SAÚDE
Março Lilás: câncer que mais mata mulheres até 36 anos no Brasil pode ser prevenido
99% dos casos de câncer de colo de útero são causados pelo HPV
Por Victoria Isabel *

Imagine se o câncer pudesse ser evitado com apenas uma vacina? Essa é a realidade da prevenção do câncer de colo de útero, doença que mais mata mulheres até 36 anos no Brasil, uma vez que, a doença está relacionada ao vírus do HPV. Contudo, a baixa adesão faz com que os números cresçam no país. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), aproximadamente 19 mulheres morrem diariamente no Brasil em decorrência da doença. Além disso, a previsão é de que para 2025, sejam esperados 17 mil novos casos.
O Março Lilás é uma campanha de conscientização sobre a prevenção da doença. O tema foi discutido no evento de lançamento da campanha, que aconteceu em São Paulo, na quarta-feira, 26. O Médico ginecologista Fabiano Serra, presente no evento, destacou que há 200 tipos de HPV no mundo, mas que somente 14 deles podem causar cânceres. Além disso, ele afirmou que a cada 20 pessoas, 1 tem esse tipo de câncer, portanto, com a adesão da vacina pela população, cerca de 5% dos cânceres poderiam ser evitados, porém, ainda há muito preconceito com o vírus.
Leia Também:
“Primeiramente, existe um mito de que os preservativos protegem contra as transmissões do HPV, mas isso não é verdade. Às vezes o HPV pode estar localizado na pele e qualquer contato pele-pele, mucosa-mucosa, pode transmitir também o HPV. Então, por isso é muito importante que todas as pessoas que têm uma vida sexual ativa e mesmo que não tenha, que possam ter um dia, se vacinem, porque essa é uma das melhores formas de prevenção que a gente tem hoje para evitar o vírus que causa 5% dos cânceres de todo mundo”.

Segundo ele, ainda existem muitos preconceitos acerca da doença e isso impacta diretamente na falta de prevenção. “Existem alguns fatores que fazem com que a população não se vacine. A primeira delas é o fenômeno de hesitação vacinal. São aquelas pessoas que, por algum motivo, têm medo de se vacinar, não gostam de vacina, não acreditam nas vacinas, e existe a questão da desinformação. Se eu tenho uma população, por exemplo, que fala que a doença é sexualmente transmissível, e eu tenho, por exemplo, uma filha, e encaro essa prevenção como se a minha filha vai ser promíscua, as pessoas não aceitam muito a possibilidade de que essa pessoa tenha uma vida sexual”.
A médica oncologista Andréa Gadelha explicou que o HPV não causa apenas câncer de colo de útero e não afeta exclusivamente mulheres, como muitos pensam. "É fundamental lembrar que o HPV está relacionado a outros tipos de câncer, como os de vagina, vulva, orofaringe, além de afetar meninos, podendo causar câncer de pênis e ânus. Atualmente, a vacina está aprovada para meninos e meninas, com faixa etária de 9 a 45 anos".

A atriz Mariana Xavier, convidada do evento, teve uma vivência pessoal com a doença, acompanhando de perto o diagnóstico de câncer de colo de útero de sua mãe em 2016. Ela ressaltou a importância de falar abertamente sobre o tema e enfatizou a relevância de estar ao lado das pessoas em momentos tão delicados, oferecendo apoio e cuidado.
“A campanha Março Lilás em especial me pega porque realmente a minha mãe enfrentou um câncer de colo de útero. Quando ela recebeu esse diagnóstico, foi um grande susto, porque ela sempre fez todos os exames regularmente, o que mostra que somente o Papanicolau, não é tido como uma medida de rastreamento tão confiável assim, ele precisa ser acompanhado de outras medidas”, revelou.

“A gente tinha uma posição social privilegiada, tinha um plano de saúde que cobriu todo esse tratamento, não precisou esperar o atendimento público, pôde iniciar esse tratamento rápido, pôde fazer todas as etapas. Eu morava com a minha mãe e eu também tive toda a possibilidade de ser rede de apoio para ela, acompanhar todo esse tratamento, dar todo o amparo financeiro, físico, emocional, que muita gente não tem. Ainda assim, é uma coisa que adoece todo mundo, não só o paciente, mas todo mundo que tá ao redor”, completou.
A apresentadora Fernanda Lima, embaixadora da campanha, contou que inicialmente ficou receosa ao ser convidada para ser o rosto da iniciativa, devido ao seu conhecimento limitado sobre o assunto. No entanto, ao perceber a oportunidade de usar sua visibilidade para alcançar e alertar um público maior, ela entendeu a importância de aceitar e se engajar na causa.

“Eu sempre faço campanhas que eu considero fundamental como informação para a sociedade. Minha agenda é super louca, mas eu fiz questão de priorizar essa causa porque primeiro que eu adoro falar desses assuntos, acho que são assuntos que a gente precisa, principalmente nós mulheres que ficamos sempre em segundo plano nessas questões da medicina e da saúde. Eu acho que agora a gente está tendo espaço para poder falar, a gente está tendo espaço para tirar nossas dúvidas. Então, quanto mais a gente puder usar essa ferramenta da comunicação para nos ajudar como mulheres e como sociedade, eu acho que é positivo”.
“Eu realmente acredito que a prevenção não deve ser adiada, muito menos ser um tabu para evitar ser falado. Se eu conseguir despertar essa reflexão em pelo menos uma mulher, de que prevenir é um ato de amor-próprio, uma proteção na história de vida dela, eu me sentirei realizada. A informação, mesmo sensível, tem que ser acessível, leve, mantendo o impacto. E é assim que eu quero me conectar com o público por meio dessa campanha”, afirma a apresentadora.
* A repórter viajou para São Paulo a convite da Merck Sharp & Dohme (MSD), através da Tino Comunicação.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes