"Ser humano incrível e de luz": família chora morte de copiloto

Dulcival da Conceição Santos, de 39 anos, copiloto de um avião de pequeno porte que caiu na região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, na última quarta-feira, 23, será lembrado por sua família e amigos como alguém que vivia com alegria, intensidade e dedicação à profissão. Natural de Simão Dias, município de Sergipe, Dulcival morava no bairro da Boca da Mata, em Salvador, onde iniciou os estudos e carreira na aviação, após se mudar para a capital baiana.

Solteiro e sem filhos, ele deixa uma trajetória de realizações e muita saudade para os familiares. Especialmente sua sobrinha Jelvania Santos Nascimento, que, em entrevista ao Portal A TARDE, contou um pouco mais sobre quem era o tio.

"Falar de Ducival é falar de vida, é falar de vontade de viver, de alegria, de aproveitar, de saber aproveitar todos os momentos. Apesar da profissão e da distância que se mantinha por conta dos voos, mas sempre esteve presente nos momentos de festejos da família. Sua trajetória profissional não começou agora como piloto, veio de muito tempo, como vendedor de picolé, vendedor de barraca de doce no abrigo aqui em Lagarto, percorreu todos os estados do Brasil com representação de livro. Então veio galgando o seu lugar e o lugar que ele ocupou até hoje, soube chegar", disse a sobrinha.

De acordo com a família de Dulcival, as famílias foram levadas a São Paulo, estado onde o acidente ocorreu, para fazer o reconhecimento de seus familiares e foram contatadas por prepostos da empresa Abaeté.

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Lindiselma Conceição, irmã de Dulcival, também expressou suas lembranças sobre o irmão: "O que falar dessa pessoa incrível? Um ser humano humilde, carinhoso, atencioso, não só com a família, não só com nós, irmãs. Eu, particularmente, não considero ele um irmão, considero ele um filho, porque nós éramos muito amigos e confidentes. E, diante de toda a população do interior onde ele nasceu, ele sempre foi uma pessoa muito solícita, carinhosa, atenciosa. Então, resumindo, quem é Dulcival? É um ser humano incrível e de luz."

Jelvania também relatou o quanto ele era ligado à família, quanto dedicava de seu tempo aos familiares e que o céu estará em festa com sua chegada.

"Então agora só ficam boas lembranças do bom tio que ele foi pra mim, do bom filho que, com certeza, ele foi para os meus avós, o bom irmão, o bom amigo. Falar de Ducival, perguntar de Ducival para qualquer pessoa, você vai ouvir, com certeza, 'vida'. Essa é a palavra que define ele: vida. Ele sempre prezou e fez por onde merecer tudo que teve na vida, porque ele viveu o que tinha que viver. Alegria, parceria, complicidade, companheirismo. Ele é mais que especial. Agora, com certeza, o céu está em festejo. A gente perdeu aqui na terra, fisicamente, mas as memórias vão ficar", relatou.

Relembre o caso

O acidente ocorreu na tarde de quarta-feira (23), quando o avião Embraer-121 Xingu, com capacidade para oito pessoas, colidiu com um morro e caiu em uma área de mata fechada em Santa Branca, próximo ao limite com o município de Paraibuna, a cerca de 100 quilômetros da capital paulista. A aeronave havia partido de Florianópolis (SC) com destino a Belo Horizonte (MG) e desapareceu dos radares às 18h39, conforme informou a Força Aérea Brasileira (FAB).

Moradores da região relataram ter ouvido um som que lembrava uma falha no motor, seguido por um forte estrondo. Chovia intensamente no momento da queda, e a Defesa Civil informou que a cidade de Santa Branca registrou cerca de 40 milímetros de chuva em seis horas, o que pode ter contribuído para o acidente. As equipes de resgate localizaram a aeronave durante a noite, já sem sobreviventes.