SAÚDE
Coren-Ba desmistifica cannabis medicinal em curso para enfermeiros
Apesar de ter usos já conhecidos na medicina, é comum que o uso medicinal da cannabis, seja vista com certo preconceito
Apesar de ter usos já conhecidos na medicina, é comum que o uso medicinal da cannabis, popularmente conhecida como maconha, seja vista com certo preconceito até mesmo dentro da área de saúde. E pensando em combater esse preconceito, o Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA) realizou um curso inédito sobre “Tratamento com Cannabis Medicinal” para profissionais de enfermagem.
“Esse curso além de desmistificar e apresentar a cannabis medicinal para todos os profissionais da área, porque muita gente não conhece”, explica a coordenadora do Projeto Coren Qualifica Digital, Lílian Tereza Barata Lima. Ela conta que com o tema sendo tão debatido, era importante trazer o tema e “ fazer com que as pessoas abram a mente e entendam que o cannabis vai muito além das folhas da maconha”, continua a coordenadora.
A especialista em Cannabis Medicinal, Lívia de Oliveira Prado Sousa, ministrou o curso e de acordo com ela, o foco foi no papel da enfermagem no acompanhamento de pacientes que fazem uso de cannabis medicinal. Para abordar o tema principal, ela deu uma visão geral sobre o sistema endocanabinoide, as características da planta, indicações terapêuticas, efeitos colaterais e tipos de produtos disponíveis.
“Trouxe um tema central que é o papel da enfermagem no acompanhamento de pacientes em uso de cannabis medicinal, mas antes disso fiz um apanhado geral sobre o tema para esclarecer dúvidas” explica Lívia.
Para ela é importante realizar o curso para esclarecer que é de um tratamento natural, com menores efeitos colaterais do que os tratamentos convencionais. “Então, é uma nova oportunidade, uma nova saída para alguns problemas de saúde. Dores crônicas, fibromialgia”, conta ela. Um dos usos que a especialista destacou foi no alívio de dores crônicas.
“Pacientes que já estão em situação de desespero mesmo, de muitas vezes depressão por conta de dores crônicas e que começam a utilizar o óleo de canábis e se vêm melhores, conseguindo realizar atividades de rotina que não conseguiam realizar mais e isso traz uma qualidade de vida incrível para o paciente”.
A estudante de enfermagem de Minas Gerais, Esther Martins, que participou do curso, já tinha o interesse na especialização com uso de cannabis, contou que ficou animada ao conhecer enfermeiros capacitados nessa área.
“O que mais gostei foi do enfoque pra área de enfermagem. Já tinha algum conhecimento sobre o tema”, contou ela. A mineira contou, na posição de estudante, que sentia falta da discussão sobre o tema dentro da enfermagem. Para ela, o uso para tratar glaucoma foi o mais surpreendente. “Pensar que pode diminuir a pressão do olho é realmente fantástico”, detalhou.
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No entanto, como dito antes, o curso é para desmitificar o uso da cannabis medicinal, mostrar que tem diversos usos, mas não habilita o profissional a utilizar a prática com os pacientes. “Esse curso não habilita o profissional a trabalhar com cannabis. Isso requer um estudo maior, um curso mais avançado, algo mais especializado”, relatam, que informou que a ideia é estimular a especialização na área e busca pelo tema.
E o objetivo atingiu Esther, que quer aproveitar que o debate ainda é recente para se especializar na área quando se formar. “Tinha visto que a tendência é aumentar a quantidade de pessoas usando a cannabis medicinal no Brasil. Acredito que haverá até escassez de profissionais habilitados sobretudo de enfermagem já que é uma discussão recente na profissão e no país”, contou a estudante.
Expandir o tema
De acordo com Lilian, a coordenadora, as ações do conselho não devem parar neste curso. Ela contou que existe um planejamento para realização de um projeto para levar o tema ao Congresso Brasileiro de Enfermagem que será realizado na capital baiana, em setembro do próximo ano, “queremos trazer um estande para capacitar os profissionais, trazendo mais informações para aqueles que se interessem por esta área. Além disso, a gente está querendo fazer um curso desse só que presencial, já no início do ano que vem”, explicou Lilian.
*Sob a supervisão da editora Isabel Villela
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