BELÉM
Marca Ambiental consolida protagonismo na transição climática ao receber selo inédito na COP30
Reconhecimento evidencia a inflexão: Biogás e biometano transformam aterro em energia limpa no país

Por Georges Humbert*

A entrega do primeiro Selo Descarboniza-ES à Marca Ambiental, durante a COP30 em Belém, evidencia uma inflexão importante no setor de resíduos brasileiro: empresas tradicionalmente associadas ao fim da cadeia produtiva passam a ocupar espaço central nas discussões sobre descarbonização, energia renovável e economia circular.
O reconhecimento, concedido pelo governo do Espírito Santo dentro do programa NetZeroES 2050, não se limita a um ato simbólico. Ele reflete uma mudança estrutural no modo como a gestão pública estadual avalia esforços empresariais de mitigação climática. Para conquistar o selo, a Marca Ambiental apresentou inventários de emissões auditáveis, metas verificáveis e um plano de ação coerente com práticas efetivas de redução ou compensação de pelo menos 5% de seus gases de efeito estufa — um patamar que, embora inicial, estabelece um novo parâmetro de comprometimento técnico para o setor de resíduos.
Do aterro à matriz energética: a transição tecnológica
A Marca Ambiental, com mais de duas décadas de atuação, tem investido de forma consistente em tecnologias de valorização energética de resíduos. Seu sistema de captura e uso de biogás, já em operação, e o projeto de produção de biometano previsto para 2026 demonstram uma transição concreta do modelo tradicional de aterramento para o de geração de energia limpa.
Esse movimento a posiciona como um ator relevante na matriz energética capixaba e, ao mesmo tempo, como uma referência para políticas de economia circular no país. O investimento em biometano (um gás renovável com potencial similar ao gás natural) reforça a visão de que o setor de resíduos sólidos pode ser uma fonte de energia renovável e segura.
Protagonismo regional e expansão para a Bahia
Além da liderança no Espírito Santo, a expansão da Marca Ambiental para a Bahia reforça esse protagonismo regional. A empresa tem buscado replicar no estado modelos integrados de gestão de resíduos e soluções de recuperação energética baseadas no mesmo padrão tecnológico já consolidado, contribuindo para qualificar a infraestrutura ambiental baiana e ampliar a oferta de serviços alinhados às metas de descarbonização.
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Essa presença fortalece a conexão interestadual de boas práticas e evidencia que a atuação empresarial pode acelerar, na prática, a implementação de padrões ambientais mais avançados no Nordeste.
De iniciativas locais a resultados globais
No contexto da COP30, onde a pressão por resultados tangíveis substitui progressivamente a retórica generalista, o caso da Marca Ambiental destaca a importância das políticas subnacionais e do engajamento privado para acelerar compromissos climáticos.
A diplomacia internacional tem limites claros, e a implementação dos acordos depende inevitavelmente de agentes regionais capazes de transformar metas abstratas em serviços e tecnologias aplicadas ao território.
A presença da empresa na conferência reforça, portanto, um movimento estratégico: o de reconhecer que a transição verde não ocorrerá apenas a partir de grandes setores tradicionais, como energia ou transporte, mas também de segmentos historicamente negligenciados, como resíduos sólidos.
O fato de um selo estadual (Descarboniza-ES) ganhar visibilidade internacional em Belém revela que a agenda climática brasileira se fortalece quando iniciativas locais encontram ressonância global.
Em última análise, a Marca Ambiental demonstra que, ao incorporar métricas ESG consistentes, transparência nas emissões e inovação tecnológica, empresas regionais podem influenciar debates maiores e pressionar por políticas mais robustas.
A COP30 serviu como vitrine — mas, mais que isso, como evidência de que a transição climática passa inevitavelmente por uma reordenação das cadeias produtivas, na qual o setor de resíduos deixa de ser coadjuvante e passa a protagonista.
*Georges Humbert é correspondente de A TARDE na COP30, em Belém.
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