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CRÍTICA

Amores Materialistas questiona: estamos amando ou apenas comprando companhia?

Filme mostra o que acontece quando o amor vira planilha

Por Rafael Carvalho - Especial para A TARDE

02/08/2025 - 10:33 h | Atualizada em 02/08/2025 - 21:24
Filme está em cartaz na capital baiana
Filme está em cartaz na capital baiana -

No mundo das relações apressadas, mediadas pela tecnologia, e do capitalismo galopante, mediado pelas leis do mercado, Lucy trabalha como casamenteira, tentando formar casais entre seus clientes solteiros e ultraexigentes. Não é só de amor e conexão que se trata, mas também de um acordo entre as partes que mais parece uma negociação financeira.

Em Amores Materialistas, uma pessoa é também uma peça com valor de mercado. Os atrativos físicos (altura, peso, cor da pele, beleza) são tão importantes quanto a condição financeira, um bom emprego e perspectivas de futuro. Fazer alguém dar match é o desafios das casamenteiras como Lucy.

Interpretada por Dakota Johnson, a protagonista está bem longe da personagem sexualmente reprimida que encarnou na série 50 Tons de Cinza. Aqui, Johnson vive uma mulher que trabalha em uma empresa especializada em formar casais, mas que vive também sozinha, na busca por um par perfeito.

No seu caminho, surge um homem ideal: charmoso, inteligente, bonito, carismático e muito rico, vivido por Pedro Pascal. No mesmo dia, ela reencontra também seu ex-namorado, charmoso, inteligente, bonito, carismático e muito pobre, vivido por Chris Evans.

Harry é o que as casamenteiras chamam de “unicórnio”: o homem perfeito que toda mulher sonha encontrar. Ao invés de oferecê-lo para alguma de suas clientes, Lucy pega o rapaz para si mesma. Começa um envolvimento com ele, mas infelizmente não existe muita química entre os dois.

Por outro lado, seu ex forma com ela o típico casal cheio de desentendimentos, mas com uma atração inexplicável, bonita de se ver. No entanto, ele não consegue sucesso na vida profissional e financeira. Está formado o dilema para a personagem: quem vai ficar com Lucy?

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Decisão de vida

Imagem ilustrativa da imagem Amores Materialistas questiona: estamos amando ou apenas comprando companhia?
| Foto: Divulgação

Dirigido por Celine Song, Amores Materialistas poderia ser visto como uma versão light e menos intensa de seu filme anterior, o ótimo Vidas Passadas. Ali também havia uma mulher dividida entre dois amores, tendo de refletir sobre o que sua vida poderia ter sido se tivesse encontrado certa pessoa no passado. O dilema de Lucy é um tanto diferente, mas está relacionado com o mesmo drama sobre projetar nesses relacionamentos vindouros um ideal de felicidade.

É como ter de tomar ali a decisão correta sobre seu futuro e sobre uma vida a dois antes que seja tarde demais – no universo do filme, se você tem mais de 40 anos, parece que a vida amorosa e sexual já acabou.

O filme novo da diretora é uma comédia romântica com ares clássicos, apesar de faltar um pulso maior na composição desses personagens. A partir da metade do filme, quando fica claro o embate de Lucy entre os dois pretendentes, a narrativa esfria um tanto.

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Entra em cena, por exemplo, a subtrama de uma das clientes que Lucy, que acabou sendo assediada por um dos homens que ela achou ser o par perfeito para a moça. Lucy se sente, de alguma forma, culpada pelo caso, apesar de não poder prever nem ser responsável pelo comportamento das pessoas.

Isso abre espaço para uma discussão sobre a pressão social que recai sobre as mulheres, no sentido de terem de se casar com um bom partido enquanto ainda são jovens – fora a pressão pela maternidade, que também lhes é infligida.

Namoro moderno

Imagem ilustrativa da imagem Amores Materialistas questiona: estamos amando ou apenas comprando companhia?
| Foto: Divulgação

Amores Materialistas lida com um assunto que tem mudado de cara nos últimos anos. A virtualidade das interações entre as pessoas, através do uso ostensivo de aplicativos de encontros, e a falta de tempo de todo mundo, que transformou o ato de paquerar e namorar em algo burocrático e desafiador.

As pessoas são bastante exigentes quanto a tudo – como o homem no filme que busca uma mulher de até 30 anos; quando Lucy lhe apresenta uma candidata com 32, ele recusa porque ultrapassou o limite de idade que ele estabeleceu para si mesmo, tendo ele claramente mais de 40.

A própria Lucy, ao se aproximar de Harry, afirma que ela só se casa com um homem rico, ou pelo menos mais rico do que ela – o faturamento anual em dólares dos personagens é usado o tempo todo no filme como medidor de sucesso econômico.

É, de fato, uma operação financeira que se estabelece naquelas relações. Trabalhando em uma empresa especializada em formar casais, Lucy está acostumada a fazer essas contas e equilibrar os desejos e as posses dos seus clientes.

Mas a questão que se coloca a ela em sua vida pessoal se torna flagrante: quando é que o amor entra na equação?

Mais do que o ideal do amor perfeito, o filme desenha os caminhos de atração e completude entre os personagens, fazendo-os entender que é preciso, em algum momento, ceder e abdicar de suas altas demandas em prol de uma realização pessoal. Porém, quem está disposto a isso?

Nesses relacionamentos modernos, homens e mulheres parecem mais condicionados a suprir uma necessidade pessoal do que realmente constituir uma família – os psicanalistas diriam que esta é, na real, a base de toda relação interpessoal, não apenas os enlaces amorosos.

Com todas essas discussões postas no filme, só lhe falta trabalhar mais um impacto emocional similar ao que se experimentava em Vidas Passadas. Na ânsia de desenvolver uma comédia romântica leve, mas com toques pertinentes e agudos sobre o cinismo das relações amorosas contemporâneas, Amores Materialistas funciona até certo ponto, antes de cair no marasmo.

Amores Materialistas (Materialists) / Dir.: Celine Song / Com Dakota Johnson, Chris Evans, Pedro Pascal, Zoë Winters, Marin Ireland, Louisa Jacobson, Dasha Nekrasova, Emmy Wheeler, Eddie Cahill / Salas e horários: cinema.atarde.com.br/mobile

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Chris Evans pedro pascal

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