A TARDE BAIRROS
Legado para as novas gerações
Confira o especial A TARDE bairros desta sexta-feira
Por Redação
Em 2020, veio finalmente a consagração do grupo com a escolha das Ganhadeiras como tema da Viradouro, que deu à escola de samba o título de campeã do Carnaval do Rio após um jejum de 23 anos. “A Viradouro foi uma coisa fantástica”, lembra Salviano. “Os caras vieram aqui. Nos encontramos no Abaeté. Eles desceram para a comunidade e fizeram uma pesquisa com grupo. Aí, eles falaram assim: aqui tem material para cinco enredos de escola de samba. Mas vamos fazer um”.
20 enredos
De acordo com Salviano, eles fizeram 20 enredos e mandaram para as Ganhadeiras escolherem a preferida delas. “Nós nos reunimos na Casa da Música. Ligamos o som e colocamos os 20 sambas para elas escolherem. E fomos anotando no papelzinho. Aí elas escolheram um enredo e mandamos para eles. Mas os caras disseram: ‘Esse samba não passa porque a rima é pobre’”.
Resultado: o samba preferido das Ganhadeiras foi passando pelas competições internas da Viradouro até ser escolhido pelos integrantes da escola como o enredo do Carnaval de 2020. “O samba chegou ao Carnaval e, como todos já sabem, se sagrou vencedor”, continua Salviano. Na volta do Rio, onde participaram do Desfile das Campeãs, as Ganhadeiras não tiveram muito como comemorar. Exatamente no dia em que chegaram foi decretado o lockdown por causa da pandemia da Covid-19. “A pandemia deu uma segurada. Mas eu achei que foi importante, porque as coisas que são verdadeiras vão acontecendo na maneira que devem acontecer”, reflete Amadeu Alves.
As perspectivas para o futuro são as melhores. Isso porque o grupo firmou uma parceria com o governo do Estado para a construção de uma nova sede, que deverá ficar no Abaeté. “Já foi assinada a ordem de serviço para o início das obras. A gente esteve agora com o governador e ele nos disse que a licitação já está sendo feita. Tem uma questão ainda do terreno, que é da prefeitura, mas estou confiante que tudo vai dar certo ", comemora Amadeu.
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Mulheres mais novas como Verônica Mucuna e Noeli Santana, a Pretinha de Itapuã, têm agora a missão de levar esse legado para frente. Pretinha conta que entrou no grupo em março deste ano, mas sempre acompanhou as Ganhadeiras, até porque sua mãe era uma delas. “Para mim é uma felicidade imensa poder participar do grupo. Minha era uma Ganhadeira, sempre lavou na Lagoa do Abaeté. As Ganhadeiras são um símbolo muito grande da raiz de Itapuã. Onde a gente chega, sente que as pessoas olham com orgulho”, conta ela.
Para Verônica, o trabalho não é fácil, mas sempre é recompensador. “Como todos os grupos de cultura popular, principalmente daqui de Salvador, a gente sabe que a labuta é grande para chegar a uma posição de visibilidade. Mas temos essas mulheres que vieram antes, essa contenção poderosa que nós temos, das yabás, dos orixás, de todas as espiritualidades presentes no grupo, da diversidade. E principalmente de a gente ser quem nós somos em essência” diz Verônica.
Se depender também das mais antigas do grupo, as Ganhadeiras terão vida longa. Integrante do grupo desde a fundação, Maria Teresa Lika, 63 anos, conta que é filha de pescador e lavadeira. “Eu, muito pequena, já ia para o Abaeté com minha mãe. Não gostava não, mas eu ia, viu”, conta ela. Agora, ela pretende passar o legado de Ganhadeira para frente. “Tenho minha netinha de 4 anos, que também é Ganhadeira. Quando falo que tem apresentação, ela sempre quer ir”, diz.
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