SALVADOR
Nove em cada 10 jovens assassinados em Salvador são negros
Estudo sobre homicídios de crianças, adolescentes e jovens foi lançado nesta sexta, 20
Por Victoria Isabel
Nove em casa 10 jovens assassinados na capital baiana são negros, de acordo com dados do estudo “Análise de Dados: Homicídios de Crianças, Adolescentes e Jovens em Salvador”, apresentado nesta sexta-feira, 20, no auditório da Defensoria Pública do Estado da Bahia (DP-BA), em Salvador. O estudo é iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em parceria com o Instituto Aliança e com o apoio do DP-BA.
Dados presentes no estudo apontam que, em Salvador, 42,3% das vítimas de homicídios em 2023 eram jovens de até 24 anos. Desses, 62,53% eram pardos e 27,62%, pretos. Dos homicídios, 20%, ou seja, 220 casos, foram decorrentes de intervenções policiais.
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Para a chefe do escritório do UNICEF em Salvador, Helena Oliveira, os casos recentes de crianças vítimas de bala perdida em Salvador são extremamente preocupantes.
“Casos de violência contra crianças e adolescentes, assassinatos por armas de fogo, é um contexto de extrema preocupação para o UNICEF, sobretudo por entender que se trata de um fenômeno em que são mortes evitáveis, preveníveis e precoces. Nós não podemos normalizar uma situação ou ver como coincidências o fato de crianças nessa idade serem mortas não por uma doença ou por alguma questão congênita, mas por uma causa externa, nesse caso, de arma de fogo", declarou.
“Nós precisamos, de forma urgente, nos concentrarmos em definir políticas e estratégias para que esse tipo de violência não se perpetue, não se normalize. Não é aceitável que uma sociedade permita que as suas crianças, na sua pequena idade ou na sua juventude, morram por assassinatos, morram por homicídios, por causas externas”, completou.
Bahia
No recorte da Bahia, em 2023, o estado registrou 5.595 homicídios, dos quais 19,7% ocorreram em Salvador, totalizando 1.103 casos em todas as faixas etárias.
Entre as vítimas, 2.182 tinham até 24 anos, representando 39% dos casos registrados no estado.
Ao analisar os dados de violência letal por faixa etária, constata-se que, em 2023, a Bahia contabilizou 18 homicídios de crianças (até 11 anos), 335 de adolescentes (12 a 17 anos) e 1.829 de jovens (18 a 24 anos). Estes últimos foram os mais atingidos pela violência letal.
Normalização
“É isso que me assusta em 2024: a normalização da violência ao redor das escolas, contra nossos adolescentes e jovens, e o extermínio da população. Por isso estamos reunindo dados e informações para, no próximo ano, avançarmos nesse combate. É um problema que exige a união de todos”, declarou Gisele Aguiar, representante da Defensoria Pública durante o evento.
É um problema que exige a união de todos
O evento também marcou o lançamento de uma agenda de mobilização comunitária para enfrentar essa realidade. A iniciativa prevê reuniões estratégicas para a definição de ações concretas que impactem diretamente os territórios urbanos mais vulneráveis.
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