TERROR EM TERRAS BAIANAS
Cine Horror: 9ª edição do festival começa nesta quinta no Glauber Rocha
Além da exibição de filmes inéditos do universo fantástico, o festival vai promover um concurso de cosplay
Por Rafael Carvalho | Especial para A TARDE
O terror vive um momento muito frutífero nas artes em geral, carregando consigo muitos admiradores. No cinema, é cada vez maior o número de produções que investem nas marcas do gênero para falar sobre o ser humano e a sociedade. O Cine Horror, festival de cinema que nasceu em Salvador em 2016, chega agora à sua 9ª dição, ampliando o espaço para se exibir e discutir o terror na Bahia.
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Este ano, o evento acontece no Cine Glauber Rocha e começa nesta quinta-feira, 10, às 19h. A programação segue em dois finais de semana: de 10 a 13 de outubro (quinta a domingo) e de 18 a 20 de outubro (sexta a domingo). Serão exibidos ao todo 81 filmes, entre curtas e longas-metragens, além de contar com um desfile e concurso de cosplay e algumas sessões com debates com os realizadores.
“Apesar de não contar com apoio financeiro, o Cine Horror está maior este ano. Tivemos um aumento no número de filmes inscritos (240 desta vez) e consequentemente de aprovados. Aproveitamos também o chamamento do Cine Glauber Rocha para sediar festivais de baixo orçamento”, afirmou Rafael Saraiva, um dos curadores do evento em entrevista para A Tarde.
A abertura na quinta-feira contará com a exibição do curta A Sombra da Terra, de Marcelo Domingos, seguido do longa Amado Pai, de Leo Miguel. Todas as sessões possuem preço popular de R$ 5,00 (valor único).
“A seleção de filmes se abre para outros subgêneros do cinema fantástico: terror, suspense, fantasia, ficção científica e tramas policiais. Isso amplia o leque de produções que acolhemos no festival”, explicou Saraiva. A diversidade da seleção se revela também em filmes de diversos países – são 51 produções nacionais e 30 internacionais.
“Temos um bom volume de filmes nacionais porque realmente vemos que há uma produção constante no Brasil, inclusive de nomes recorrentes que estão sempre fazendo filmes e os mandando para o festival. Tem muita gente buscando fazer carreira nesse nicho”, pontuou o curador.
Entre os brasileiros, além da sessão de abertura, destaque para os longas Suprema, de Danilo Morales, e As Mortes de Hera, de Ramiro Giroldo. Ao fim do evento, haverá premiação para os filmes nacionais em exibição.
Independentes e diversos
Saraiva contou também que boa parte dos filmes selecionados para o evento são de produções independentes e de baixo orçamento, círculo a que o cinema de horror sempre esteve atrelado, pela própria dificuldade e mesmo preconceito que o gênero sofre no momento de conseguir financiamento em editais ou linhas de fomento.
Mas é também das limitações financeiras que se criam produções criativas e originais. É assim tanto no Brasil como em muitos lugares do mundo. Dos Estados Unidos, país de onde saem muitos filmes do gênero, o festival apresenta o longa Algea: God of Pain, do diretor JD Allen.
Ainda entre os longas internacionais, o Cine Horror apresenta o filme da Guatemala El Ojo y El Muro, distopia dirigida por Javier Del Cid; e dois longas da Espanha, Cuentos Sangrientos a la Luz de la Hoguera, de Charli Sangar; e Slasher, de Alberto Armas – este último encerra o festival na noite do dia 20 de outubro.
O evento destaca ainda a produção de curtas-metragens que compõem boa parte da seleção do festival. “Nos curtas, temos uma variedade bem grande de países. Da América Latina, tem filmes da Argentina, Colômbia, Cuba. Mas também tem produções da França, Itália, Reino Unido, Espanha, Israel, Cazaquistão”, pontuou Saraiva.
Os curtas nacionais também têm lugar garantido na programação. Em algumas sessões, haverá debates com os realizadores. Especificamente no dia 19, na sessão das 17h, o evento recebe os diretores dos curtas Visagens e Visões (do paraense Rod Rodrigues) e Convenium (do gaúcho Murilo Fontoura), além dos cineastas baianos cujos filmes completam a sessão.
Horror na Bahia
A produção baiana de cinema de gênero não podia ficar de fora do festival. Este ano, cinco curtas-metragens foram selecionados: Mamãe!, de Hilda Lopes Pontes e Klaus Hastenreiter; Curacanga, de Mateus Di Mambro; Camaleoa, de Eduardo Tosta; Estamos Sozinhos, de Igor Correia; e Dália, de Tainá Mineiro – estes dois últimos curtas são inéditos na cidade.
Para o público baiano, um outro destaque que se repete este ano é o desfile e concurso de cosplay, que acontece no dia 12, sábado, a partir das 15h. Os cosplay são aquelas pessoas que gostam de se vestir e se caracterizar de personagens da cultura pop, de filmes, séries e animes. No universo do horror, esse costume tem se ampliado em diversos eventos pela própria margem de criatividade e inspiração que o gênero oferece.
“Essa foi uma estratégia que utilizamos para ampliar o público do festival. Tem muita gente que faz cosplay aqui na cidade, mas que não conhecia o Cine Horror. Fizemos uma primeira edição no ano passado e percebemos que deu um bom público no dia do desfile, por isso vamos repetir este ano”, observou Saraiva.
São duas ações distintas, mas complementares. Haverá um desfile, aberto a qualquer pessoa que quiser ir caracterizada. E posteriormente o concurso, que é mais fechado, com um júri que elege o melhor cosplay, com direito a premiação. As inscrições para o concurso acontecem lá mesmo no cinema, antes das apresentações. Tanto o desfile como o concurso são atividades gratuitas e abertas ao público.
Quase todos os filmes do Cine Horror são inéditos em Salvador. Para um festival que segue esse recorte específico, sendo o único em atividade na Bahia atualmente e o mais antigo do Nordeste no tema, essa é uma oportunidade única para fãs e admiradores do gênero.
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