Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > bahia > SALVADOR
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

TRANSPORTE PÚBLICO

Ônibus quebrados em Salvador crescem 6% no início de 2022

Dados refletem um dos vários sintomas da crise do sistema na capital baiana

Por Daniel Brito

30/05/2022 - 12:32 h | Atualizada em 30/05/2022 - 14:23
Com saída da CSN, concessionária Plataforma passou a registrar mais quebras de ônibus
Com saída da CSN, concessionária Plataforma passou a registrar mais quebras de ônibus -

Em meio a um cenário de grandes dificuldades na situação do transporte de Salvador, uma estatística pode ser interpretada como um dos sintomas dos vários problemas que o sistema vive.

Dados obtidos com exclusividade pelo Portal A TARDE junto ao Centro de Controle Operacional da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) revelam que nos quatro primeiros meses do ano, o número de ônibus quebrados ou que apresentaram algum tipo de avaria aumentou 6% em relação ao mesmo período de 2021.

Em números absolutos, houve quebras em 370 veículos das então três concessionárias do sistema entre janeiro e abril de 2021. No entanto, no mesmo espaço de tempo neste ano, já com apenas duas empresas operantes, esse número cresceu para 392, o que mostra uma variação percentual de 5,94%.

O aumento no registro de ônibus quebrados aconteceu mesmo com o fim das operações da Concessionária Salvador Norte (CSN) por parte da prefeitura, ocorrido em setembro do ano passado. Em março, o município rompeu o contrato com a empresa após realizar uma intervenção de nove meses devido aos problemas que enfrentava e, na sequência, assumiu a gestão das garagens, veículos e também dos funcionários, contratando a maior parte deles por meio de vínculo temporário via Regime Especial de Direito Administrativo (Reda).

Pouco antes de ter seu contrato cassado junto à prefeitura, a CSN liderava as estatísticas de ônibus quebrados, mesmo com a intervenção por parte do município em curso desde junho de 2020. Entre janeiro e abril de 2021, foram 142 quebras, sendo que o maior registro ocorreu no primeiro mês do ano, com 46 veículos quebrados.

No mesmo quadrimestre, a Plataforma, operadora do sistema que até então atuava nas regiões do subúrbio e Cidade Baixa, vinha na sequência, com 133. Por sua vez, a OT Trans, que roda na região do chamado miolo central de Salvador - em áreas como Cajazeiras e Pau da Lima - por exemplo, registrou somente 72, número ligeiramente inferior em comparação com as demais.

Em 2022

Já sem a CSN, o ano de 2022 começou com a Plataforma liderando as estatísticas. Foram 41 quebras de ônibus em janeiro, contra 32 da OT Trans. Essa tendência se manteve em fevereiro, com a concessionária amarela registrando 58 veículos quebrados contra 55 da empresa verde.

Em março, no entanto, a OT Trans passou na frente e registrou 63 quebras de ônibus contra 48 da Plataforma. A marca, porém, se mostrou uma exceção. Em abril, a Plataforma voltou a liderar as estatísticas com 43 registros de quebras, contra 34 da concessionária do miolo.

Após a saída definitiva da CSN, Plataforma e OT Trans assumiram o desafio de tocar o transporte da capital baiana sem uma terceira empresa, pois não houve a contratação de uma substituta para ela. O edital de licitação da chamada bacia C chegou a ser lançado, mas foi suspenso à época por meio de uma contestação realizada junto à Vara da Fazenda de Salvador por parte de uma das concessionárias. Desde então, o processo não foi retomado.

Em entrevista ao Portal A TARDE no mês de fevereiro, ao ser questionado se a OT Trans e a Plataforma continuariam operando as linhas de ônibus em Salvador, o secretário Fabrizzio Muller respondeu que uma consultoria realizada pela Agência Reguladora e Fiscalizadora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos do município (Arsal) estava analisando qual seria o melhor cenário para a capital baiana.

À época, o chefe da pasta citou a chegada de uma terceira concessionária, como inicialmente se previa, ou mesmo a manutenção de ambas. O segundo cenário não estava descartado, segundo Muller, devido a mudanças causadas por diversos fatores, como a chegada do metrô, que impactou o equilíbrio financeiro do sistema. Foram mencionados também o BRT e o Monotrilho do Subúrbio, que têm previsão de diluir ainda mais a demanda do chamado Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus de Salvador (STCO).

A previsão era de que o resultado dessa consultoria fosse obtido até o final de março. Recentemente, a reportagem procurou a assessoria de comunicação da Semob para saber se o resultado já estava disponível, mas o órgão afirmou que ainda não havia chegado a uma definição e preferiu não dar um novo prazo.

Enquanto isso, ambas as concessionárias precisam lidar com grandes desafios operacionais. A Plataforma, por exemplo, passou a estar presente em áreas totalmente diferentes do planejado na licitação do sistema em 2014, como a Estação Mussurunga e boa parte da região da orla de Salvador. A OT Trans, por sua vez, assumiu linhas de altíssima demanda que até então eram da CSN, como os Lapa-Barras (LB1, LB2 e LB3).

Nessa esteira, um dos maiores problemas é o deslocamento dos ônibus rumo ao início das operações. No caso da Plataforma, que possui garagens nos bairros de Pirajá, Praia Grande, Coutos e Caminho de Areia, a soltura, como é chamado o processo de saída dos veículos das unidades, é mais trabalhosa, pois a distância percorrida de Pirajá até a Estação Mussurunga é maior do que saindo de São Cristóvão, como ocorria antes com a Salvador Norte. O impacto também é sentido no recolhimento, ainda mais em tempos de alta dos combustíveis, como o diesel.

Para cobrir o buraco deixado pela CSN, já que nenhum veículo dela foi aproveitado pelas demais concessionárias, foi necessário que ambas trouxessem ônibus usados. Como não havia tempo hábil, a compra emergencial não poderia ser de carros 0 km. Os veículos vieram de uma empresa de Brasília (DF) e, internamente, até que são mais confortáveis, mas chama atenção o fato de terem as janelas “seladas” embaixo, ou seja, abrindo apenas na parte de cima, o que dificulta a vida em uma cidade com o clima calorento de Salvador.

Inicialmente, um outro problema foi o de que várias linhas originalmente operadas pela Plataforma e OT Trans perderam boa parte da sua frota para os roteiros antes operados pela CSN, então recém-assumidos por elas. A questão, no entanto, foi sendo minimizada e resolvida aos poucos com a chegada dos novos ônibus adquiridos, que se somaram à frota total e não provocaram a desativação de veículos mais antigos, como aconteceria em períodos normais.

O sistema de transporte da capital baiana vive uma crise que já dura anos. A situação, no entanto, se agravou com a chegada da pandemia, que reduziu ainda mais o número de passageiros transportados. Sem perspectiva de melhora a curto e longo prazo, a população vê o risco de um novo aumento na tarifa para R$ 4,90 nesse mês de junho, já que os projetos de subsídio que tramitam tanto em Brasília quanto na Câmara Municipal de Salvador ainda não foram aprovados, muito menos se tornaram lei.

Em abril, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), anunciou o aumento em R$ 0,50 na tarifa, mas com o município cobrindo a diferença do valor durante dois meses, o que fez com que, na prática, a tarifa paga pelos passageiros permanecesse em R$ 4,40.

Transporte complementar

Por ter frota menor em relação ao sistema comum, o Subsistema de Transporte Especial Complementar (STEC) sempre registra números menores. Conhecido pelas suas “topics” ou “amarelinhos”, o setor, que possui papel fundamental por atender regiões que não são plenamente contempladas pelo STCO, seguiu uma tendência contrária e registrou uma leve queda nas quebras dos seus micro-ônibus. Foram 18 entre janeiro e abril deste ano contra 21 no mesmo período do ano passado.

Em janeiro, foram somente duas quebras de micro-ônibus do STEC. Fevereiro registrou o dobro, com seis. Em março, uma pequena queda para quatro e, em abril, um aumento para seis quebras. Dos primeiros quadrimestres de 2021 e 2022, o maior registro foi em março do ano passado, com sete.

Com a cassação da concessão da CSN, o STEC também passou por percalços. O subsistema foi forçado a assumir a operação de linhas do STCO, como 0419 - Pau Miúdo x Terminal da França / Campo Grande e 0503 - Brotas x Lapa, com micro-ônibus cuja capacidade de transportar passageiros, denunciada pelo próprio nome, está aquém de um veículo convencional.

Violência urbana

Embora não diretamente ligados à gestão do sistema por parte das concessionárias e da própria prefeitura, por se tratar de um problema de segurança pública, os casos de violência urbana também interferem na qualidade do serviço. Apesar do aumento na sensação de insegurança nos últimos meses, os registros diminuíram em relação ao ano passado.

No primeiro quadrimestre de 2021, foram contabilizadas 201 ocorrências de violência urbana, que envolvem, além de assaltos a ônibus, casos de agressões a passageiros ou aos trabalhadores do transporte, entre outras situações. Já de janeiro a abril deste ano, foram registrados 144 casos pelo CCO da Semob, uma queda de 28,3% entre um ano e outro.

O resultado coincide com as estatísticas divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) no começo de abril. A pasta estadual disse que no primeiro trimestre de 2022 houve uma queda de 46,3% nos casos de roubo a coletivos em relação ao mesmo período do ano passado. Em números absolutos, disse o órgão estadual, os casos caíram de 335 em 2021 para 180 neste ano.

Apesar da queda nos indicadores, é importante ressaltar que nem todos os casos de roubo a ônibus e outros episódios de violência são registrados tanto pelo Centro de Controle da Secretaria de Mobilidade quanto pela Secretaria de Segurança Pública. Após os assaltos, nem sempre os veículos são levados à Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), localizada na Baixa do Fiscal, dando indícios de subnotificação do número real de casos.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Tags:

CRISE ônibus Salvador transporte público

Cidadão Repórter

Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro

ACESSAR

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
Com saída da CSN, concessionária Plataforma passou a registrar mais quebras de ônibus
Play

Veja o momento que caminhão de lixo despenca em Salvador; motorista morreu

Com saída da CSN, concessionária Plataforma passou a registrar mais quebras de ônibus
Play

Traficantes do CV fazem refém e trocam tiros com a PM em Salvador

Com saída da CSN, concessionária Plataforma passou a registrar mais quebras de ônibus
Play

Rodoviários reivindicam pagamento de rescisão no Iguatemi

Com saída da CSN, concessionária Plataforma passou a registrar mais quebras de ônibus
Play

Vazamento de gás no Canela foi ato de vandalismo, diz Bahiagás

x

Assine nossa newsletter e receba conteúdos especiais sobre a Bahia

Selecione abaixo temas de sua preferência e receba notificações personalizadas

BAHIA BBB 2024 CULTURA ECONOMIA ENTRETENIMENTO ESPORTES MUNICÍPIOS MÚSICA O CARRASCO POLÍTICA