ABRIU O JOGO
Vovô do Ilê critica falta de negros na política e rebate 'apartheid'
Presidente e fundador do bloco afro Ilê Aiyê critica ausência de negros em secretarias e ministérios no país
Por Thiago Conceição
O Vovô do Ilê, presidente e fundador do bloco afro Ilê Aiyê, disse que a falta de negros na política baiana, assim como no cenário nacional, é um problema estrutural que precisa ser enfrentado de forma efetiva. Ele ainda falou sobre fake news de que teria recebido um convite para assumir cargo na área da Cultura, em entrevista no programa Isso é Bahia, da Rádio A TARDE FM (103.9), nesta terça-feira, 28.
No decorrer da visita do presidente Lula ao Curuzu, no final do último ano, Vovô do Ilê conta que chegou a ter uma conversa com o líder petista, na qual pontuou a defesa por mais pessoas negras em cargos de tomada de decisão. O líder do Ilê ainda destacou que a luta passa pelas esferas municipais, em especial ao olhar para cidades como Salvador, estaduais e federais.
“Todo mundo reconhece que a cidade [Salvador] é racista, mas se perguntar ninguém é racista. No entanto, na hora de escolher secretários e ministros municipais, estaduais, federais, você só vê chapa branca. E tem pessoas que continuam falando que sou racista. Certa vez, conversando com um paulista, ele questionou o motivo de ter sido convidado para ser secretário de Cultura e não ter ido: 'mas você que tanto fala de negro poder'. Mas eu não fui [convidado para cargo político]. E fui procurado no sentido de indicar algumas mulheres para a Cultura”, disse Vovô do Ilê.
O presidente do bloco afro reconheceu que indicações como a da cantora Margareth Menezes para a Cultura e Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, são passos importantes. Mas os partidos da direita e da esquerda política no Brasil ainda estão nas mãos de pessoas brancas.
“Não se trata de isolar o cidadão branco, pensando em um novo apartheid. Mas tem que haver uma participação maior da população negra na política. E o debate não pode aparecer apenas de quatro em quatro, quando sou procurado [por políticos brancos] para fotos, conversas. Depois que passa [o período eleitoral], você não consegue falar com o deputado. No momento, tanto na Prefeitura como no Governo [estadual e federal], estamos conseguindo um diálogo maior nesse sentido”, acrescentou Vovô do Ilê.
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