CASA BRANCA
Imóvel que ameaça terreiro está sem previsão de demolição em Salvador
Iphan informa que projeto apresentado pelo proprietário não foi aceito pelo órgão
Por Priscila Dórea
Embargada em setembro de 2022, e interditada e parcialmente demolida entre março e abril de 2023, a construção que assombra o Terreiro Casa Branca (Ilê Axé Iyá Nassô Oká) – que é tombado pelo Iphan – continua sem previsão para a demolição dos pavimentos restantes.
De acordo com o Iphan, o processo judicial da construção irregular está tramitando, e a demolição do prédio ainda não ocorreu porque, “apesar da determinação judicial para o procedimento, o projeto apresentado pelo proprietário não foi aceito pelo Iphan”, informou o órgão por nota.
O grande problema sobre o prédio – que hoje possui uma igreja em um dos pavimentos – no momento, segundo o Iphan, é que o projeto de demolição não deu garantias de que seria bem executado: é uma demolição que exige cuidado, pois se for mal executada, pode comprometer o terreiro - em especial a Casa de Omolu. “A partir daí, o Iphan requereu em juízo que o proprietário apresentasse novo projeto para garantir a preservação do bem tombado”, consta na nota do Iphan.
No último 22 de março, o juiz federal Robson Silva Mascarenhas concedeu prazo de mais 15 dias ao proprietário para apresentar o novo projeto adequado, mas o prazo se encerrou no último dia 5 e, mesmo sob pena de multa, o proprietário permanece em silêncio. De acordo com o Iphan, caso o dono do prédio não apresente um projeto adequado, a Advocacia-Geral da União, além de cobrar a multa, vai tomar outras providências judiciais para o cumprimento da decisão judicial. Antropólogo e ogã da Casa Branca, Ordep Serra salienta o descaso com o qual os órgãos envolvidos têm levado a situação.
“Essa construção é um insulto e me admira muito o papel da Prefeitura, pois é um terreiro que deve ser protegido, afinal é tombado como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Iphan, e toda obra em seu entorno deve ser feita levando em consideração a importância e proteção desse espaço. É uma situação que viola leis municipais e federais e não vemos nada acontecer para que seja solucionada em definitivo. É algo inacreditável”, lamenta Ordep Serra.
O antropólogo explica que, no momento, não sabe como a situação vai se desenrolar. “O proprietário desse prédio não é a pessoa mais poderosa de todo mundo, não é? A lei vale para todos, inclusive para ele, que não pode ter um privilégio que não existe”, enfatiza Ordep.
Além do prazo dado ao proprietário, a decisão judicial do dia 22 de março também intimou o Município de Salvador para que, no prazo de 10 dias, responda aos quesitos formulados pelo Iphan. Esse prazo expirou no dia 31 de março e a reportagem de A TARDE entrou em contato com a Prefeitura de Salvador, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. A decisão judicial adverte ainda que o descumprimento poderá “ensejar a aplicação de sanções processuais”.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes