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Exclusivo! Gênio chinês da BYD que desbancou Elon Musk vem a Camaçari nesta semana
Wang Chuanfu, fundador e chairman da BYD, desembarcará em Camaçari para a inauguração da nova fábrica do grupo

Por Redação

Na próxima quinta-feira, 9, a Bahia receberá um dos nomes mais influentes e, ao mesmo tempo, mais discretos da indústria global: Wang Chuanfu, fundador e chairman da BYD. Ele desembarcará em Camaçari para a inauguração da nova fábrica do grupo, um marco que coloca o Brasil no centro da estratégia mundial da gigante chinesa de veículos elétricos.
Enquanto Elon Musk ocupa os holofotes, Wang construiu a BYD em silêncio e a transformou na líder mundial em vendas de veículos de energia limpa, ultrapassando, em 2024, a Tesla em unidades vendidas – e também em receita.
De órfão a engenheiro
Wang Chuanfu nasceu em 1966, na província de Anhui, em uma família de agricultores pobres. O ano de seu nascimento foi marcado por desastres naturais que devastaram as colheitas, mergulhando a região na fome.
A infância dele foi de privações: aos 13 anos perdeu o pai e, dois anos depois, a mãe.
Criado pelo irmão mais velho, que abandonou os estudos para sustentar a família, e pela cunhada, que chegou a vender joias do próprio dote para comprar seus livros escolares, Wang pôde continuar os estudos. Em retribuição, destacou-se como aluno brilhante, conquistando bolsas de estudo para aliviar o peso financeiro da família.
Cursou Química Física Metalúrgica, na Universidade Central do Sul, em Changsha, e fez mestrado no Instituto Geral de Pesquisa em Mineração e Metalurgia de Pequim. Ali, participou de projetos de pesquisa em materiais e baterias recarregáveis que lançariam as bases da carreira. Era o início de um sonho que mudaria o futuro da mobilidade.
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Criação da BYD
Após experiências como pesquisador e gestor de empresas do setor, o jovem químico decidiu empreender.
Em novembro de 1994, aos 29 anos, fundou em Shenzhen a BYD, acrônimo para Build Your Dreams ou, em português, “construa seus sonhos”, com o empréstimo de um primo.
A empresa nasceu pequena, em um galpão de 2.000 m², fabricando baterias recarregáveis para celulares e câmeras digitais, dois dispositivos eletrônicos que passaram a fazer parte do dia a dia das pessoas em todo o mundo.
A partir dos anos 2000, a BYD ousou: entrou na indústria automotiva, ao adquirir uma pequena montadora, em 2003, passando a investir em carros híbridos e elétricos. Com visão de longo prazo e apoio de investidores, como Warren Buffett, Wang expandiu a BYD pelo mundo, apostando em carros elétricos e híbridos acessíveis, tecnologia própria e produção verticalizada.
Desbancou a Tesla
Ao contrário do estilo midiático de Elon Musk, Wang sempre foi discreto, focado em pesquisa, inovação e verticalização da produção. Sob sua liderança, a BYD estruturou a força em três pilares: escala e acessibilidade, ao produzir tanto elétricos quanto híbridos plug-in, conquistando mercados com infraestrutura de recarga limitada; tecnologia própria – com obsessão por baterias, levou à criação da inovadora bateria Blade e de sistemas ultrarrápidos de recarga; e o controle produtivo, ao fabricar internamente motores, chips e baterias, reduzindo custos, evitando gargalos logísticos e acelerando inovações.
Graças a essa estratégia, no ano passado a BYD vendeu 4,27 milhões de veículos de energia limpa, alcançando US$ 107 bilhões em receita, superando os US$ 97,7 bilhões da Tesla.
Bilionário simples
Dono de uma fortuna de mais de US$ 17 bilhões, Wang continua levando uma vida simples em Shenzhen. Não há iates, coleções de mansões ou carros extravagantes. Próximo ao irmão e à cunhada que o ajudaram na juventude, nunca esqueceu as origens e mantém o hábito de viver modestamente, em contraste com outros bilionários globais.
O que move sua rotina é uma filosofia clara: usar tecnologia para resolver problemas sociais e ambientais. Por isso, conduz a BYD com a missão de “trazer inovações tecnológicas para uma vida melhor”, alinhada ao objetivo de reduzir em 1°C a temperatura do planeta.
“Como empresários, não podemos buscar apenas o sucesso comercial. Precisamos refletir sobre como podemos agregar mais valor à sociedade. Beneficiar as gerações futuras, esta é a causa pela qual dedicarei o resto da minha vida, e que também é a missão da BYD”, afirma Chuanfu.
Protagonista global
Hoje, a BYD é uma empresa que está na 91ª posição na lista da Global Fortune 500, com atuação em quatro grandes setores: mobilidade, transporte ferroviário, energia renovável e eletrônicos. Presente no Brasil há mais de dez anos, opera fábrica de chassis de ônibus elétricos e módulos fotovoltaicos, em Campinas (SP), e de baterias LFP, em Manaus (AM) – além de liderar o projeto do monotrilho da Linha 17-Ouro, do Metrô de São Paulo.
Com a inauguração do complexo industrial de Camaçari, que será o maior da companhia fora da Ásia, a BYD fortalece a presença na América Latina e dá mais um passo na consolidação de Wang Chuanfu como um protagonista da mobilidade elétrica mundial.
“A integração entre a inteligência artificial e os automóveis será o nosso principal foco na próxima etapa. Vamos investir 100 bilhões de yuans [equivalente a cerca de US$ 14 bilhões], no desenvolvimento de tecnologias de inteligência. Temos a determinação e a confiança para, nesta nova revolução tecnológica da IA, alcançar um avanço na inteligência total dos veículos e conquistar a liderança tecnológica no futuro!”, afirma Wang Chuanfu, presidente da BYD.
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