PREVENÇÃO
Variante do HIV gera alerta na área médica
Natureza mutável do vírus torna variante previsível, mas o monitoramento e a prevenção são essenciais
Por Priscila Dórea
Respondendo ao tratamento convencional já conhecido, mas ainda sem um diagnóstico quanto a sua progressão e transmissão, a CRF146_BC - como foi nomeada a recém descoberta variante do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) -, deixou a comunidade médica em alerta. A natureza mutável do vírus torna o surgimento dessa variante previsível, apontam especialistas, mas o seu monitoramento é essencial. O recado para a população? Prevenção, sempre.
“Não é possível estimar quantas pessoas estão infectadas pela CRF146_BC, pois teríamos que testar todos, mas o tratamento continua o mesmo, assim como as recomendações para as pessoas que suspeitam de infecção. E vale lembrar: após testar positivo, é preciso realizar outro teste para confirmar a infecção”, explica o coordenador do Laboratório de Infectologia do Hupes-UFBA/Ebserh, Carlos Brites, que colaborou com o estudo que descobriu a nova variante.
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Uma mutação no vírus, salienta a médica infectologista e diretora técnica administrativa do Instituto Couto Maia, Giovanna Orrico, não quer dizer que ele é mais resistente. “Sempre é uma preocupação, é claro, pois pode vir a impactar o tratamento, mas não é algo que podemos dizer agora sobre a CRF146_BC”, explica a infectologista, que alerta sobre a importância do diagnóstico precoce dos infectados e de seguir o tratamento, "que hoje pode dar ao paciente uma vida quase tão longeva quanto a de alguém não infectado", afirma.
Após positivada, a pessoa passa por uma bateria completa de exames e então o tratamento é iniciado - tudo pode ser feito pelo SUS. “O Brasil é referência mundial no tratamento contra o HIV e na gestão dessa medicação retroviral, principalmente por conseguirmos absorver de forma regular os tratamentos criados. Atualmente, o paciente toma de um a dois remédios por dia, antigamente poderia chegar a 12 pílulas por dia”, explica ela.
Cuidados e prevenção
Na rede municipal de saúde, cerca de 8,8 pessoas estão em tratamento. Na Bahia, o número de pessoas com HIV/Aids vem crescendo nos últimos anos, com 3.788 novos casos em 2022 e 4.258 casos em 2023 - até junho de 2024, 1.446 casos haviam sido notificados no estado. Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) aponta que o crescente no registro de novos casos é um fator que pode, justamente, “estar relacionado com a implantação de estratégias de diagnóstico rápido, expansão da oferta de testes rápidos e autotestes”.
Uma combinação de ações e iniciativas espalhadas tanto pelo estado quanto pelo município visam a prevenção. “São diversas ações que, juntas, ajudam a população a se prevenir, mas também a descobrir a infecção cedo e dar início ao tratamento, que é multidisciplinar. O paciente é acompanhado por médico, enfermeiro, psicólogo, farmacêutico, nutricionista e até assistente social. E isso é por toda a vida, pois o HIV é uma doença crônica a qual os avanços na medicina já conseguem não só dar uma sobrevida longa aos pacientes, mas também qualidade de vida”, explica a gerente da Atenção Especializada da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Helena Lima.
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