SALVADOR
Conferência discute implementação de políticas entre África e Américas
A Conferência da Diáspora Africana nas Américas trará discussões que envolvem o pan-africanismo, memórias, restituição, reparação e reconstrução
Por Carla Melo
Com a presença de ministros, lideranças africanas e americanas, especialistas, pesquisadores, personalidades culturais e representantes de movimentos sociais, uma parceria entre o Governo do Togo, o Governo federal e o Governo do Estado da Bahia deu início nesta quinta-feira, 29, à 6ª Conferência da Diáspora Africana nas Américas, em Salvador.
Durante três dias, o evento trará discussões que envolvem o pan-africanismo, memórias, restituição, reparação e reconstrução, e principalmente sobre o papel e a construção de políticas públicas que envolvem o Brasil e as comunidades de países africanos.
Na abertura, realizada nesta quinta-feira, 29, estiveram presentes na mesa de abertura da conferência o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, a ministra de Cultura Margareth Menezes, a ministra de Igualdade Racial Anielle Franco, o representante de Relações Internacionais do Togo Robert Dussey, a secretária da Promoção de Igualdade Racial da Bahia, Ângela Guimarães, o reitor da UFBA, Paulo Miguez e o presidente do Instituto Brasil África, João Bosco Monte.
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Reforçando a peça fundamental do evento que é a união das diásporas continentais, o ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, disse que a conferência preparatória para a realização 9º Congresso Pan-Africano, que acontecerá nos dias 29 de outubro e 2 de novembro, vai abordar temáticas que perpassam a política de memória do colonialismo, a memória da escravidão e do tráfego transatlântico de pessoas escravizadas para a construção de um afrofuturismo para o mundo através da ressignificação.
“Esse evento de ressignificação, de reconfiguração da nossa nação de humanidade, para que nós, filhos da diáspora, possamos fazer parte dessa humanidade, e nós possamos construir um parâmetro de humanidade que foi feito justamente negando a nossa condição. Não operar a governança global sem a participação dos países da diáspora. Porque é uma governança global que não circula é uma governança global que se abre para o facismo”, disse o ministro.
A ministra de Igualdade Racial Anielle Franco disse que a conferência também será uma porta aberta para a construção de políticas públicas afrocentradas, e que a pauta é um tema central do governo
“A gente está aqui na Bahia hoje, e fazendo concretamente a parte de política que a gente pensou ano passado, com editais, com bolsas de estudos, com acesso à oferta, com a questão do dólar, com a empregabilidade. Quando a gente fala sobre política pública, trazendo os três ministérios que estão aqui, a gente precisa falar sobre transversalidade. Um evento como esse, que a gente vai ter a sociedade, vai ter escutas, e que no final a gente tem esse documento, através dessa parceria com governos internacionais para um passo concreto para que a gente possa ter essa harmonia e busca internacionais”, completou ela.
Margareth Menezes, ministra da Cultura, ressaltou o papel da cultura como ferramenta para reforçar o objetivo da conferência, e a importância da representação de pessoas negras em posições de poder no Brasil e no mundo.
“É uma das ferramentas que o povo negro conseguiu para se preservar, preservar a memória, preservar a história, preservar a religião, inclusive nas religiões de matriz africana, se hoje nós temos aqui possibilidades de conhecer um pouco da nossa história, tem muito a ver com essa preservação que foram memórias guardadas. Esse evento reforça o que já começamos a fazer para trazer pessoas negras, pessoas representativas para lugares de poder. Ainda é pouco para o que queremos, que precisamos, pela própria presença de pessoas negras a procedentes da totalidade da população brasileira, especialmente na nossa terra Bahia. Precisamos parar de nos assombrar com pessoas negras em locais de poder”, complementou a ministra.
A Conferência da Diáspora Africana das Américas acontece entre os dias 29 e 31 de agosto e reúne lideranças de países africanos e das américas, além de diplomatas e representantes de organizações internacionais e regionais, como a União Africana. Pela primeira vez, Brasil foi escolhido para o sediar o evento por possuir a maior população negra fora da África.
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