CRIME ORGANIZADO
Entenda como bancos digitais eram usados para lavar bilhões de reais do PCC
Esquema foi descoberto a partir da delação Gritzbach, delator assassinado com tiros de fuzil no Aeroporto de Guarulhos
Por Luan Julião
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A Operação Hydra, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), revelou um esquema complexo de lavagem de dinheiro envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC), fintechs, casas de apostas e bancos digitais. O esquema foi descoberto a partir da delação premiada de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que, mesmo após ser assassinado com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de Guarulhos, forneceu informações cruciais sobre a movimentação ilícita de capitais.
De acordo com os investigadores, as fintechs 2GO Bank e Invbank atuaram como peças chave para a lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas e de outros crimes praticados pelo PCC. Essas empresas, que oferecem serviços financeiros de forma alternativa às instituições bancárias tradicionais, possibilitaram uma engenharia financeira sofisticada para disfarçar os reais beneficiários das transações. O esquema foi projetado para ocultar a origem do dinheiro, dificultando seu rastreamento pelas autoridades.
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O 2GO Bank, em particular, foi utilizado para transações de grandes valores, incluindo a compra de imóveis de luxo pelos membros da facção. Estima-se que as fintechs envolvidas nesse esquema tenham lavado cerca de R$ 6 bilhões, movimentando dinheiro ilícito, enviando e recebendo valores do exterior e auxiliando criminosos a esconderem suas fortunas.
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As investigações revelaram ainda que o dinheiro proveniente de atividades criminosas de membros do PCC, como Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como "Cara Preta", e Rafael Maeda, o "Japa", circulava através dessas empresas. O envolvimento de outros membros da facção também foi identificado, com transações realizadas por intermédio dessas fintechs, com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos valores.
A operação resultou na prisão de diversos envolvidos, incluindo o policial civil Cyllas Salerno Elia Junior, dono do 2GO Bank, que já havia sido preso anteriormente por seu envolvimento com esquemas de lavagem de dinheiro com fintechs. Ele havia sido beneficiado por um habeas corpus no final de 2024.
Esses desdobramentos fazem parte de uma série de investigações que visam desarticular as redes financeiras ilegais ligadas ao PCC, que operam através de meios digitais como fintechs e casas de apostas. A Operação Hydra e a denúncia dos promotores de Justiça evidenciam a utilização de novas tecnologias como ferramentas para facilitar o branqueamento de capitais criminosos, demonstrando como o crime organizado se adapta ao ambiente digital para continuar suas atividades ilícitas.
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