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SAÚDE

Março Lilás: câncer que mais mata mulheres até 36 anos no Brasil pode ser prevenido

99% dos casos de câncer de colo de útero são causados pelo HPV

Por Victoria Isabel *

05/03/2025 - 10:15 h | Atualizada em 06/03/2025 - 10:22
O tema foi discutido no evento de lançamento da campanha de prevenção
O tema foi discutido no evento de lançamento da campanha de prevenção -

Imagine se o câncer pudesse ser evitado com apenas uma vacina? Essa é a realidade da prevenção do câncer de colo de útero, doença que mais mata mulheres até 36 anos no Brasil, uma vez que, a doença está relacionada ao vírus do HPV. Contudo, a baixa adesão faz com que os números cresçam no país. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), aproximadamente 19 mulheres morrem diariamente no Brasil em decorrência da doença. Além disso, a previsão é de que para 2025, sejam esperados 17 mil novos casos.

O Março Lilás é uma campanha de conscientização sobre a prevenção da doença. O tema foi discutido no evento de lançamento da campanha, que aconteceu em São Paulo, na quarta-feira, 26. O Médico ginecologista Fabiano Serra, presente no evento, destacou que há 200 tipos de HPV no mundo, mas que somente 14 deles podem causar cânceres. Além disso, ele afirmou que a cada 20 pessoas, 1 tem esse tipo de câncer, portanto, com a adesão da vacina pela população, cerca de 5% dos cânceres poderiam ser evitados, porém, ainda há muito preconceito com o vírus.

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“Primeiramente, existe um mito de que os preservativos protegem contra as transmissões do HPV, mas isso não é verdade. Às vezes o HPV pode estar localizado na pele e qualquer contato pele-pele, mucosa-mucosa, pode transmitir também o HPV. Então, por isso é muito importante que todas as pessoas que têm uma vida sexual ativa e mesmo que não tenha, que possam ter um dia, se vacinem, porque essa é uma das melhores formas de prevenção que a gente tem hoje para evitar o vírus que causa 5% dos cânceres de todo mundo”.

Médico ginecologista Fabiano Serra
Médico ginecologista Fabiano Serra | Foto: Junior Rosa

Segundo ele, ainda existem muitos preconceitos acerca da doença e isso impacta diretamente na falta de prevenção. “Existem alguns fatores que fazem com que a população não se vacine. A primeira delas é o fenômeno de hesitação vacinal. São aquelas pessoas que, por algum motivo, têm medo de se vacinar, não gostam de vacina, não acreditam nas vacinas, e existe a questão da desinformação. Se eu tenho uma população, por exemplo, que fala que a doença é sexualmente transmissível, e eu tenho, por exemplo, uma filha, e encaro essa prevenção como se a minha filha vai ser promíscua, as pessoas não aceitam muito a possibilidade de que essa pessoa tenha uma vida sexual”.

A médica oncologista Andréa Gadelha explicou que o HPV não causa apenas câncer de colo de útero e não afeta exclusivamente mulheres, como muitos pensam. "É fundamental lembrar que o HPV está relacionado a outros tipos de câncer, como os de vagina, vulva, orofaringe, além de afetar meninos, podendo causar câncer de pênis e ânus. Atualmente, a vacina está aprovada para meninos e meninas, com faixa etária de 9 a 45 anos".

Médica oncologista Andréa Gadelha
Médica oncologista Andréa Gadelha | Foto: Junior Rosa

A atriz Mariana Xavier, convidada do evento, teve uma vivência pessoal com a doença, acompanhando de perto o diagnóstico de câncer de colo de útero de sua mãe em 2016. Ela ressaltou a importância de falar abertamente sobre o tema e enfatizou a relevância de estar ao lado das pessoas em momentos tão delicados, oferecendo apoio e cuidado.

“A campanha Março Lilás em especial me pega porque realmente a minha mãe enfrentou um câncer de colo de útero. Quando ela recebeu esse diagnóstico, foi um grande susto, porque ela sempre fez todos os exames regularmente, o que mostra que somente o Papanicolau, não é tido como uma medida de rastreamento tão confiável assim, ele precisa ser acompanhado de outras medidas”, revelou.

Atriz Mariana Xavier
Atriz Mariana Xavier | Foto: Victoria Isabel/Ag. A Tarde

“A gente tinha uma posição social privilegiada, tinha um plano de saúde que cobriu todo esse tratamento, não precisou esperar o atendimento público, pôde iniciar esse tratamento rápido, pôde fazer todas as etapas. Eu morava com a minha mãe e eu também tive toda a possibilidade de ser rede de apoio para ela, acompanhar todo esse tratamento, dar todo o amparo financeiro, físico, emocional, que muita gente não tem. Ainda assim, é uma coisa que adoece todo mundo, não só o paciente, mas todo mundo que tá ao redor”, completou.

A apresentadora Fernanda Lima, embaixadora da campanha, contou que inicialmente ficou receosa ao ser convidada para ser o rosto da iniciativa, devido ao seu conhecimento limitado sobre o assunto. No entanto, ao perceber a oportunidade de usar sua visibilidade para alcançar e alertar um público maior, ela entendeu a importância de aceitar e se engajar na causa.

Apresentadora Fernanda Lima
Apresentadora Fernanda Lima | Foto: Junior Rosa

“Eu sempre faço campanhas que eu considero fundamental como informação para a sociedade. Minha agenda é super louca, mas eu fiz questão de priorizar essa causa porque primeiro que eu adoro falar desses assuntos, acho que são assuntos que a gente precisa, principalmente nós mulheres que ficamos sempre em segundo plano nessas questões da medicina e da saúde. Eu acho que agora a gente está tendo espaço para poder falar, a gente está tendo espaço para tirar nossas dúvidas. Então, quanto mais a gente puder usar essa ferramenta da comunicação para nos ajudar como mulheres e como sociedade, eu acho que é positivo”.

“Eu realmente acredito que a prevenção não deve ser adiada, muito menos ser um tabu para evitar ser falado. Se eu conseguir despertar essa reflexão em pelo menos uma mulher, de que prevenir é um ato de amor-próprio, uma proteção na história de vida dela, eu me sentirei realizada. A informação, mesmo sensível, tem que ser acessível, leve, mantendo o impacto. E é assim que eu quero me conectar com o público por meio dessa campanha”, afirma a apresentadora.

* A repórter viajou para São Paulo a convite da Merck Sharp & Dohme (MSD), através da Tino Comunicação.

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Tags:

Câncer de colo de útero doença hpv Março Lilás prevenção Vacinação

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