato Rodrigo Pacheco (de branco) em viagens de campanha por presidência do Senado
Presidente do DEM acompanhará candidato Rodrigo Pacheco (de branco) em viagens de campanha por presidência do Senado -

O presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, reafirmou nesta terça-feira, 29, durante entrega do mercado municipal de São Cristóvão, o apoio do partido à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) para a sucessão do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados.

“Essa candidatura tem todo o apoio da direção partidária e do Democratas. Foi uma construção coordenada pelo presidente Rodrigo Maia, envolvendo 11 partidos políticos. Eu acompanhei algumas especulações recentemente na imprensa que poderiam indicar posições duvidosas e não há dúvida; que fique muito claro que o nosso candidato será o Baleia Rossi e acredito que com esses 11 partidos é um candidato competitivo e com perfeitas condições de se tornar presidente da Câmara, mantendo esse trabalho tão importante que Rodrigo vem fazendo", afirmou Neto.

De acordo com Neto, diferentemente do que vem sendo dito, a candidatura do emedebista não será posta no campo de oposição ao governo federal mesmo após a sinalização da adesão de partidos como PT, PDT, PSB e PCdoB ao bloco.

“Não é uma candidatura de oposição. O Democratas não é um partido de oposição. É um partido independente, uma candidatura que vai ao encontro do que o Brasil precisa, que é um poder legislativo independente e que trabalhe com harmonia"

Na última segunda-feira, 29, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em resposta a um apoiador que o questionou na porta do Palácio da Alvorada, voltou a reforçar que o seu candidato na disputa na Câmara é mesmo o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL).

“Teremos eleição (na Câmara e no Senado) agora. Uma das chapas ali (na Câmara) é o Rodrigo Maia e PT, PCdoB e PSol. E tem uma outra chapa. Eu estou nessa outra. Não vou nem discutir. Quem está de um lado: PT, PCdoB e Rodrigo Maia. Eu estou do outro lado”, destacou Bolsonaro.

Busca pela unidade

Para o coordenador da bancada baiana no Congresso, o deputado federal Marcelo Nilo (PSB), o embate está sendo travado entre o “candidato de Bolsonaro”, que é Arthur Lira (PP-AL), e o candidato que “votava com Bolsonaro” e que agora “está assumindo um compromisso com parlamentares de oposição”.

Nilo sinaliza que é possível que nesta quarta, 30, haja um anúncio do bloco de oposição de quem apoiará no pleito, e reafirma o compromisso de votar no candidato que terá apoio do PSB. Entretanto, ele faz questão de ressaltar que não votará no candidato de Bolsonaro, dando a entender que deve mesmo dar um voto de confiança para Baleia Rossi (MDB-SP).

O desafio para o bloco de oposição é manter o processo de coesão interna, fator determinante para o processo de consolidação do bloco como o fiel da oposição na eleição para o comando da Câmara. O problema é que com um candidato do MDB e não mais do DEM, os problemas com membros do partido de esquerda tendem a crescer. Em 2016, o MDB foi o principal articulador do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Esse é uma questão que, segundo o deputado federal Jorge Solla (PT), o bloco de oposição vai resolver, já que o objetivo em comum e que fala mais alto, segundo ele, é de impedir que Lira, que define como o nome “ fechado com o centrão e Bozo”.

Solla lembra que o candidato do MDB deverá promover, caso eleito, uma reconfiguração dos cargos na casa a partir da composição de forças, aumentando o poder do bloco de oposição. Uma das críticas feitas ao atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é de que ele exercia uma centralização e controle do que entraria em pauta, privilegiando temas do seu interesse.

Para o deputado federal Alex Santana (PDT), é falsa a narrativa que estão tentando criar de que Baleia Rossi seria um presidente menos governista do que Arthur Lira (PP-AL). Ele cita o estado da Bahia como exemplo de que é possível ter independência entre poderes, mesmo com o governo atuando para sempre eleger um membro de um partido de sua base de apoio para presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA)

“Os poderes são independentes, harmônicos, e a própria Câmara tem sua dinâmica, o colégio de líderes e os deputados têm suas nuances, necessidades. Não acho que o Lira tenha por obrigação ficar subserviente ao governo federal”, diz ele.

O parlamentar do PDT ainda não decidiu quem apoiará, disse que está no momento de ouvir, ver muito e falar pouco. Ele crítica estratégia do MDB de não se mostrar como governista. E lembrou que o “MDB toda vida foi governo” e que “nunca soube ser oposição”, e em tom de ironia pontua que “não é agora que vai ser”.

Ele sinaliza que o pleito não será fácil e acredita que o bloco de oposição, diferentes dos outros anos, terá dificuldade em entregar os votos que promete.

“Eu acho que a aliança formada por Maia e os partidos de oposição não irá entregar os votos prometidos. É uma aliança que tem 268 votos, mas não conseguirá entregar os 268. O próprio PT tem rixa histórica, um sentimento contra o MDB por causa do impeachment da Dilma. Tem o PSB, que já vem rachado desde o começo, e é um partido que Lira criou uma relação muito próxima com algumas lideranças. E o próprio DEM, que Elmar e outros deputados não endossam o nome indicado por Rodrigo. Temos várias vertentes aí”, destacou Santana.

O presidente do PDT Bahia, o deputado federal Félix Mendonça, é outro que acredita que o pleito da Casa está longe de ter um “favorito” e de já “estar decidido”. Além da contradição na esquerda, ele pontua que o próprio Baleia Rossi terá que costurar uma unidade no seu partido, já que a escolha de Rossi poderá deixar insatisfeito o deputado federal Fábio Ramalho (MDB-MG) - um dos cotados para o cargo e que poderá se voltar contra o nome de seu partido, provocando um racha interno no MDB, o que provocaria uma perda de votos.

“Temos dois candidatos: um do MDB e outro do PP. Entretanto, dentro do MDB ainda tem o Fábio Ramalho, que eu acho que o Baleia ainda não conseguiu harmonizar o clima dentro do partido. Se ele não harmoniza dentro do próprio partido, como outros vão o apoiar? E tem a questão da oposição, que aí vai depender do que consideramos como oposição. Existem muitos partidos que esquecem de fechar com seus deputados um apoio total, aí fica um apoio só da cúpula, que leva ao candidato o apoio mas não leva os votos. Como a eleição é secreta, o voto fica muito mais individual”, sinaliza Mendonça.

Senado

No caso do Senado Federal, Neto se juntará ao presidente da Casa e correligionário, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), para alavancar a candidatura do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG). De acordo com presidente da legenda, que deixa a prefeitura de Salvador no dia 1º de janeiro, o candidato fará viagens pelo Brasil para conquistar importantes apoios e as lideraças do partido, o próprio Neto e Alcolumbre, o acompanharão.

"Tenho conversado esses dias com o presidente Davi Alcolumbre e com o senador Rodrigo Pacheco e ambos estão animados com as movimentações. A expectativa é que se possa anunciar apoios importantes nos próximos dias com a oficialização do apoio de partidos políticos com grande representação no Senado Federal e isso será muito importante para a candidatura. Davi irá acompanhar Rodrigo em algumas visitas pelo Brasil e eu também irei. A partir do dia 1º eu estou desonerado da função de prefeito, então vai me sobrar algum tempo para ajudar e participar de algumas dessas visitas. Levaremos nossa proposta", pontuou.

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