BELÉM
UNFCCC na COP30: cooperação firme e o desafio da desinformação na semana final
Foco do debate inclui a implementação de NDCs, financiamento climático e nova pauta de integridade da informação

Por Georges Humbert*

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), sediada em Belém, entrou em sua segunda semana nesta segunda-feira, 17 de novembro, com a chegada de ministros e delegações de alto nível para impulsionar as negociações. O foco do dia esteve em temas como financiamento climático, implementação de compromissos nacionais e transição para energias renováveis, conforme destacado no “Morning Brief” oficial da COP30.
O dia começou com o “Morning Brief” oficial da COP30, destacando ações em salas temáticas como a “Action Room 1”, focada na implementação de promessas feitas por líderes globais. Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, abriu a semana declarando que a cooperação climática deve “permanecer firme em um mundo fraturado”.
Delegados se reuniram em salas temáticas, como a “Action Room 1”, para discutir a execução de promessas feitas por líderes mundiais.
Descarbonização brasileira e projeções econômicas
No Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou o lançamento de uma consulta pública para a Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial (ENDI), visando explorar as vantagens competitivas do país na transição verde. A iniciativa busca alinhar o setor industrial com objetivos climáticos, embora detalhes sobre sua implementação ainda estejam em debate.
Paralelamente, eventos abordaram questões como empregos verdes – com projeções de até 650 milhões de vagas globais até 2050 – e o lançamento do documentário “Caça-Tempestades – Amazônia”.
A presidência da COP divulgou uma nota preliminar resumindo pontos sobre finanças, ambição climática, comércio e relatórios de emissões, preparando o terreno para negociações mais intensas nos próximos dias.
Pautas críticas: indígenas, fósseis e desinformação
Em relação às demandas indígenas, milhares de participantes, incluindo povos tradicionais da Amazônia, realizaram uma marcha global em Belém nos dias anteriores, organizada por grupos como a Marcha Global Indígena. Os manifestantes defenderam a proteção de territórios demarcados e o fim da exploração de combustíveis fósseis, destacando a importância da justiça climática.
Representantes indígenas, como os do grupo Munduruku, também realizaram protestos pacíficos na semana passada, bloqueando acessos para chamar atenção para suas pautas.
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Na COP30, pela primeira vez, há um item formal na agenda sobre combate à desinformação climática, e vozes indígenas têm ganhado espaço em painéis, com líderes enfatizando sua contribuição para a gestão florestal. Ministros de diversos países, incluindo da União Europeia e da Dinamarca, chegaram a Belém para as rodadas finais, enfrentando desafios como o roteiro para a transição dos combustíveis fósseis, acordado na COP28.
Propostas como a taxação de voos de luxo, defendida por Espanha e França, foram discutidas em meio a preocupações com emissões de delegações que chegam em jatos privados.
A COP30 continua até 21 de novembro, com expectativa de avanços concretos em financiamento – estimado em US$ 1,3 trilhão anuais para países em desenvolvimento até 2035 – e na implementação de ações climáticas.
Fato é que, apesar dos sobressaltos e da forte crítica, dos ambientalistas aos desenvolvimentistas, Belém, como sede na Amazônia, destaca o papel da região na agenda global.
*Georges Humbert é correspondente de A TARDE na COP30, em Belém.
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