Crise? Volkswagen cancela desenvolvimento de novos carros; entenda

A Volkswagen vive um dos momentos mais delicados de sua história recente. Pressionada por uma crise financeira que se arrasta desde 2024, a montadora decidiu interromper o avanço de seus próximos projetos. A paralisação atinge diretamente o desenvolvimento de novos modelos.

Segundo o jornal Bild, o conselho de administração não encontrou margem no orçamento para liberar novos investimentos.

A suspensão expõe a gravidade do cenário: sem a aprovação de recursos, a empresa não consegue dar continuidade ao processo que define como, onde e o que será produzido nos próximos anos. Esse planejamento, essencial para modernizar fábricas e garantir o lançamento de futuros veículos, deveria ter sido aprovado na semana anterior.

No entanto, a instabilidade financeira fez com que o aval fosse adiado — e fontes internas afirmam que a definição pode demorar meses.

O impacto é amplo. Toda a engrenagem de inovação e expansão da marca depende desse cronograma, incluindo a cadeia global de fornecedores. Hoje, a Volkswagen opera mais de 100 fábricas mundo afora, e qualquer atraso no orçamento afeta diretamente essa estrutura.

A companhia já calcula um déficit próximo de 11 bilhões de euros em seus planos de investimento para 2026, apesar dos 160 bilhões de euros reservados para os próximos cinco anos — valor que agora é considerado insuficiente diante das necessidades da montadora.

Há quem acredite que o conselho de supervisão tentará reavaliar a situação em dezembro, caso o cenário financeiro mostre alguma melhora. Mesmo assim, não se descarta que a decisão final seja empurrada para 2026, o que prolongaria ainda mais a indefinição sobre o futuro dos novos carros e das unidades produtivas.

Início da crise

A turbulência atual ganhou força após o desempenho abaixo do esperado na China. O mercado que por anos foi o mais lucrativo para a Volkswagen deixou de garantir bons resultados em 2024. A ascensão de fabricantes locais mudou a preferência dos consumidores e reduziu drasticamente as vendas da empresa no país asiático.

O mau momento também se estendeu para a Europa. No continente onde nasceu, a montadora não conseguiu recuperar o fôlego perdido no pós-pandemia. O recuo nas vendas significa, hoje, a ausência de cerca de 500 mil veículos comercializados por ano, o que afeta diretamente o lucro e aumenta a ociosidade nas linhas de produção.