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Bahia tem a 10ª menor taxa de fecundidade do Brasil; veja dados
Dado de 1,55 filho por mulher é consolidação da tendência motivada por questões educacionais e culturais
Por Madson Souza

A taxa de fecundidade na Bahia é de 1,55 filho por mulher, que é um valor abaixo do nível necessário para reposição da população – 2,1 filhos por mulher, segundo Questionário da Amostra do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O cenário apontado pela pesquisa é de consolidação da tendência de que mulheres estão tendo filhos mais tarde, tendo menos filhos e muitas vezes não tendo. Isso tem a ver com questões educacionais e culturais, como a maior presença de mulheres no ensino superior e no mercado de trabalho.
A Bahia tem a 10ª menor fecundidade entre os estados e vem num movimento histórico de redução. Em 2010, o dado era de 1,7 filhos por mulher, enquanto nos anos 2000 era de 2,4. Os números de fertilidade no estado agora estão em paridade com a média do país, que também é de 1,55 filho por mulher. A taxa de fecundidade é fruto do número médio de filhos tidos por mulheres de 15 a 49 anos de idade.
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“Esse movimento começa de forma marcante no estado em 2010. A crescente presença de mulheres no mercado de trabalho, a adesão às políticas de planejamento familiar que estão muito estabelecidas e o fato das mulheres estarem sendo mais instruídas, em média mais que os homens, inclusive, permite que elas assumam diversos outros papéis além do de mãe”, explica a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.
Os dados do Censo apontam que um maior nível de instrução é o fator que mais influência numa menor taxa de fecundidade e para uma maior idade média ao ter filho. Entre as mulheres com ensino superior completo na Bahia, a taxa de fertilidade é de 1,13 filhos, número abaixo da média estadual (1,55) e cerca de 60% menor que as mulheres sem instrução ou sem ensino fundamental completo. Mesmo a população com menos estudo formal possui taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição da população, com 1,97 filhos por mulher.
Ter o ensino superior completo é fator que costuma adiar a maternidade em cerca de quatro anos, tanto na Bahia quanto no país, conforme a pesquisa. As mulheres graduadas têm os filhos aos 30,7 anos, em média, enquanto as que não ou com ensino fundamental incompleto tinham o primeiro filho, em média aos 26,8 anos.
A estudante de psicologia, Camila Bernardo, 27 anos, relata não pensar em ter filhos no momento, e que a maternidade não é uma conversa usual no seu ciclo de amigas. “Observo que as mulheres estão cada dia mais se priorizando e não apenas a maternidade, a família e o lar. Ainda é muito comum nas entrevistas que mulheres sejam questionadas se têm filhos, quantos filhos, a idade deles. O que dificulta que ela ingresse no mercado de trabalho. Durante a graduação é um desafio também, que faz muitas trancarem os cursos”.
A idade média em que as mulheres tiveram seu primeiro filho na Bahia aumentou de 26,6, em 2010, para 27,9 em 2022, que é a 12ª taxa mais alta entre os estados. A média nacional é de 28,1 anos. Outro dado de destaque é o crescimento da proporção de mulheres que chegam ao fim da sua idade reprodutiva sem terem tido filho. Na Bahia, em 2022, esse número chegou a 15,8% das mulheres com idade entre 50 e 59 anos que não haviam tido filhos – um total de 135.486 pessoas. Em 2010, o percentual era de 10,9%, que representava 68.333 mulheres.
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