Festival celebra infâncias negras com contação de histórias em Salvador

Como parte da programação do Circuito Mulheres Negras em Movimento, que celebra o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha e também o Dia Municipal da Mulher Negra, oFestival Julho das Pretinhas ocupou, nesta sexta-feira, 25, o Teatro Gregório de Mattos, em Salvador, com uma programação voltada ao público infantojuvenil.

Em sua 6ª edição, o evento se consolida como o único festival exclusivamente dedicado às infâncias negras na cidade. Idealizado pelo Instituto Calu Brincante, o festival oferece, entre outras atividades, sessões de contação de histórias para crianças da rede municipal de ensino de Salvador.

Para Cássia Valle, atriz, escritora e idealizadora do projeto, o Julho das Pretinhas caminha lado a lado com o Dia da Mulher Negra. “Desde quando a gente nasceu, esse dia sempre foi um dia de ocupação. Afinal, o Dia das Pretas é todos os dias, mas é importante a gente ter esse recorte em julho, pra nós. Por isso escolhemos esse dia. Tem a ver com pertencimento, com identidade”, afirmou em entrevista ao portal A TARDE.

Cássia destacou ainda a potência do momento vivido no palco do Gregório de Mattos. “Temos uma programação intensiva. Vai ser muito bom ver as crianças das escolas sendo protagonistas. Algumas, pela primeira vez, pisando num palco de um teatro profissional. Hoje é um dia de celebração. Sei que, para muitas crianças, é um sentir muito feliz: vão ser homenageadas, celebradas, assim como os professores e as escolas também.”

A importância da iniciativa foi ressaltada por Manuela Sena, gerente de Equipamentos Culturais da Fundação Gregório de Mattos. “O Julho das Pretinhas, que integra o projeto Mulheres Negras em Movimento e fortalece a missão do Salvador Capital Afro, é uma celebração potente da infância negra. Promove representatividade, afeto e valorização da identidade desde cedo. Ter essa programação diversa, que inclui cinema, literatura e teatro para as crianças, no Teatro Gregório de Mattos, reforça o compromisso do espaço com uma cultura plural, inclusiva e acessível.”

Para Manuela, iniciativas como essa reafirmam o papel dos equipamentos culturais: “É fundamental que os espaços culturais estejam atentos à infância, propondo atividades artísticas que dialoguem com esse público de forma cuidadosa e respeitosa. Pensar uma programação voltada também para crianças é reconhecer que a formação de novos públicos começa na base e que o direito à arte e à cultura deve ser garantido desde os primeiros anos de vida.”

Julho das Pretinhas

A abertura do festival aconteceu na quarta-feira, 23, com a inauguração da exposição Pretinhas Brincantes, contação de histórias e visita guiada no Museu Afro-Brasileiro. A programação segue até domingo com atividades que envolvem escrita criativa, musicalização, dança, espetáculos teatrais, lançamentos de livros e três instalações permanentes no Teatro Gregório de Mattos. O encerramento será marcado por um mini recital em homenagem a Maria Felipa.

A curadoria conta com nomes de destaque nas artes negras baianas, como os atores Lázaro Ramos e Valdinéia Soriano, a diretora Cássia Valle, a produtora e atriz Lucila Laura, além das jovens atrizes Ayana Dantas e Pietra Gomes.