SALVADOR
Simpósio discute tráficos de animais e doenças emergentes
Medicina Veterinária Legal é tema do II Simpósio de Medicina Veterinária Legal da Bahia
Por Da Redação
A Medicina Veterinária Legal, área em ascensão no Brasil, é tema central do II Simpósio de Medicina Veterinária Legal da Bahia. Realizado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV/BA), o encontro de dois dias e meio reúne especialistas de diversas áreas, abordando temas como a utilização de isótopos forenses para rastreamento de animais, os riscos do tráfico de silvestres para a saúde humana, a adulteração de alimentos, bioterrorismo e os riscos dos acumuladores de animais.
"O objetivo desse simpósio é mostrar aos profissionais das outras áreas da medicina veterinária e aos estudantes que não temos que atuar apenas na clínica de pequenos. O médico veterinário pode lidar como perito em crimes contra animais ou inspeção em alimentos de origem”, afirmou a organizadora do simpósio, Lívia Peralva, presidente da Comissão Estadual de Medicina Veterinária Legal do CRMV/BA.
Um dos debates que buscam sensibilizar o poder público é a necessidade de peritos médicos veterinários, principalmente na perícia oficial. Após sancionada a Lei Sansão, que endurece a responsabilização para quem maltratar cães e gatos, a violência contra animais deixou de ser um crime de baixo poder ofensivo e passou a ser um crime com possibilidade de prisão em flagrante, necessitando de médicos veterinários para fazer a perícia.
Destaque no evento, a palestra do perito criminal federal Fábio José Viana Costa aborda o uso de isótopos forenses. Essa tecnologia, segundo ele, oferece uma forma precisa de rastrear a origem geográfica de animais apreendidos em operações contra o tráfico de fauna. “Com os isótopos, conseguimos diferenciar animais criados em cativeiro dos que viveram em liberdade, o que traz informações cruciais para as investigações. Além disso, essa técnica permite detectar fraudes em alimentos, como a adulteração de carne ou mel com substâncias indevidas", explicou Fábio, ressaltando que a inovação não se limita aos animais, mas pode ser aplicada também na investigação de medicamentos adulterados.
Doenças zoonóticas
O perito criminal federal Cristiano Mores abordou os impactos do tráfico de animais silvestres no surgimento de novas doenças zoonóticas, como o HIV, a COVID-19 e a Monkeypox, mencionando que 75% das doenças emergentes nos últimos 30 anos têm origem animal. "O contato entre humanos e animais capturados ilegalmente abre portas para patógenos até então desconhecidos ou pouco estudados. A atuação dos médicos-veterinários é crucial nesse contexto, pois eles estão na linha de frente tanto na preservação da saúde animal quanto na contenção de epidemias", destacou.
O papel do médico-veterinário em perícias ambientais também foi abordado, enfatizando que esse profissional não atua apenas na esfera criminal. "Veterinários são procurados para processos na área cível e até extrajudicial. Eles são fundamentais para traduzir questões técnicas para o direito, ajudando a justiça a compreender a complexidade dos casos envolvendo animais", explica Cristiano.
*Sob a supervisão do jornalista Luiz Lasserre
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