IMPACTO
Saiba como as taxas anunciadas por Trump irão afetar os baianos
Especialistas afirmam que mesmo aqueles que não possuem nenhuma relação com o fluxo de comércio internacional tendem a ter perdas
Por Jair Mendonça Jr

O Brasil foi um dos países menos afetados pelas tarifas recíprocas impostas por Donald Trump, com uma taxação de 10% sobre seus produtos. No entanto, essa tarifa média é maior do que a vigente e pode impactar os preços de vários produtos. Especialistas ouvidos pelo Portal A TARDE afirmam que os baianos, empresários e consumidores, sentirão no bolso essa nova medida, batizada pelo presidente dos EUA como o “Dia da Libertação”.
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Conforme a economista Daniela Cardoso, professora de pós-graduação em Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), o empresário sentirá por ter que encontrar novo mercado consumidor e o consumidor porque, como haverá reciprocidade, comprará um produto americano mais caro, o que certamente impactará na inflação.
“Por outro lado, importante frisar que como fomos tarifados com alíquota inferior a de outros países, pode ocorrer de expandirmos nossa pauta exportadora para os EUA para suplantar produtos importados de países que tiveram suas alíquotas aumentadas acima da nossa”, explica a economista.
Em relação aos produtores baianos, Daniela diz que soja, algodão, petróleo e café são os principais produtos exportados para os EUA “Apenas a soja baiana representou 50% de toda exportação brasileira em 2024. Para estes produtos, os empresários baianos terão que arrumar novos compradores”, alerta Daniela Cardoso.
Contudo, vale frisar que, a despeito da importância, a Bahia exporta apenas 8% de sua pauta para os EUA, sendo mais de 30% concentrado no mercado asiático, principalmente China e Singapura.
Para Luiz Marques de Andrade Filho, economista, mestre em administração e professor da Faculdade Baiana de Direito, as recentes medidas tarifárias adotadas pelo governo norte-americano criaram uma quebra repentina no ritmo de funcionamento dos mercados, e nas expectativas dos agentes econômicos em todo o mundo.
“É algo absolutamente inédito e disruptivo. E a China, o maior inimigo do presidente dos EUA, já demonstrou ter força e absoluta capacidade para retaliar os produtos norte-americanos de forma igual. Começou uma guerra global de tarifas”, pondera Luiz Marques.
O professor ressalta que, para a Bahia, sua economia e consumidores, o ambiente não é bom, como não é para ninguém nesse momento, com uma grande probabilidade de termos mais inflação e diminuição do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
“Mas, como citado pelo presidente Lula recentemente em entrevista, temos um colchão de liquidez, criado de 2003 a 2014, que é um estoque de reservas internacionais próximo a 380 bilhões de dólares, em poder do nosso Banco Central. Isso nos ajuda a ter gordura para sobreviver às incertezas que estão chegando em termos de macroeconomia.
O especialista em economia completa dizendo que o ambiente no geral não é bom. “O Brasil tem uma certa margem para se segurar, mas todos estamos em um barco navegando em mares de incerteza. A Bahia está junto”, projeta.
Entendendo as Tarifas
Tarifa de 10%: A tarifa imposta pelo governo Trump sobre produtos brasileiros é considerada linear para a maioria das nações com as quais os EUA praticam comércio. A tarifa média passa a ser maior do que a vigente e pode haver impacto nos preços dos produtos.
Medidas do Governo Brasileiro
A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 2088/23 que permite ao Poder Executivo adotar contramedidas em relação a países ou blocos econômicos que criarem medidas de restrição às exportações brasileiras. O governo brasileiro poderá adotar taxas maiores de importações vindas dos EUA ou de blocos comerciais, suspender concessões comerciais e de investimento, ou usar mecanismos como a suspensão de concessões ou de outras obrigações do país relativas a direitos de propriedade intelectual.
Consequências para o Brasil
A taxação extra pode gerar um prejuízo de 2 bilhões de dólares para o Brasil, de acordo com dados do Bradesco. As tarifas aplicadas pelo governo Trump podem afetar toda a economia brasileira, segundo o deputado Rodrigo de Castro.
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