PREOCUPANTE
Cineasta brasileira desaparece após ser presa nos EUA
Cineasta foi detida pelo Serviço de Imigração

Por Edvaldo Sales

A cineasta brasileira Bárbara Marques, que foi detida pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) durante uma audiência para obter legalmente o green card — documento para estrangeiros que residem permanentemente nos EUA —, desapareceu. Ela é autora de curtas como ‘Dia de Cosme e Damião’ (2016) e ‘Cartaxo’ (2020).
Desde que foi detida durante uma reunião para solicitação do documento em Los Angeles, a diretora não tem paradeiro certo e permanece incomunicável em meio a transferências constantes entre centros de detenção.
O escritor norte-americano Tucker May, marido de Bárbara, relatou, em entrevista ao portal LeoDias, que recebeu uma ligação da esposa no sábado, 27. Segundo ele, a cineasta disse não saber sequer onde estava.
“Ela já havia sido transportada em vários aviões desde que a levaram do centro de detenção de Adelanto, apesar de um habeas corpus já protocolado e de uma ordem de restrição temporária pendente para impedir exatamente isso”, disse.
De acordo com o May, a companheira “estava apavorada e não sabia onde estava (ficou apenas em uma cela com paredes brancas) nem para onde estavam levando-a. No final da nossa conversa, os agentes do ICE disseram que iriam movê-la novamente, então agora ela pode estar em qualquer lugar”.
Leia Também:
O norte-americano criticou a atuação do ICE. “Uma de minhas maiores preocupações é a falta de regras ou de prestação de contas da agência como um todo. Eles demonstram um desprezo aberto por ordens judiciais e pelo Estado de Direito”, disse.
O marido da cineasta disse que o seu “maior medo é que deportem minha esposa de volta ao Brasil e, durante o trajeto, a deixem por longos períodos em prisões fora dos EUA ou até em locais sem regulamentação na América Central”.
Além disso, ele reforçou que a brasileira não tem antecedentes criminais. “Ela nunca cometeu um crime nem fez nada de errado, exceto ter perdido uma audiência judicial sobre a qual nunca foi devidamente notificada. Ela estava apavorada e chorando quando a colocaram em algemas e correntes, e um agente do ICE pegou o celular e tirou uma selfie, sorrindo diante da dor e do medo dela”, denunciou.
Tucker May disse ainda não ter recebido qualquer retorno da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos nem do Consulado-Geral em Los Angeles, apesar de sucessivas tentativas de contato.
“Se permitirmos que forças federais sequestrem pessoas e façam o que quiserem sem supervisão ou limites de poder, é apenas uma questão de tempo até que comecem a rotular outros setores da sociedade como ‘indesejáveis’ e a desaparecer com essas pessoas também. O pesadelo contínuo da minha esposa é um exemplo do que potencialmente aguarda todos os americanos, a menos que atuemos coletivamente agora para combater os piores impulsos autoritários demonstrados pela atual administração”, finalizou.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes