DESCASO
Falta de médicos e atrasos de salários comprometem Saúde de Jacobina
Objetivo da fiscalização do Cremeb-BA foi verificar possíveis irregularidades denunciadas
Por Rodrigo Tardio
Déficit de profissionais, incluindo médicos, falta de equipamentos e materiais, além de salários em atraso. Essas foram algumas mazelas encontradas em unidades de Saúde do município de Jacobina, centro-norte da Bahia, após fiscalização realizada durante esta semana, pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb).
As visitas foram realizadas no Hospital Municipal Antônio Teixeira Sobrinho, Hospital Regional Vicentina Goulart e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) local. Dois médicos fiscais compuseram a equipe que visitou as três principais unidades de saúde pública do município. O objetivo foi verificar possíveis irregularidades denunciadas ao Conselho, tanto pela categoria médica quanto pela sociedade, que alegam "desassistência" por parte da gestão municipal do prefeito Tiago Dias (PCdoB).
No Hospital Antônio Teixeira Sobrinho, de competência do município, a equipe constatou subutilização da unidade, pela falta de profissionais, inclusive médicos, além da falta de equipamentos e materiais. Dos 100 leitos existentes no município apenas 48 funcionam, já que com as chuvas do ano passado, 52 foram interditados e estão sem condições de uso, porém somente 7 estavam sendo utilizados, o que representa apenas 15% dos leitos ocupados, com quatro pacientes que aguardavam médico anestesiologista, sendo três gestantes esperando cesariana e um paciente esperando cirurgia para apendicite.
Médicos plantonistas que estavam no Hospital Municipal nos dias de visitas, disseram para os fiscais que a falta de profissionais se deve a "atrasos de salários". De acordo com o Conselho, a ultrassonografia, por exemplo, está fechada há dois meses por falta de pagamento ao profissional. Medicamento como dipirona estão em falta na unidade, que sequer tinha registro no Cremeb, o que já foi solicitado.
No Hospital Regional Vicentina Goulart, que esta semana teve aprovado o projeto de concessão pela Câmara Municipal local, foi constatada a subutilização do espaço físico, além de alguns setores paralisados por obras. Na unidade, os fiscais receberam a informação de não haver atraso de salário, o que foi contestado por parte de profissionais que atuam na unidade. Outra queixa ao Cremeb, foi sobre a escala de médicos para plantão que de forma recorrente aparece convocado para atuar em duas unidades diferentes no mesmo dia e horário.
Uma enfermeira que estava no plantão na UTI da unidade não soube informar aos fiscais o nome do médico que estaria na escala. Questionada sobre como proceder caso houvesse alguma intercorrência, a exemplo de uma parada cardiorrespiratória, que necessita da intervenção de um médico, a enfermeira não soube informar.
O que mais chamou a atenção dos fiscais, já em outra visita, foi o déficit de profissionais médicos para compor as escalas na UPA do município.
De acordo com o presidente do Cremeb-BA, Otávio Marambaia, os médicos fiscais que participaram da ação ainda vão emitir relatório com detalhes do que foi evidenciado nas visitas. O Conselho vai cobrar ainda dos responsáveis a resolução dos problemas.
“Não vamos sossegar enquanto os responsáveis não forem punidos e a assistência à saúde pública de Jacobina funcione de forma efetiva. O que os médicos e a população estão passando é desumano. Vamos tomar todas as medidas para garantir o funcionamento dos serviços de saúde de qualidade e condições dignas do trabalho médico do município, finalizou Marambaia.
A reportagem procurou a Secretaria de Saúde, bem como a Prefeitura do município e não obtivemos resposta.
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