TABU
Parte do corpo só existe para dar prazer, mas muitos (homens) desconhecem
Apenas 41% dos homens entre 18 e 24 anos sabem onde ele fica
Por Jair Mendonça Jr

Sabia que a mulher tem um órgão cuja única função é dar prazer? Ele não tem relação com reprodução, não participa de ciclos hormonais e não depende do outro para funcionar. Mas, mesmo assim, ainda é pouco conhecido, pouco discutido e tratado como tabu.
O órgão em questão é o clitóris, localizado na parte superior da vulva, na junção dos pequenos lábios.
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O clitóris tem uma estrutura muito maior do que aparenta. O que se vê é apenas a ponta de um órgão que se estende internamente por cerca de 9 centímetros, com ramificações que envolvem a vagina. A anatomia completa só foi mapeada em 1998, pela médica australiana Helen O’Connell.
Apesar de ser a principal via para o orgasmo feminino, o clitóris segue ausente de muitas conversas, relações e até da educação formal. Um estudo da The Urology Foundation revelou que apenas 41% dos homens entre 18 e 24 anos sabem onde ele fica. O número sobe para 70% entre homens de 55 a 64 anos, mas ainda é insuficiente para um órgão tão central na experiência sexual das mulheres.
Por séculos, livros de medicina ignoraram o clitóris. O prazer feminino foi tratado como algo secundário, supérfluo ou até desnecessário. Isso refletiu em gerações de mulheres que cresceram sem conhecer o próprio corpo e em relações sexuais pautadas quase exclusivamente na penetração.
O problema é que, para a maioria das mulheres, a penetração sozinha não leva ao orgasmo. Segundo dados do Projeto Preservativo, do Ministério da Saúde, sete em cada dez brasileiras não chegam ao clímax apenas com sexo vaginal. A estimulação direta ou indireta do clitóris é essencial.
Falar sobre isso é necessário. Não apenas por uma questão de prazer, mas de autonomia e saúde. Conhecer o próprio corpo é um direito. E reconhecer a importância do clitóris é parte fundamental de uma sexualidade mais justa, consciente e livre de mitos.
Enquanto o prazer da mulher seguir tratado como tabu, a educação sexual continuará incompleta. E isso afeta não só as mulheres, mas toda a sociedade.
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