A TARDE ESG
BYD, China Town e a Baía de Todos os Santos
A montadora chinesa tem capacidade para produzir até 150 mil veículos por ano
Por Eduardo Athayde*

Camaçari, que significa "árvore que chora" (devido às gotas d'água que cobrem suas folhas à noite), começou a se formar com a criação da Aldeia do Divino Espírito Santo, às margens do rio Joanes, pelos jesuítas, em 1558. Com sua história marcada pela presença indígena, a influência jesuíta e, posteriormente, pelo desenvolvimento do Polo Industrial; recebe agora investimentos chineses na fábrica da BYD (Build Your Dream), primeira montadora do mundo a ter certificação ESG.
Como maior fábrica fora da Ásia, a montadora chinesa de Camaçari tem capacidade para produzir até 150 mil veículos por ano, já estreada em 2025. O investimento inicial no projeto é de R$ 5,5 bilhões. A fábrica, que ocupa o antigo complexo da Ford, tem planos de expansão para 300 mil unidades, entre carros elétricos e híbridos, além de caminhões, chassis para ônibus e produção de baterias. Empregando cerca de 800 pessoas, e com expectativa de gerar muitos outros postos de trabalho, representa um marco importante para o setor automotivo brasileiro, fomentando o desenvolvimento econômico da região.
Incrementando o relacionamento, a China, no ano de 1981, detinha a 38ª posição como parceira comercial do Brasil. Em 2009 assumiu o primeiro lugar, posição mantida até hoje. Em 2024, Brasil e China comemoraram 50 anos de relações diplomáticas com o comercio de cerca de US$ 40 bilhões.
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Vizinho a Camaçari, o município de Simões Filho é um outro polo industrial da Bahia com cerca de 200 indústrias de diversos seguimentos e porto natural protegido na Baía de Aratu, que integra a Baía de Todos os Santos (BTS) – Capital da Amazônia Azul, importante para a importação e o escoamento de produção das indústrias locais.
Nascido do antigo distrito de Água Comprida, Simões Filho teve suas raízes no período colonial com o cultivo de cana-de-açúcar. Emancipado em 1961, adotou o nome em homenagem ao político baiano Ernesto Simões Filho, jornalista e deputado, ministro da Educação e fundador do jornal A TARDE.
Lembrando Confúcio quando ensina “se queres prever o futuro, estuda o passado”, observamos a evolução histórica da ´Aldeia do Divino Espírito Santo´ e de ´Água Comprida´, que deram origem às pulsantes Camaçari (PIB de R$34 bilhões) e Simões Filho (PIB R$8 bilhões), e como colônias chinesas se estabelecem como colmeias em outros lugares do Brasil.
Pressentindo a vibração da massa salarial dos trabalhadores chineses que ´construindo sonhos´ trazem consigo cultura, valores e tradições, movimentando o comércio de Camaçari e Simões Filho, inclusive as áreas de lazer da BTS; investidores esboçam complexos habitacionais urbanos. A inteligência artificial ajuda a projetar o sonho na tela do futuro que se faz presente.
A distância de Camaçari para a BTS é de cerca de 15 km, passando pelo território de Simões Filho, que bordeja o mar. Tentando escrever a história do futuro, investidores avaliam a construção de uma ´China Town´, como costumeiramente acontece quando a colônia chinesa se agrupa nos locais onde migra.
Pelas notícias que chegam, parece que muitos trabalhadores chineses também estarão reunidos na construção da ponte Salvador Itaparica, um investimento de R$11 bi – maior que os PIBs de 413 dos 417 municípios da Bahia – banhando-se nas águas tropicais da Capital da Amazônia Azul.
*Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil e membro da Comissão de Economia do Mar da Associação Comercial da Bahia. [email protected]
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