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Bahia já contabiliza mais de 100 tremores de terra em 2024

Portal A TARDE entrevistou geólogo do LabSis, que explica sobre os eventos

Publicado sexta-feira, 24 de maio de 2024 às 16:40 h | Autor: Alex Torres e Felipe Sena
Jacobina foi um dos municípios com registro de tremor de terra
Jacobina foi um dos municípios com registro de tremor de terra -

Eventos de tremor de terra tem acometido o norte da Bahia nos últimos dias. Na última terça-feira, 21, por exemplo, a cidade baiana de Jaguarari, a cerca de 407 km de Salvador, teve diversos registros de tremores de terra durante o dia. Segundo informações do Laboratórios Sismológico (LabSis), ao todo, o município teve o registro de 88 eventos de tremores entre 6h37 e 18h40.

De acordo com o geólogo do LabSis, Eduardo Menezes, esses eventos podem aumentar, diminuir ou desaparecer, é difícil precisar, pois dependem de várias questões climáticas. O Portal A TARDE entrevistou o especialista, que explicou se o evento pode ocorrer em outros municípios da Bahia e Nordeste, além de afetar as regiões.

Somente em 2024, o estado da Bahia já contabilizou mais de 100 tremores de terra. Mesmo que de forma sutil, estima-se que a população pode sentir os eventos quando a magnitude ultrapassa a marca de 1.5 mR.

Futuros eventos de tremores?

De acordo com Eduardo Menezes, no caso da Bahia, as áreas monitoradas pelo LabSis, têm ocorrido “eventos de baixa intensidade, que podem aumentar ou diminuir, podendo até desaparecer”. Além disso, o geólogo afirmou que os eventos podem ocorrer em outros locais que o instituto não tem conhecimento, de forma esporádica e com magnitude maior.

No entanto, segundo Eduardo, não há como prever com precisão. “O que é feito nos estudos e mapeamentos é indicar as áreas com maior probabilidade. Na Bahia temos as áreas de Jaguarari, Jacobina e Amargosa, que temos mais dados recentes”, informou o geólogo.

O que acontece em Jaguarari?

Os eventos ocorridos em Jaguarari tem relação com falhas que são ativas. De acordo com Eduardo, por vezes ou outra, há uma frequência de tremores de mais de 80 eventos. “Ano passado teve um dia que chegou a mais de 100”, disse.

Outro problema, de acordo com Eduardo, é a atividade humana na região a partir do trabalho feito em uma mineradora grande na área. “Está sendo feito um monitoramento há cerca de um ano para saber se existe alguma relação direta ou não. Precisamos de muito tempo e observação para definir isso, porque não existe uma sincronia. Então a gente quer saber se a exploração de minério impacta na sismicidade”.

O Nordeste pode ter tremores intensos?

Tarauacá, cidade do interior do Acre, a cerca de 381 km da capital Rio Branco, registrou no dia 28 de janeiro deste ano, um tremor de terra de magnitude de 6,5. A informação foi confirmada pela Agência de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos (USGS).

De acordo com Eduardo diz que o caso do Acre é diferente das cidades do Nordeste, pois os tremores ocorrem com profundidade máxima de 10 ou 12 quilômetros. “A magnitude maior que tivemos no Nordeste girou em torno de 5, que foi em Pacajús-CE, em 1980. A Bahia tem histórico apenas em documentos, que houve tremores no Recôncavo, no século passado, onde ainda não tínhamos equipamentos, mas estimado em quase 5", explicou o especialista.

Já no Acre, os tremores acontecem a 500 ou 600 quilômetros de profundidade, onde, mesmo nessa ordem de grandeza de 6 ou 7 (magnitude), o efeito na superfície é quase nulo, segundo Eduardo. Apesar da força do tremor em Tarauacá, não houve risco à superfície, devido a profundidade do epicentro. No entanto, o tremor foi sentido a 381 km de Tarauacá (AC), em Rio Branco, capital acreana.

Segundo Eduardo, não há como prever se o Nordeste pode ser atingido por tremores como o de Pacajús (CE), que aconteceu em 1980, mas as regiões em que “ocorreram os fenômenos têm probabilidade maior do que em locais que não se conhece”.

Ainda de acordo com o geólogo, há registros históricos de abalos sísmicos no Recôncavo da Bahia, que fica próximo a Salvador. No entanto, não há localização exata, pois o registro foi feito entre 1.700 e 1.800.

“Ficaram relatados que houve vibrações fortes, danificou prédios, o mar avançou. Isso está documentado, mas não sabia-se informar de quanto foi essa magnitude. Pode ser que tenha chegado a 5 ou até mais, mas são apenas relatos da época do império, que alguém documentou e recortou o efeito desses tremores”, explicou.

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