POLÊMICA
Tatau diz que não consegue encontrar axé music na nova geração
Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, o cantor refletiu sobre desafios e legado do gênero
Por Luana Leal
O cantor Tatau, ex-vocalista do grupo Araketu e um dos principais expoentes da axé music, compartilhou uma visão crítica sobre a nova geração do gênero e o impacto de sua desconexão com as raízes. Segundo ele, a essência das músicas parece estar se perdendo entre os novos artistas, enquanto os veteranos continuam carregando o legado.
Leia também:
>> Tatau abre o jogo sobre possível volta ao Araketu: "Dar espaço"
>> Tatau comanda bloco em homenagem a Margareth Menezes no Carnaval
>> Daniela Mercury defende novo axé: “Mesmo que não gostem, a gente faz"
"Talvez você não consiga encontrar o axé na nova geração. Talvez você consiga encontrar nos mais antigos, que continuam na ativa, trabalhando muito. Acho que a gente não foi tão sagaz nesse sentido da renovação", disse o cantor, em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE.
O cantor destacou que, antes, o axé era apresentado de forma a valorizar sua "magia" e não apenas o aspecto financeiro. Ele acredita que as novas gerações foram introduzidas ao mercado com um foco excessivo nas cifras, deixando de lado a compreensão da cultura e da história que sustentam o Carnaval, por exemplo. "O Carnaval vai além disso. Existe uma magia por trás disso. O artista novo que chega para comandar não pode simplesmente subir ao palco com a filosofia das cifras", pontuou.
O novo artista precisa entender quem plantou a semente, quem trouxe até aqui e quem está passando o bastão. Chegou um momento em que muita gente estava mais preocupada com grandes estruturas de camarotes e escritórios, sem se importar tanto com a produção que gerava aquilo tudo. A gente se perdeu um pouco nessa história
Tatau ainda ressaltou que o axé é uma música de entrega, transpiração e energia. Para ele, quando essas características não estão presentes no palco, é impossível reconhecer o axé. “Se você olhar para o palco e não ver entrega, não ver transpiração, aí vem a dúvida: é axé mesmo?”, questionou.
O cantor evitou culpar diretamente os novos artistas, atribuindo a responsabilidade aos empresários que os introduzem ao mercado sem apresentar o legado do axé. Ele lamentou que alguns tentem construir novas histórias sem considerar o acervo imenso que os precedem.
Talvez o abraço à história não tenha sido dado da forma correta. Não é culpa deles, mas de quem colocou o artista lá para representar uma marca que já tem história de 10, 15, 20 anos
Apesar das críticas, o cantor expressou confiança no futuro do gênero. "Quando o axé completou 15 anos, já se falava que estava acabando. Hoje já são 40 anos, e ainda há espaço para discussões sobre isso. Enquanto estivermos vivos, continuaremos contando essas histórias", finalizou.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes