ENTREVISTA
Última temporada de "Dom" chega ao Prime: "Intensa e visceral"
Cineinsite A TARDE conversou com elenco e diretores de aclamada série nacional
Por Bianca Carneiro*
Em meados dos anos 2000, um nome foi responsável por tomar as atenções da mídia brasileira: Pedro Machado Lomba Neto. Morador do Rio de Janeiro, ele, que era usuário de drogas, sobretudo cocaína, invadiu e roubou apartamentos de luxo em diversas regiões da capital carioca. Quase 16 anos depois, a história de Pedro Dom, como era conhecido, virou uma das séries de maior sucesso do Prime Video.
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Criada pelo falecido Breno Silveira (“Dois Filhos de Francisco”) e produzida pela Conspiração, a série é repleta de particularidades. O projeto teve início após o ex-policial Victor Lomba, pai de Dom na vida real, procurar o diretor para contar a versão dele do que circulava na mídia sobre o filho. Victor também buscou Tony Bellotto, que escrevia romances policiais, a fim de transformar o relato em livro. Por incentivo da esposa, a atriz Malu Mader, o Titã aceitou o desafio, mas com uma condição: poder acrescentar ficção à obra.
E assim nasceu “Dom”, que estreou em 2021, e chega, nesta sexta-feira, 24, à sua terceira e última temporada. Na série, Gabriel Leone é quem dá vida ao "bandido gato". Ao longo dos episódios, que brincam bastante com a viagem no tempo, é explorada profundamente a relação do jovem com o pai, o policial civil Luiz Victor Dantas (Flávio Tolezani, e, na juventude, Filipe Bragança), que dedicou a vida à luta contra o tráfico de drogas. De lados opostos, os dois enfrentam diversas problemáticas, tudo isso, regado a muita ação e adrenalina.
“É uma história muito no olhar do pai, tem muitas versões, muitas perspectivas e ela foi muito contada a partir de uma pessoa, então, acho que isso também já tem um recorte”, explica Flávio Tolezani.
Considerado um atores brasileiros mais promissores da nova geração, Gabriel Leone conta que a performance dramática em Dom, onde aparece em diversas cenas polêmicas - incluindo a simulação do uso de diversos tipos de drogas -, lhe abriu as portas para outros papéis, entre eles, o de Alfonso de Portago no longa internacional “Ferrari” (2023). A repercussão internacional foi forte, sobretudo na Índia, que ganhou até mesmo uma ação de marketing especializada na segunda temporada.
“É um personagem muito forte, muito intenso, com muita energia, variações e possibilidades [...] Acho que o Dom teve um alcance, até pela questão de experimentar a plataforma de streaming, de pegar um outro público que talvez não conhecesse tanto o meu trabalho de cinema, televisão e teatro. Não só fomos transformados pela história, pelo processo, mas acho que nossas carreiras também, por conta do alcance e da repercussão que teve”, afirma.
Envolvida em um dos arcos mais emocionantes da temporada final, Raquel Villar, a intérprete de Jasmin, namorada de Dom, diz que estudou bastante para evitar que a personagem caísse no clichê “mulher de bandido”.
“Eu fiz muito um estudo documental de séries da época e vi outros filmes também, como ‘Sonhos Roubados (2009)’, para realmente não cair no estereótipo da mulher de bandido. Acho que a Jasmin tem uma sagacidade de entender o momento dela entrar e dela sair. Ela faz escolhas dentro disso”.
Para sempre, Breno
Durante o evento de lançamento da terceira temporada no Rio de Janeiro, o elenco e a direção se emocionaram ao relembrar não só o início com Breno Silveira, como também do próprio Victor Lomba, isso porque o pai de Pedro teve um único contato com a equipe de roteiristas em 2009, mas descobriu um câncer e morreu em 2018, sem conseguir ver a história do filho contada em série.
Baiana com destaque no elenco, Laila Garin disse que o sentimento por terminar a série é de dever cumprido, afinal, Dom foi um dos últimos projetos de Breno.
“Foi uma personagem muito bonita, muito triste também, tem essa grande dor de não conseguir salvar um filho das drogas e a gente sabe que, infelizmente, não é uma história isolada. Tenho muito orgulho desse trabalho, e ele é muito mais especial ainda pela despedida do Breno, que foi um diretor que eu tinha uma relação muito forte. É uma sensação de dever cumprido”, diz ela que deu vida a Marisa, mãe de Dom.
Em meio a discussão sobre paternidade, Dom também impressionou pelas cenas de ação extremamente intensas e com uma execução impressionante. Os efeitos especiais chamam a atenção, permitindo, até mesmo, a recriação de uma Colômbia no Rio de Janeiro. Responsáveis por comandar a temporada final, os diretores Adrian Teijido e Vellas contam que tentaram honrar o legado de Breno, mas sem deixar de lado os próprios estilos.
“O conceito principal da série foi estabelecido por ele, foi natural que a gente desse continuidade a esse conceito, essa forma de trabalhar e entender as principais ideias que ele desenvolveu, de como filmar, do comportamento da câmera. Mas houve um momento em que eu e o Vellas também nos permitimos assumir um pouco as nossas tendências”, explicou Teijido.
“Tinha um pouco de pressão nossa também, porque a gente tinha não só que manter a fidelidade em relação ao conceito estético da série, mas a gente dividiu todos os episódios juntos, então a gente tinha que ter uma unidade”, completou Vellas.
Dom na Bahia?
Por pouco, o Pedro Dom da série quase esteve na Bahia. O plano, segundo Tony Bellotto, era do próprio Victor e a situação foi retratada na segunda temporada. No entanto, ele acabou preso no Espírito Santo enquanto estava a caminho do estado.
“Quando eu conversei com o Victor para escrever o livro, realmente, o pai queria muito isso, que ele abandonasse o crime, que ele fugisse e fosse se esconder em algum lugar, mas realmente, ele não se dispôs a isso, então, infelizmente, se ele tivesse ido para a Bahia, talvez estivesse vivo até hoje, seria ótimo. Teria sido um fim muito legal, com certeza, porque ele teria tempo talvez de amadurecer e se redimir”, aposta o músico e escritor.
Para o diretor Adrian Teijido, é mais difícil imaginar como Dom teria se comportado na Bahia, mas ele diz que o formato da série abre múltiplas possibilidades para que ela pudesse ser filmada em qualquer outro lugar.
“Eu não sei exatamente como seria o Dom em Salvador, que é outra cidade super intensa [...] Porém, por outro lado também, a história de Dom poderia ser feita em várias cidades, inclusive, até em outros países, quer dizer, no México, na Argentina, São Paulo, ou em outros lugares que têm os mesmos conflitos, esses contrastes sociais”, diz.
“Acho que na Bahia o Dom seria mais relax e tranquilo”, brincou Vellas.
A temporada final de Dom tem cinco capítulos, escritos por Fábio Mendes com os roteiristas Higia Ikeda, Priscila Gontijo e Marcelo Vindicatto. Os episódios, já disponíveis no Prime Video, contam com Gabriel Leone, Flávio Tolezani, Raquel Villar, Isabella Santoni, Laila Garin e Dalton Vigh, entre outros.
Confira o trailer da última temporada:
*Viajou ao Rio de Janeiro a convite do Prime Video.
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