TRAGÉDIA
Sobrevivente do holocausto descobre que pai da namorada era nazista
Gabriel Waldman, 86, que atualmente mora em São Paulo, tinha apenas 6 anos quando sobreviveu à tragédia
Por Redação
Um homem que sobreviveu ao Holocausto descobriu que pai da ex- namorada havia sido preso por comandar o campo de extermínio de Treblinka. Gabriel Waldman, 86, que atualmente mora em São Paulo, tinha apenas 6 anos quando sobreviveu à tragédia, mas nove anos depois sofreu com o com Ingrid, que havia rompido o relacionamento sem se explicar.
Até hoje, Waldman ainda guarda lembranças das sensações: principalmente, a fome, o frio e a insônia. "Tudo o que sentimos durante o Holocausto foi ódio puro e destilado. A mágoa profunda, a dor, ficou enterrada em mim por 60 anos", afirmou ao Correio Braziliense o homem que perdeu o pai e toda a família do lado paterno em campos de concentração. Nascido na Hungria, Gabriel foi salvo pela mãe.
Outros dois anos depois, Gabriel descobriu, pela capa de um jornal, que o pai da garota havia sido preso por comandar o campo de extermínio de Treblinka.
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A situação foi um impacto na vida de Gabriel que nasceu na Hungria, e foi salvo pela mãe. “Eu perdi minha família. Somente sobraram minha mãe, que me salvou do Holocausto, e algumas pessoas do lado materno. Do lado do meu pai, não sobrou ninguém. Todos foram assassinados. Eu tive um segundo Holocausto na minha vida. Em 1954, já no Brasil, encontrei uma moça, austríaca”, disse ele.
“Eu falava fluentemente alemão, assim como ela. Nós ficamos muito amigos na escola e começamos a namorar. Ela sabia que eu era judeu e eu não sabia muita coisa da família dela. Afinal, eu namorava com ela, não com a família. Eu tinha uns 15, 16 anos. Depois da escola, nos separamos. Fiz faculdade, fui para a Austrália e, dez anos depois, voltei ao Brasil, onde iniciei um emprego na Volkswagen. Eu era administrador de empresas”, continuou ela.
Lá, reencontrei essa mesma moça, à época, divorciada e sem filhos. Eu, solteiro. O que aconteceu? Voltamos a namorar. Nessa altura, éramos adultas, e o pai dela trabalhava também na Volkswagen. Ela me apresentou o pai, que me convidou para a casa deles. Ficamos muito amigos, me receberam carinhosamente. Conversamos amenidas.
Um dia, ela me chamou, entre lágrimas, me disse que nosso namoro não daria certo e que teríamos de nos separar. Disse-me adeus e que eu tivesse uma boa vida. Enquanto ela falava tudo isso, chorava e me acariciava. Pensei: "Não se termina um relacionamento íntimo chorando".
Não pude dissuadi-la e a vida continuou. Ficou uma mágoa enterrada no meu coração. Até que, um dia, dois anos depois, vi no jornal uma enorme fotografia do pai dela. Embaixo, dizia o seguinte: "Preso, no Brasil, um dos maiores criminosos de guerra da Segunda Guerra Mundial.
O pai dela era um comandante do campo de extermínio de Treblinka. O fato é que enterrei esse assunto no meu âmago. O pai dela foi responsável pela morte de uns 700 mil, 800 mil judeus.
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