TJ cobra explicações sobre transferência de "Geleia" para secretário

O Tribunal de Justiça da Bahia está cobrando explicações ao Secretário de Administração Penitenciária da Bahia, José Antônio Maia, sobre a transferência de Fábio Souza dos Santos, vulgo "Geleia", homem apontado como uma das principais lideranças da facção criminosa denominada Bonde do Maluco (BDM), que fugiu da Penitenciária Lemos Brito, no último sábado, 21.

O pedido foi feito pelo Desembargador José Edivaldo Rocha Rotondano, corregedor-geral de Justiça. No documento, que será publicado no Diário Oficial da Justiça de sexta-feira, 27, o magistrado deu um prazo de 5 dias para "esclarecer as circunstâncias e motivos que ensejaram a transferência do interno em questão, oficie-se ao Exmo. Sr. Secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, Dr. José Antônio Maia Gonçalves, para que se manifeste acerca desta situação, bem assim do andamento da sindicância que envolve a fuga supramencionada".

Cerca de uma semana antes da fuga dele e de mais seis detentos, Geleia havia sido transferido no Conjunto Penal Masculino, unidade de segurança máxima, mas conseguiu ser transferido para Lemos de Brito, de onde escapou.

O Portal A TARDE teve acesso em que a transferência de "Geleia" é oficializada. A mudança é assinada pelo diretor do Conjunto Penal de Masculino de Salvador, no dia 13 de outubro. [Veja documento]

Questionado pelo reportagem sobre o assunto, a Seap se manifestou em nota. Segundo a Secretaria, "essas movimentações de inteligência são estratégicas e normais dentro da administração penitenciária".

“Entre as ações realizadas, operações de revista geral da unidade, limpeza, entrega de novos colchões e kits de higiene pessoal. O anel superior do módulo v foi esvaziado e desativado para reforma e os internos foram transferidos para outras unidades prisionais do Complexo da Mata Escura. Movimentações de custodiados, seja em razão de operações, por reforma de unidade, decisões judiciais, administração de vagas ou isolamento de lideranças são normais dentro do sistema prisional e acontecem diariamente nas 28 unidades carcerárias do estado”.

A Seap ainda salientou que “Geleia é um interno que estava em regime semiaberto custodiado no conjunto penal masculino, onde há outros líderes de importância similar que, assim como ele, precisam ser isolados em diferentes unidades para evitar o reforço de poder das orcrims com a convivência. Essas movimentações de inteligência são estratégicas e normais dentro da administração penitenciária. Uma sindicância foi aberta pela Seap para apurar as todas as circunstâncias da fuga, inclusive, se houve negligência na transferência de Fábio Santos”.

A nota ainda informa que “novos módulos e unidades prisionais para sentenciados dos regimes semiaberto e fechado foram entregues, alguns sendo habitados por internos que estavam custodiados em unidades diferentes do regime que se encontram e uma movimentação intensa ainda está em andamento. A transferência do interno Fábio Souza dos Santos, conhecido como Geleia, foi parte dessa movimentação que acontecem sempre, desde que se façam necessárias".

Quem é "Geleia"

Apontado como um dos principais líderes do BDM na Região Metropolitana, Geleia, tem uma extensa ficha no crime. Entre os homicídios de que é acusado, estaria o do policial civil Luiz Alberto dos Santos, cometido em outubro de 2017, na localidade de Jardim das Margaridas, em Salvador. Na ocasião, o agente teve seu carro cercado por criminosos e foi executado a tiros. Geleia teria sido o mandante.

Além disso, ele responde a pelo menos dois processos e é citado em outros cinco, a maioria relacionados ao tráfico de drogas. Em 2017, ele também teria tentado subornar policiais para não ser preso, o que acabou ocorrendo em 2018 no Paraguai. Geleia estava dentro de um carro com outros dois homens quando foi abordado pela polícia da cidade de Minga Guazú, na fronteira com o Brasil. De acordo com informações. ele estaria tentando trazer armas para a Bahia.