PROBLEMAS ESTRUTURAIS
Mercado do Ogunjá é interditado por risco de desabamento
Permissionário receberam ordem imediata para saírem do local, conhecido também como 'Ceasinha do Ogunjá'
Por Leilane Teixeira

O Mercado do Ogunjá será interditado a partir desta sexta-feira, 30, por conta de problemas estruturais que podem provocar o desabamento do prédio, segundo despacho técnico em que o Portal A TARDE teve acesso
De acordo com o relatório, elaborado após inspeção nas instalações, foram identificados sérios danos estruturais que colocam em risco a segurança de usuários e trabalhadores. Entre os principais pontos destacados estão:
- Deterioração de pilares metálicos, com corrosão avançada que compromete a integridade da estrutura;
- Recalque desigual na fundação, gerando deformações e risco de instabilidade geral;
- Risco de colapso da cobertura, feita com estrutura treliçada que exige integridade total dos componentes;
- Fissuras nas bases dos pilares, elevação do piso e presença de lençol freático superficial, agravando a condição do solo;
- Relatos de alagamentos frequentes em dias de chuva, indicando falhas no sistema de drenagem.
Um laudo técnico detalhado está em elaboração e deve ser finalizado até o dia 10 de junho. Até lá, a recomendação é de suspensão total das atividades no local, com acesso restrito a profissionais autorizados.
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Permissionários surpreendidos
Apesar da gravidade do cenário, permissionários do mercado, também conhecido como 'Ceasa do Ogunjá' alegam que não houve aviso prévio e cobram alternativas para manter suas atividades. Segundo os comerciantes, a decisão foi comunicada verbalmente por representantes do governo, sem entrega de notificação formal.
“Hoje à tarde, representantes vieram aqui e pediram uma reunião com os permissionários do mercado. Reuniram todo mundo e informaram que, no prazo de 24 horas, o mercado seria fechado. Quando perguntamos o motivo, disseram que existem problemas estruturais. Todo mundo tem mercadoria, inclusive minha mãe, que tem um restaurante aqui [no mercado]. E não foi apresentado nenhum documento. Perguntei se houve algum aviso oficial, edital, prazo… nada", disse Ana Carolina, filha da permissionária Marlene Pereira dos Santos, dona do restaurante Cantinho da Marlene, que funciona há mais de 10 anos no mercado.
Ainda segundo Ana Carolina, os permissionários foram informados de que haverá uma reunião com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) na próxima quinta-feira, dia 5 de junho, mas até agora sem confirmação oficial de horário ou local.
"Simplesmente marcaram uma reunião para a próxima quinta-feira, pegaram o número dos permissionários e disseram que entrariam em contato. Mas a gente não tem nenhum canal de comunicação com eles. Chegaram sem documento, apenas com um despacho."
O documento técnico também recomenda que o processo de requalificação do mercado seja encaminhado à Conder, com o objetivo de viabilizar a contratação integrada das obras, incluindo a instalação de um galpão provisório para garantir a continuidade das atividades comerciais durante as intervenções.
Posicionamento da SDE
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) informou, por meio de nota, que a interdição total do Mercado do Ogunjá, realizada nesta quinta-feira, 29, visa garantir a segurança dos permissionários e do público frequentador do espaço.
"A medida foi adotada após a SDE receber, na noite da quarta-feira, 28, uma recomendação da Superintendência de Patrimônio (SUPAT), vinculada à Secretaria da Administração (SAEB), apontando problemas estruturais graves que comprometem a estabilidade do prédio e representam risco iminente de colapso", diz a nota.
Segundo a pasta, equipes da SDE e da Fundação Luís Eduardo Magalhães (FLEM) estão em contato com os permissionários para acolher e gerenciar as demandas emergenciais. Uma reunião com representantes da categoria foi agendada para o dia 5 de junho, às 14h, com o objetivo de discutir possíveis soluções provisórias.
Histórico do Mercado do Ogunjá
Inaugurado na década de 1970, o Mercado do Ogunjá é um dos centros de abastecimento mais tradicionais de Salvador. O espaço abriga dezenas de permissionários que comercializam hortifrutigranjeiros, carnes, pescados, temperos, cereais, além de restaurantes populares frequentados por trabalhadores e moradores da região.
Desde agosto de 2024, a Fundação Luís Eduardo Magalhães (FLEM) é responsável pela administração dos mercados da Ceasa. O contrato firmado com a SDE tem validade de 12 meses e prevê gestão física, operacional e financeira dos equipamentos, além da coordenação das atividades comerciais e de serviços.
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