BRASIL
Autora de “Um defeito de cor” é a primeira mulher negra na ABL
Ana Maria Gonçalves foi eleita para a cadeira 33
Por Redação

A escritora Ana Maria Gonçalves foi eleita nesta quinta-feira, 10, para a Cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras. A autora, natural de Minas Gerais, se tornou a primeira mulher negra a integrar o quadro de imortais da Casa de Machado de Assis, desde sua fundação, em 1897.
Atual ocupante da cadeira 20, desde sua posse em 2022, o cantor e compositor Gilberto Gil celebrou a chegada de uma mulher negra à instituição.
"Isso representa que estamos vivos, permanecendo ativos nesse contexto variado de diversidades muitas e de todos os tipos: étnicas, culturais, religiosas, etc.”, diz Gil, que definiu a literatura de Ana Maria como de "fôlego e muita potência".
Leia Também:
Desde junho de 2024 empossada, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz disse que a eleição da mineira quebra barreiras
“(Ela) pensa o passado, interfere no presente e faz toda a diferença no futuro. Viva Ana Maria Gonçalves que nos representa nesse Brasil que se quer, e precisa ser, mais plural, inclusivo e assim democrático.”, disse Lilia.
Quem é Ana Maria Gonçalves?
Nascida em Ibiá, município de Minas Gerais, em 1970, ana Maria trabalhou como publicitária em São Paulo, porém abandonou a profissão em 2002, partindo para Ilha de Itaparica, na Bahia, onde escreveu sua primeira obra “Ao lado e à margem do que sentes por mim” que esgotou seus exemplares por meio de divulgação na internet.
Após isso, trabalhou cinco anos em “Um defeito de cor”, um dos romances mais longos da literatura nacional, sendo considerado como um clássico contemporâneo. Dois anos foram dedicados à pesquisa, um para a escrita, e mais dois para a reescrita da saga de 951.
Ela conta a história de Kehinde, menina negra capturada no Reino do Daomé (atualmente Benin) e trazida como escravizada para a Ilha de Itaparica, na Bahia, aos 8 anos de idade.
A história é inspirada na figura real de Luísa Mahin, importante líder da Revolta dos Malês, rebelião de escravizados que aconteceu na Bahia em 1835.
Elogiado por nomes que vão do escritor Millôr Fernandes ao ator Lázaro Ramos, o livro recebeu o prestigioso prêmio Casa de Las Américas em 2007.
Para o presidente da ABL, Merval Pereira, esta obra a coloca entre as maiores escritoras dos últimos 25 anos.
“Só por isso, ela merece entrar para a ABL”, diz o jornalista, que ocupa a cadeira 31, salientando a representatividade da escolha. “Queremos ser reconhecidos como uma instituição cultural que represente o Brasil e a diversidade brasileira.”
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes