ACESSIBILIDADE
PCDs tem até está quinta para mudar colégio eleitoral; veja como
Projeto da Abadef e TRE tem objetivo de promover maior acessibilidade para pessoas com deficiência física
Por Felipe Sena
O voto eleitoral é um momento importante em que o cidadão exerce seu papel de escolha através do voto num candidato, a partir de necessidades sociais e pessoais. Para isso, é necessário acessibilidade para todos, principalmente para quem tem a mobilidade comprometida por causa de deficiências físicas.
Por isso, a Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef) junto com o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), está realizando a Transferência Temporária de Eleitor (TTE) para que as pessoas com deficiência (PCDs) possam realizar a portabilidade de colégio eleitoral para outro que tenha acessibilidade.
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O serviço é oferecido nesta quarta-feira, 7, e na quinta, 8 de agosto, das 8h30 às 17h, na Abadef, localizada no Passeio Público, centro de Salvador. Para a requisição, é necessário apenas um documento oficial com foto, sob a condição de ter inscrição eleitoral e com registro prévio da deficiência no cadastro eleitoral. A transferência temporária somente é permitida dentro do mesmo município em que é inscrito o eleitor.
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A assistente administrativa Monica Oliveira, de 30 anos, que veio do interior da Bahia e mora em Salvador há mais de 7 meses, tem dificuldade motora nas pernas. Ela compareceu na sede da Abadef para realizar a transferência de colégio eleitoral, um momento importante para pessoas que lidam com a falta de mobilidade e precariedade nos locais de votação.
Monica se tornou uma pessoa com deficiência ainda na infância, segundo ela, por causa de um erro médico somado a uma queda que teve e não falou para sua mãe. Com as medicações receitadas pelo médico, seus ossos foram enfraquecendo e aos poucos, perdendo a mobilidade. “O local onde acontece a votação tem muitos buracos na rua, para nós que temos deficiência. Acredito que poderia colocar em um lugar mais acessível”, diz em entrevista ao Portal A TARDE.
O assistente administrativo da Abadef, Marcos Zacarias, de 60 anos, também com deficiência, afirma que a falta de mobilidade é um ponto que necessita de melhora para as pessoas PCDs. “Às vezes a ausência de uma rampa impede a pessoa PCD de cumprir a cidadania. Isso é um problema para o país porque são pessoas que estão aptas para votar e não votam, além da pessoa PCD se sentir excluída, não pertencente, é só cidadão para cumprir as obrigações, mas na hora de usufruir de seus direitos, a história é outra. O caminho com buracos, com poste, é precária essa situação, a mobilidade, a acessibilidade”, explica.
Segundo Monica, um dos problemas que também enfrenta é não ser reconhecida como uma pessoa deficiente quando chega em determinados lugares, porque não é “visível”, quando está de calça ou vestido longo, explica.
Marcos sofre com o mesmo problema. Quando trabalhava como gerente de administração em uma empresa, sofreu uma fratura após o motorista do caminhão que dirigia bater a porta com força, causando um acidente em sua mão direita. Depois de duas cirurgias e fisioterapia, voltou a ter maior mobilidade na mão e aprendeu a usar a mão esquerda para realizar algumas atividades. Após conhecer a Abadef, se tornou associado e em seguida foi convidado para trabalhar na entidade, que está há mais de um ano.
Uma família
Associada da Abadef há mais de 20 anos, Monica diz que o órgão é muito importante para pessoas PCDs. “A Abadef é um ponto de apoio muito importante, nos ajuda em tudo, dá um suporte muito grande. No nosso dia a dia, a gente tem nossas dúvidas, dificuldades. Eles estão sempre dispostos a nos ajudar. É como se fosse um membro do nosso corpo, a gente precisa. É família”.
Em entrevista ao Portal A TARDE, Silvanete Brandão, presidente da Abadef, que usa perna mecânica, a ação é importante para a cidadania dos PCDs. “É uma ação de cidadania porque faz com que as pessoas com deficiência não sejam esquecidas do ato eleitoral que é tão importante para a construção de uma sociedade mais justa e digna, e concretizada no momento da votação junto com todas as outras pessoas. A pessoa com deficiência não pode ficar à margem, ainda mais num momento tão importante”.
De acordo com a coordenadora da Abadef, Ana Cristina Silva, a iniciativa foi iniciada no ano passado em solicitação da presidente da entidade ao TRE, por causa de solicitações de associados, que hoje somam 5 mil pessoas. No entanto, a adesão ainda está baixa. Por isso, a presidente da Abadef está administrando a questão para que mais pessoas votem, através da solicitação de cadastro também aos fins de semanas nos próximos anos. Pois, de acordo com Ana Cristina, “todos têm seu direito de votar”.
Serviços
O quê: atendimento itinerante do TRE-BA na ABADEF
Quando: 7 e 8 de agosto, das 8h30 às 17 horas
Onde: Associação Baiana de Deficientes Físicos (Av. Sete de Setembro, 281, Centro, no Passeio Público)
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