SAÚDE
Bahia registra quase mil mortes por câncer de mama até julho deste ano
Até julho deste ano, os casos de internação chegaram a 2.705 ocorrências (2.679 de mulheres e 26 de homens
Por Isabela Cardoso
A campanha Outubro Rosa se dedica a conscientizar a população sobre o câncer de mama, ressaltando a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. Do início do ano até julho, a Bahia registrou 919 mortes pela doença, sendo 907 mulheres e 12 homens, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Até julho deste ano, os casos de internação chegaram a 2.705 ocorrências (2.679 de mulheres e 26 de homens). Em 2023, foram registradas 4.071 de hospitalizações (4.005 de mulheres e 66 de homens), com 1.223 óbitos (1.209 de mulheres e 14 de homens).
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Em entrevista ao Portal A TARDE, a médica radiologista e gestora do serviço de imagem do Sabin Diagnóstico e Saúde, Carolina Neves, explicou que o câncer de mama se desenvolve quando células mamárias normais sofrem mutações genéticas e começam a se multiplicar de forma descontrolada.
“O câncer de mama pode afetar diferentes estruturas da mama, como os ductos, lóbulos ou tecido conjuntivo. À medida que cresce, pode causar alterações na aparência e sensação da mama, além de potencialmente comprometer sua função”, descreve.
Os sintomas mais comuns do câncer de mama incluem:
- Nódulo ou espessamento na mama ou na área da axila;
- Alterações no tamanho, forma ou aparência da mama;
- Alterações na pele da mama, como depressões ou rugosidades;
- Inversão recente do mamilo;
- Descamação, descamação ou vermelhidão na área do mamilo ou da mama;
- Secreção mamilar, especialmente se for sanguinolenta;
- Dor persistente em uma área da mama
A radiologista destaca que o câncer de mama, em estágios iniciais, geralmente não apresenta sintomas, reforçando a importância dos exames de rastreamento.
Diagnóstico
Para auxiliar na investigação, a mamografia é o principal exame usado para o rastreio do câncer de mama. Dados da pesquisa “Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil”, feito pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), para o triênio 2023/2025, estimam que o número de câncer de mama diagnosticado, a cada 100 mil habitantes, deve chegar a 4,2 mil na Bahia, anualmente.
“O diagnóstico precoce de câncer de mama é crucial, porque aumenta significativamente as chances de tratamento bem-sucedido e sobrevivência. Quando é detectado em estágios iniciais, as opções de tratamento são mais eficazes e menos invasivas, e a taxa de cura é mais alta. Além disso, ele pode ajudar a evitar a disseminação do câncer para outras partes do corpo (metástase)”, destaca a médica.-
A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) pontua que o conhecimento prematuro da doença aumenta as chances de cura em até 95%.
“A mamografia é crucial na detecção precoce do câncer de mama, porque pode identificar nódulos de até 2 mm, muitas vezes antes que sejam palpáveis; pode reduzir a mortalidade com a detecção precoce; e permite tratamentos menos agressivos com os tumores detectados precocemente”, aponta Carolina.
Outra ferramenta importante na avaliação do câncer de mama é a ultrassonografia. “Esse exame não invasivo, que não usa radiação, utiliza ondas sonoras para criar imagens das estruturas internas do corpo, incluindo as mamas. Ela é frequentemente usada para investigar achados suspeitos na mamografia ou em exames físicos, como a palpação, ajudando a diferenciar entre cistos (que são geralmente benignos) e massas sólidas (que podem ser cancerígenas). É particularmente útil em mulheres mais jovens ou com mamas densas, onde o exame de rastreio por imagem pode ser menos eficaz”, explica a médica.
Além disso, a radiologista detalhou os principais exames preventivos para o câncer de mama são:
1. Autoexame das mamas: Embora não substitua exames clínicos, é importante que as mulheres conheçam suas mamas e estejam atentas a mudanças.
2. Exame clínico das mamas: Realizado por um profissional de saúde, geralmente durante consultas ginecológicas de rotina.
3. Mamografia: O principal método de rastreamento, capaz de detectar tumores em estágios iniciais.
4. Ultrassonografia mamária: Complementa a mamografia, especialmente em mamas densas ou jovens.
5. Ressonância magnética das mamas: Recomendada para mulheres com alto risco de câncer de mama.
6. Exames genéticos: Para mulheres com histórico familiar significativo, podem ser realizados testes para detectar mutações nos genes BRCA1 e BRCA2.
Fatores de risco
Idade avançada, histórico familiar de câncer de mama, mutações genéticas (como os genes BRCA1 e BRCA2), menarca precoce (quando ocorre a primeira menstruação antes dos 12 anos) e menopausa tardia (após os 55 anos) são alguns dos fatores de risco para o câncer de mama, assim como os relacionados ao estilo de vida, a exemplo da obesidade e consumo de álcool.
As recomendações para início dos exames podem variar, mas geralmente acontece anualmente a partir dos 40-50 anos, dependendo das diretrizes seguidas. Para mulheres de alto risco: pode ser recomendado iniciar aos 30 anos ou 10 anos antes da idade em que um parente de primeiro grau foi diagnosticado.
O histórico familiar influencia significativamente em mulheres com parentes de primeiro grau (mãe, irmã, filha) que tiveram câncer de mama têm risco aumentado; casos de câncer de mama em idade jovem na família ou câncer de ovário; e a presença de mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2 na família indica necessidade de acompanhamento mais rigoroso.
Para mulheres com histórico familiar significativo, pode-se recomendar:
- Início mais precoce da mamografia
- Exames mais frequentes
- Adição de outros métodos de rastreamento, como ressonância magnética
- Aconselhamento genético e possíveis testes genéticos
Tratamento
De acordo com a médica radiologista, as opções de tratamento variam conforme o estágio e tipo do câncer e podem incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal e terapias alvo. Carolina também acrescenta que a prevenção é imprescindível: “Além do rastreamento regular, manter um estilo de vida saudável, com dieta balanceada e exercícios físicos, pode ajudar a reduzir o risco”.
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