Tiros vindos de aviões são disparados em camponeses de Belmonte

A Fazenda Monte Cristo, situada às margens do Rio Jequitinhonha, no município de Belmonte (Costa do Descobrimento), viveu momentos de pânico na noite de quinta-feira, 7 e madrugada de sexta-feira, 8. Moradores que ocupam parte do terreno procuraram o deputado estadual Jacó (PT) para denunciar que aviões sobrevoaram a região, e mais de 100 tiros foram disparados na direção de homens, alguns idosos, crianças e mulheres grávidas.

De acordo com uma das lideranças do Movimento Resistência Camponesa (MRC), a ocupação da fazenda foi feita de forma “pacífica”, tanto que o proprietário acenou para a negociação e o diálogo. O problema, diz, seriam os vizinhos, os fazendeiros Aldo e Bruno Ronconi (pai e filho).

“São 120 famílias que vivem no acampamento e ninguém vai sair. Na primeira vez, foram seis tiros dentro da propriedade. Como a gente não se intimidou e permaneceu, eles voltaram. Devem ser grileiros e querem pegar a terra para eles. Muita gente correu e se machucou. O INCRA já esteve na área duas vezes e cada um aqui está apenas pleiteando seu pedaço de terra para sobreviver”.

Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia Territorial de Eunápolis e, segundo os envolvidos, houve ameaças de morte por parte de quem disparou os tiros. À tarde, a Polícia Militar fez rondas no local e produziu fotos. O Movimento de Resistência Camponesa Brasileira está na área dando suporte aos moradores. A denúncia também foi oficializada na Casa Militar e Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA).

No final de fevereiro, o deputado estadual Jacó, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia, foi levar o seu apoio aos assentados do Loteamento Nova Itagimirim, no município de Itagimirim, ameaçados de despejo devido a um mandado de reintegração de posse. Ele se reuniu com a comunidade, vereadores e líderes de associações.

"Esses conflitos, que também ocorrem no Extremo Sul da Bahia, mostram exatamente a ambição dos fazendeiros pelas terras. Eles invadem, tomam as terras dos outros e acham que isso é o normal. Mas quando são os agricultores familiares que ocupam, se organizam para construir suas vidas, são eles os criminosos e terroristas. É uma disputa desigual, mas que se faz necessária neste momento, um momento de resistência. Portanto estamos do lado dos movimentos que estão fazendo esse enfrentamento pela luta pela posse da terra, uma luta legítima e necessária", afirma o deputado.