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Após audiência, réus pela morte de Sara vão aguardar decisão judicial

Ederlan, Bispo Zadoque, Gideão e Victor aguardarão decisão se irão à júri popular

Publicado terça-feira, 07 de maio de 2024 às 20:40 h | Atualizado em 08/05/2024, 00:04 | Autor: Leilane Teixeira
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O terceiro dia da audiência de instrução do caso da pastora Sara Freitas chegou ao fim na tarde desta terça-feira, 7, após o interrogatório dos quatro acusados de envolvimento na morte da cantora gospel, que durou aproximadamente três horas no Fórum Criminal de Dias D’Ávila, Região Metropolitana de Salvador.

Em entrevista ao Portal A TARDE, o advogado criminalista da família de Sara, Rogério Matos, disse que agora o próximo passo é aguardar a decisão judicial que vai dizer se os réus irão ou não à júri popular. No entanto, segundo ele, ainda há data para essa decisão. 

"Hoje o que chegou ao final foi a audiência, dando abertura de prazo para o Ministério Público oferecer as alegações finais dos advogados de defesa, e, a partir daí, vai para a magistrada sentenciar se vai para júri popular ou não", disse.

Em média, cada um dos acusados levou aproximadamente 42 minutos na Sala do Júri do Fórum Criminal de Dias D'Ávila, onde responderam perguntas feitas por 11 integrantes do Magistrado, servidores públicos e advogados. Ederlan Mariano, ex-marido de Sara e apontado como mandante intelectual do assassinato da mulher, foi o primeiro a ser interrogado.

>> Acusados do assassinato de Sara Freitas chegam ao Fórum Criminal

Segundo Rogério Matos, Ederlan respondeu a maior parte do seu interrogatório, mas optou por ficar em silêncio ao ser questionado pela acusação. Como resposta às demais perguntas, negou envolvimento com o assassinato da cantora gospel, afirmando ser "inocente". 

"Alguns fizeram a opção de ficar calado, fazendo jus ao direito constitucional para não responder as perguntas. O bispo Zadoque não quis falar; Vitor, que tinha contribuído anteriormente narrando todos os fato, dessa vez mudou o discurso e se fez desentendido; Gideão disse que foi sem saber o que ia acontecer e que chegando lá, foi ameaçado por eles; Já o Ederlan, como de praxe, negou tudo e empurrou toda a culpa no Zadoque. Perante as minhas perguntas, ele disse que queria exercer o direito de ficar calado", explicou.

Os depoimentos seguiram a seguinte ordem: 

1°  Ederlan Mariano - 45 minutos de depoimento

2 º Weslen Pablo Correia de Jesus, mais conhecido como Bispo Zadoque - Depôs por 25 minutos 

3º Gideão Duarte - 30 minutos

4º Victor Grabriel - depoimento durou cerca de uma hora 

"Aconteceu o de praxe, quando chega na frente do judiciário, os réus tendem a modificar o que falaram na delegacia. Não temos a menor dúvida de que Ederlan é o mandante desse crime bárbaro contra Sara Freitas. O inquérito tem provas suficientes para levá-los ao júri popular", garante o advogado de acusação.

Ao final da adiência, os réus saíram do Fórum rumo a Escolta Policial. Eles foram chamados de "Assassinos" por pesssoas que estavam por perto. Eles partiram de Dias D'Ávila por volta das 14h15 em direção ao Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, para aguardar a decisão. O agendamento da sessão do júri dependerá do resultado da sentença.

Relembre o caso 

A cantora gospel e pastora Sara Freitas desapareceu no dia 24 de outubro de 2023, após sair de casa, no bairro de Valéria, em Salvador, para um evento religioso que ocorreria em Dias D'Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Na ocasião, o próprio marido dela, Ederlan Mariano, denunciou o desaparecimento, dizendo que Sara tinha o costume de participar de vários eventos religiosos. Ele foi ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar queixa na manhã do dia 26.

Corpo encontrado

O corpo de Sara foi encontrado carbonizado às margens da BA-093, na altura de Dias D’Ávila, na tarde do dia 27, uma sexta-feira. O marido reconheceu os restos mortais da vítima.

Prisão de Ederlan

O marido da cantora foi preso no mesmo dia, 27, sob possíveis incoerências no discurso. Inicialmente, foi divulgado que ele confessou o crime, mas a defesa negou e alegou que ele era inocente.

Dois novos suspeitos presos: Gideão e Zadoque

Weslen Pablo Correia de Jesus, conhecido como “Bispo Zadoque”, e Gideão Duarte de Lima foram presos a medida que as investigações avançavam. Gideão, apontado como um motorista da confiança dela, teria buscado a cantora gospel em casa para levá-la a um culto que não existia. Ele teria entregue ela a Zadoque e Ederlan.

Já Zadoque, que confessou o crime, teria atuado como receptor da vítima. Os dois foram presos entre a noite do dia 14 e a manhã do dia 15 de novembro.

Quarto acusado é preso: Victor Gabriel Oliveira

Uma semana depois, 21 de novembro, Victor Gabriel Oliveira, de 24 anos, se entregou à polícia após assumir participação no crime. Investigado pela 25ª Delegacia Territorial (DT/Dias D'Ávila), Victor Gabriel teve participação tanto no homicídio da artista quanto na ocultação de seu cadáver, conforme apontou a apuração do caso. Ele detalhou o crime, afirmando que teria segurado a vítima enquanto Zadoque a esfaqueava.

Ao longo de toda investigação, havia um conflito sobre qual família ficaria a filha do casal, de 11 anos. No dia 29 de novembro, a menina foi ouvida por cerca de três horas durante a audiência de justificação, no Fórum da Família, em Nazaré. No dia 13 de dezembro, a Justiça concedeu a guarda provisória da filha de Sara Freitas para a família de Ederlan,

Os quatro suspeitos viram réus após denúncia oferecida pelo MP

No dia 19 de dezembro, o Ministério Público Estadual denunciou Ederlan, Zadoque, Gideão e Victor por homicídio qualificado, os tornado reús. Segundo a promotoria, o crime foi cometido por motivo torpe, meio cruel, sem possibilidade de defesa da vítima. Eles também foram acusados por ocultação de cadáver e associação criminosa.

A Justiça baiana recebeu a denúncia e acatou o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil, com parecer favorável do MP, contra os quatro. No dia seguinte, 20 de dezembro, o MP divulgou que os quatro suspeitos pela morte da cantora gospel Sara Mariana tinham intenção de usar a imagem da artista para lançar a carreira de Victor Gabriel, um deles, que também é cantor.

No texto da denúncia, o MP apontou que que o crime aconteceu porque Zadoque, Victor e Gideão, sob ordens de Ederlan, queriam “se apoderar da imagem pública de Sara Mariano, fazendo uso de toda a estrutura já montada em torno dela, para lançar a carreira de Victor, com o que todos lucrariam futuramente".

Audiências de instrução 

A primeira audiência de instrução do caso aconteceu no dia 26 de março de 2024, só após cinco meses em que o crime foi cometido.  Ela apresentou problemas de conexão e precisou ser interrompida por instabilidade do sistema. 

A segunda aconteceu no dia 16 de abril e foram ouvidas as testemunhas de defesa e acusação.

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