RELAÇÕES INTERNACIONAI
Salvador sedia encontro com líderes de países africanos e das Américas
Capital sedia encontro com foco em conexões entre a África e as diásporas nas Américas
Por Priscila Dórea
Fortalecer as conexões entre a África e suas diásporas nas Américas: esse é um dos principais objetivos da 6ª Conferência da Diáspora Africana nas Américas, que acontece em Salvador entre os dias 29 e 31 de agosto. Organizada pela União Africana e o Governo do Togo, em parceria com o governo federal e Governo da Bahia, o evento irá contar com a presença de líderes de países africanos e das Américas, além de diplomatas e representantes de organizações internacionais e regionais.
“Acredito que as discussões vão girar bastante em torno da adaptação que houve dessas comunidades que já estão muito ligadas aos países, neste caso ao Brasil, e também sobre como nós podemos manter este vínculo cultural com as nossas diásporas. Será uma conferência que trará à tona uma série de assuntos que estão muito em voga e que preocupam não só as diásporas, mas também os povos de quem elas têm afinidades”, pondera o adido cultural da Embaixada e diretor da Casa de Angola na Bahia, Luandino de Carvalho.
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O evento – que acontece no Centro de Convenções e na Reitoria da Ufba– será uma das etapas preparatórias para o 9º Congresso Pan-Africano, que acontece em Togo de 29 de outubro a 2 de novembro – é limitado a convidados da União Africana e das Américas da sociedade civil (dias 29 e 30) e governamental (dia 31). A escolha pelo Brasil como sede pelo Alto Comitê Ministerial da União Africana possui razões bem evidentes: há duas décadas criando e promovendo políticas voltadas para a promoção da igualdade racial, o Brasil é o país que possui a maior população negra fora da África– e a Bahia o estado com mais negros.
“Sediar essa Conferência também é uma forma de reconhecimento. Do Brasil como maior país da diáspora, da Bahia como estado que mais preservou essa herança cultural, social, arquitetônica, e de saberes e fazeres do povo africano. Por isso, a nossa expectativa é muito positiva, pois é uma agenda de discussão de alto nível”, afirma a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Ângela Guimarães, que ressalta ainda o longo histórico de envolvimento na luta antirracista, e ritualidades negras do Brasil e da Bahia.
“Além, claro, das matriarcas do candomblé, como Mãe Stella e Mãe Menininha, e outras referências que representam essa luta e busca de nossas origens no continente africano tão bem. Hoje, o nosso conhecimento do continente africano é um pouco mais aprofundado, mas ainda não temos a dimensão do tamanho dessa troca, mas as possibilidades são inúmeras”, explica Ângela Guimarães.
Desafios
Há muitos descompassos entre nações africanas e comunidades afrodescendentes nas Américas, no Caribe e na Europa, afirma a antropóloga e pesquisadora Goli Guerreiro. Por isso, a importância desse encontro está na possível elaboração de estratégias para que todos trabalhem lado a lado. “Somos pelo menos 200 milhões de afrodescendentes vivendo na diáspora e para nos mantermos unidos e traçar estratégias comuns de equilíbrio e altivez, é preciso nos conhecer melhor e, sobretudo, conhecer a África”, afirma a antropóloga, que é a autora do livro 'Terceira Diáspora'.
Professor, cofundador da Vale do Dendê, e presidente do conselho do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) e da Oxfam Brasil, Hélio Santos aponta que “esse tipo de encontro costuma muitas vezes não ter proposta objetiva”, mas ele tem expectativas de que a Conferência não apenas dê o protagonismo que o Brasil merece, mas também que sejam formulados encaminhamentos para pensar nessa diáspora de forma mais organizada. “Mais organizada para fazer o quê? Para produzir cidadania de mão dupla. Cidadania tanto aqui na diáspora negra e no mundo, como em toda África”, sugere.
O grande potencial da Conferência está em ser esse lugar de diferentes diálogos que possam representar as diversas vozes da sociedade, aponta o consultor e em diversidade e inovação, e cofundador da aceleradora Vale do Dendê, Paulo Rogério Nunes. “Não apenas dos governos, que são os principais entes envolvidos na organização, mas que possa refletir os anseios das sociedades, dos grupos sociais que buscam essa integração maior entre o Brasil e o continente africano”.
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