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Blocos afros ampliam atuação e cobram mais apoio para o Carnaval

Advogado Caio Rocha se destaca por conseguir 25 projetos pelo Ouro Negro

Por Isabela Cardoso

24/04/2025 - 19:23 h | Atualizada em 24/04/2025 - 21:32
Bloco Afro Muzenza
Bloco Afro Muzenza -

Lideranças de blocos afros se reuniram, em um encontro nesta quinta-feira, 24, no Santo Antônio Além do Carmo, com um objetivo comum: encontrar alternativas para garantir a sustentabilidade das suas atividades ao longo do ano e não apenas durante o Carnaval de Salvador. Entre os presentes no encontro, estavam representantes dos blocos Muzenza, Mundo Negro e Bloco da Saudade.

A principal fonte de financiamento desses blocos tem sido o Programa Ouro Negro, realizado pela Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBa) em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi). Em 2025, o programa completou 16 anos e destinou R$ 15 milhões a cerca de 114 entidades culturais.

O advogado Caio Rocha, do escritório Rocha Advogados, tem se destacado nesse cenário. Nos últimos cinco carnavais, ele se especializou no processo de licitação do Ouro Negro — da elaboração dos projetos à prestação de contas. Em 2025, foi responsável por 25 aprovações, o que representa mais de 25% do total.

“Existem muitas oportunidades de financiamento além do Ouro Negro. Temos a Rouanet, Rouanet Jovem, editais do Banco do Brasil, da Caixa, da Embratur. Agora a PNAB, que garante apoio mensal de R$ 10 mil para instituições carnavalescas [...] A intenção é proporcionar que estes blocos culturais consigam desenvolver seus projetos ao longo do ano”, afirma.

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Para Roberto dos Santos, presidente do bloco Mundo Negro, o Ouro Negro foi a "salvação" para a permanência dos blocos culturais no carnaval.

“Se não fosse o Ouro Negro, os blocos já tinham terminado, não tinha como você sobreviver. Nós perdemos os foliões para Chiclete, para Ivete. Hoje esse pessoal é puxador de corda e curte o artista. Antigamente, dentro dos terreiros, era onde fabricava as roupas, e aquele pessoal costurava e saía com a gente. Então a gente perdeu esse pessoal todo [...] O Carnaval de 2025 para a gente foi bom. A gente conseguiu um dinheiro que não dava pra fazer o que a gente pretendia fazer”, comenta.

Dificuldades e avanços

O advogado Caio Rocha, do escritório Rocha Advogados
O advogado Caio Rocha, do escritório Rocha Advogados | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

Para Caio, embora o Carnaval de 2025 tenha trazido avanços, ainda há desafios importantes. Ele aponta atrasos nos trios, disparidades nos prêmios e dificuldades enfrentadas pelos menores blocos.

“É necessário trazermos à discussão como é que a gente pode projetar para que esses blocos culturais consigam sair em um horário nobre e consigam mostrar a cultura para as pessoas, quais são as formas que a gente pode ampliar a divulgação desses blocos”, destaca o advogado.

Caio contou que já articula com a Secretaria de Cultura da Bahia (Secult), o Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) e a Federação dos Blocos uma proposta mais ampla para o ano que vem.

“Nós vamos levar essas pautas para discussão para que a gente pense o Carnaval de um modo mais amplo. Estamos organizando a volta de um prêmio para os blocos culturais da Bahia, junto com o Conselho Municipal do Carnaval. Então a ideia é a gente pensar em fomentar cada vez mais essa parte tão essencial da nossa cultura”, comentou Rocha.

Atrasos no repasse

A demora no repasse dos recursos, um problema comum entre os blocos, foi uma preocupação compartilhada por representantes.

“Hoje, a gente ainda recebe 70% e os outros 30% depois. Esse 70% chega praticamente na véspera do evento. Então, ainda exige uma articulação muito grande, de repente encontrar um preço melhor, encontrar um profissional melhor, pela falta da antecipação desse recurso. Você acaba fazendo com aquele fornecedor que topa fazer a atividade de receber fragmentado conforme a gente também recebe", revela Vagner Peruna, diretor financeiro do bloco Mundo Negro.

Integrantes do Bloco Ilê Ayê
Integrantes do Bloco Ilê Ayê | Foto: CAMILA SOUZA DE JESUS

Para Natinho Passos, presidente do Bloco Samba Popular, a solução passa por uma maior antecipação dos recursos, para que os blocos possam se organizar e garantir um evento de maior qualidade.

“No meu entendimento, essa verba do Ouro Negro deveria chegar em dezembro. Como a prestação de contas será feita de qualquer maneira, ajudaria a agilizar a saída do bloco para um carnaval muito mais bonito na avenida. Esse é um tema que eu acredito que, enquanto entidade, temos de sentar à mesa para essa discussão, para persistir nisso, para mostrar uma melhor qualidade dentro do carnaval”, diz.

Luta pela visibilidade

Para além de atrações de Carnaval, os blocos desempenham um papel fundamental nas comunidades de Salvador. A maioria deles realizam ações culturais e sociais que buscam preservar a ancestralidade e oferecer alternativas de formação para jovens.

“Dentro da possibilidade, a gente promove ações sociais, tanto dia das mães, dia dos pais, dia das crianças. Procuramos participar de editais para levar cursos, mas nós queremos cursos que sejam mais duradouros, cursos de seis meses, para capacitação. Então nós precisamos ter editais que contemplem nossas comunidades, que efetivamente a gente gere a capacidade do indivíduo aprender e se inserir no mercado de trabalho”, afirma Natinho Passos.

Autonomia financeira

Jorge Santos, presidente do Bloco Afro Muzenza do Reggae, destaca a importância de mais recursos financeiros para os grupos, principalmente pelo poder cultural que eles têm.

“No âmbito geral, os blocos afros, em particular, precisam de mais apoio. De mais apoio financeiro, de mais respeito das empresas privadas e um apoio mais consistente das organizações públicas, porque nós fazemos a mostra cultural. Os blocos afro são instituições firmes de força que, ao longo do tempo, sempre com o mesmo potencial, independente do poder aquisitivo ou não”, ressalta.

Jorge Santos, presidente do Bloco Afro Muzenza do Reggae
Jorge Santos, presidente do Bloco Afro Muzenza do Reggae | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

Segundo Jorge, gerir um bloco cultural vai muito além dos desafios financeiros comuns às empresas. Para ele, um bloco de carnaval cultural precisa de continuidade para que ele não acabe.

“É ter o conhecimento de empreendedorismo cultural, empreendedorismo de negócios e novos negócios, isso eu tô falando porque eu já discuti algumas vezes com alguns colegas, é difícil. Uma empresa, se você não tiver dando lucro e você deixar continuando aberta, é uma irresponsabilidade, tem que fechar. Mas uma instituição cultural, ou um bloco de carnaval cultural, se não tiver dando lucro, você tem que dar continuidade, tem que administrar dívida, porque assim não acaba”, explica o representante.

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Tags:

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