ACESSIBILIDADE
Desigualdade ainda é maior barreira para acesso à IA na saúde pública
Levantamento aponta que 72 milhões de brasileiros não estão cobertas pelos programas do SUS
Por Carla Melo*
A Inteligência Artificial (IA) já faz parte da rotina de grande parte das pessoas. Está presente desde a resposta a uma pergunta complexa no campo de pesquisa do celular ao diagnóstico precoce de câncer em seres humanos. Apesar dos anseios pela ampliação dessa ferramenta tecnológica, ainda é cedo para vislumbrar um recurso mais próximo àquelas pessoas em estado de vulnerabilidade.
Segundo levantamento do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) relacionado à situação do programa da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no país, no Brasil, 72,69 milhões de pessoas não estão cobertas pelo programa de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS). Com o avanço da IA, esse cenário pode ser mais preocupante.
“A desigualdade vem intensificando os riscos. A promessa da tecnologia, e que a gente vê com muita esperança, é que ela seja barateada. É que a gente consiga levar para esse tipo de população recurso que talvez eles nunca teriam acesso, e para isso, a gente acredita que deva ser realizado um tecnologia por escala e que ela leve serviço de qualidade para quem precisa.
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Para o médico oncologista Bruno Pozzi, a acessibilidade às tecnologias que utilizam a IA para o melhoramento dos serviços em saúde pública, ainda é cenário de longo prazo, e a explicação está associada ao custo e à efetividade da aplicação.
“Todo mundo hoje consegue fazer um rastreio genético? Não. Nós estamos no Brasil, que é desigual. Nós estamos vivendo aqui, falando aqui de uma evolução tecnológica importante, mas é tudo evolução. Aquilo que era muito caro há 20 anos atrás, hoje é barato e a medida que essa tecnologia vai avançar, vai ficar mais barato, vai ficar custo-efectivo, mais importante. Eu imagino que pessoas de visão vão perceber que às vezes a gente fazer o uso disso vai ser mais barato do que não fazer, no longo prazo, e acho que é o caminho”, afirma o especialista.
A MV, uma das empresas referência em soluções digitais em saúde, também representa algumas empresas públicas quanto à aplicação de melhores práticas. Entre elas, está o Hospital Geral de Grajaú, que até o final do ano será o primeiro hospital público a ser 100%, ou seja, sem papel (paperless). A expectativa também é de que, até 2026, a unidade disponibilizará para todos os seus pacientes um aplicativo e portal exclusivos, que poderão ser acessados por meio de senha individual.
O objetivo é de que a digitalização dos prontuários seja uma solução diante da interoperabilidade dos sistemas de informações dos hospitais e outras unidades de saúde do SUS. Outro benefício da ação é a economia de espaço e a extinção de custos associados ao papel (cerca de R$30 mil por mês).
A discussão faz parte de um dos paineis apresentados durante a 10ª edição do MV Experience Forum (MEF) 2024, em São Paulo. Além disso, foram discutidas melhores práticas para o uso da tecnologia na saúde. Até o dia 5, atores da saúde como profissionais de saúde, gestores e especialistas em tecnologia e inovação, vão se inserir em conteúdos referentes à transformação da saúde, Inteligência Artificial, cibersegurança e o uso da tecnologia para apoio da área assistencial.
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