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Aluna é atacada na Ufba e colegas fazem protesto

Publicado quarta-feira, 20 de agosto de 2008 às 00:03 h | Atualizado em 20/08/2008, 00:35 | Autor: Luisa Torreão e Helga Cirino, do A Tarde

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Um caso de violência sexual contra uma aluna da Universidade Federal da Bahia (Ufba), na terça-feira, 19, pela manhã, no Campus de Ondina, causou revolta e gerou protestos dos estudantes da instituição. Assim que a notícia de um ataque sofrido por uma estudante de 21 anos começou a se espalhar pela comunidade acadêmica, os colegas se mobilizaram e ocuparam a reitoria da instituição, no Canela. O vice-reitor, Francisco Mesquita, recebeu os manifestantes e os alunos exigiram mais segurança.

Com cartazes, apitos e microfone em punho, os estudantes ocuparam as ruas do bairro e saíram em passeata ao Campo Grande e à Avenida Sete de Setembro. Mais de 300 manifestantes acompanharam um carro de som, deixando o tráfego de veículos congestionado em toda a região. Eles gritavam palavras de ordem, pedindo por segurança nos campi da universidade e protestando contra a violência sexual sofrida pela colega.

Da Praça da Piedade, os alunos retornaram para a reitoria. “Não podemos deixar que esse caso se torne mais um e caia no esquecimento. Vamos fazer de tudo para evitar uma catástrofe maior”, afirmou o estudante Michel Correia, membro do Diretório Acadêmico de História.

Estudantes protestam na Reitoria, imagens de Helga Cirino  

Emanuel Freire, que cursa direito e é ex-integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), lembrou que a vigilância atual nos campi cuida apenas do patrimônio: “Também queremos ser preservados”. Freire era um dos líderes da manifestação, que divulgava o motivo da passeata aos moradores, transeuntes e comerciantes, que viam o protesto das janelas e calçadas: “A Ufba é uma bomba-relógio e essa situação não é de agora”.

Nesta quarta-feira, 20, às 8 horas, os estudantes realizam ato público na Escola de Dança, nas proximidades de onde a aluna foi rendida, e depois prometem retornar à reitoria, para uma assembléia.

Dignidade –  Segundo a aluna do curso de química Ana Carolina Silva, “há casos de violência todos os dias na universidade”. Ela contou que, no prédio onde tem aula, no Instituto de Química, homens já foram flagrados dentro do banheiro feminino espiando as mulheres. Segundo a estudante, ela própria já tinha sido assaltada duas vezes em frente ao Instituto de Geociências (localizado entre a Federação e a Avenida Garibaldi).

As palavras de Ana Carolina traduziam o sentimento de todos os entrevistados: “Já estávamos com medo e inseguros, mas hoje a gente não está falando de roubo de celular e de dinheiro, mas de roubo de dignidade, do corpo de uma mulher”.

Uma colega da garota atacada disse ainda estar com medo: “Me sinto frágil. É a universidade que minha mãe sonhou para mim, mas não me dá segurança”.

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