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ESTREIA

Este novo filme começa com o fim do mundo e termina de forma chocante

Estreia da semana mostra que o maior terror pode ser a finitude da vida

João Paulo Barreto | Especial A TARDE

Por João Paulo Barreto | Especial A TARDE

07/09/2025 - 8:58 h
Fim do mundo sem internet abre espaço para a nostalgia
Fim do mundo sem internet abre espaço para a nostalgia -

Diretor de diversos projetos focados no gênero do terror e suspense, o cineasta Mike Flanagan ganhou notoriedade entre os fãs desse tipo de cinema a partir dos anos 2000, principalmente por conta de filmes como Hush - A Morte Ouve (2016) e de duas adaptações de livros de Stephen King, no caso os trabalhos Jogo Perigoso (2017) e Doutor Sono (2019), esta última uma continuação de O Iluminado, obra literária escrita pelo próprio autor residente do Maine e eternizada por Stanley Kubrick como um dos pilares do cinema.

Desta vez, Flanagan retorna à mente de King para abordar não um tema relacionado à marca horripilante recorrente do autor de Carrie, mas em uma proposta mais filosófica. Funcionando como um mergulho em questões existencialistas que utiliza paralelos entre aspectos pós- apocalípticos de proporções macro para a humanidade, bem como tendo o indivíduo micro em sua realidade questionadora da vida como objeto de análise dramática, A Vida de Chuck, ao menos em seu primeiro capítulo, entrega bem essa missão.

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Dividido em atos, a adaptação do conto de Stephen King tem em seu momento inicial uma impactante reflexão acerca do fim do mundo a partir de desastres naturais gradativos. Os primeiros acontecem na Califórnia, quando tremores de terra provenientes da falha de San Andreas deixam as pessoas inicialmente sem internet.

O que parece ser algo que levará apenas um tempo para se resolver, torna-se uma constante e o mundo sem internet começa a ser uma nova realidade após desastres naturais semelhantes começarem a acontecer em outras partes do planeta.

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Enigmática despedida

Imagem ilustrativa da imagem Este novo filme começa com o fim do mundo e termina de forma chocante
| Foto: Divulgação

É a partir dessa premissa, bem como de uma constante aparição publicitária anunciando a enigmática despedida da misteriosa figura de Chuck, que o filme, em sua promissora primeira parte, busca levar o espectador por uma análise da vida a partir dessa readaptação do ser humano a uma nova realidade analógica.

Neste foco, o filme engrena ótimas possibilidades narrativas, como quando o personagem do professor vivido por Chiwetel Ejiofor começa a perceber tais mudanças de vida na rotina sem internet e, gradativamente, sem rádio ou TV, e, em última instância, sem telefone. Na busca de respostas, reata um diálogo com sua ex-esposa (Karen Gillan), profissional de saúde que vem notando um constante aumento no número de suicídios nos casos que atende.

Uma valorização desses momentos mais intimistas, distantes do abismo virtual e emocional de smartphones e redes sociais, juntamente a um modo de escapar da angústia de um mundo que caminha para o seu fim, dão, inicialmente, ao filme uma reflexão profunda que poderia ser o foco central de sua trama.

Em seu desfecho, inclusive, esse primeiro ato se encerra de maneira brilhante como um símbolo dessa finitude humana em um retorno às coisas simples, como um singelo toque de mãos.

Corta, então, para sua continuação, quando passamos a conhecer mais a fundo quem é o Chuck do título, um homem cuja infância passada junto aos avós (um deles vivido por Mark Hamill) após se tornar órfão de maneira traumática construiu os alicerces de uma personalidade curiosa, questionadora e que terá nas aulas de dança um catalisador para superar sua timidez.

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Intenções louváveis

Imagem ilustrativa da imagem Este novo filme começa com o fim do mundo e termina de forma chocante
| Foto: Divulgação

Distante aqui de qualquer análise calcada no cinismo e na ironia rasteira, é válido frisar que as boas intenções do texto de Mike Flanagan e do próprio Stephen King são perceptíveis, principalmente no que tange a aspectos relacionados ao otimismo e a questões existencialistas que passam pela nossa mente de vez em quando.

E a análise metafórica da morte como um desfecho inevitável para todos nós, mas cujo pensamento, como uma fuga da ansiedade, preferimos deixar escondido em um cômodo mental isolado e fechado (algo que o filme demonstra bem em uma eficiente alegoria com um quarto), surge na trama como uma eficaz reflexão.

E sendo um diretor notório por sua competência na criação de imagens visualmente impactantes, o momento em que tal cômodo revela o que a porta fechada esconde é de uma surpresa que torna essa reflexão sobre finitude da vida ainda mais eficaz.

Da mesma maneira, é louvável como A Vida de Chuck aborda a relação de seu personagem título com essa busca pelo simples, pelo local de conforto mental que todos nós encontramos e lá buscamos ficar cada vez com mais frequência quando a realidade nos sufoca.

Pode soar cafona, mas é a mais pura verdade. E que melhor remédio que a nostalgia? E o filme desenha esse momento com graça e delicadeza, quando vemos Chuck (vivido com carisma por Tom Hiddleston) dançar em uma via pública ao som da bateria de uma artista de rua e uma referência pessoal de suas lembranças tenras com a avó que o criou.

Então, seria essa uma análise desnecessariamente ácida, cínica e demasiada sarcástica (e essas três características nem sempre rimam com inteligência, importante frisar) se não fosse reconhecido esse esforço do filme em se abordar um afeto e carisma contidos em seu protagonista e no modo como o mesmo busca um significado em sua vida.

Essa mesma vida que, logo descobrimos, será ceifada de forma precoce por um câncer. Mas não se preocupe, isso não é um spoiler. A despedida do personagem é anunciada logo em seus momentos iniciais de filme.

Porém, é inevitável nesse texto precisar apontar uma artificialidade da direção de Flanagan ao abordar tais temas relacionados a questões filosóficas e existenciais sem perceber uma constante tentativa de manipulação emocional de sua audiência.

A mesma acontece pelo uso constante de uma narração (na eficiente entonação de Nick Offerman) a guiar o espectador como uma muleta e, claro, a partir de sua música incidental como principal ferramenta de criação dessa tentativa de dar profundidade a temas que, em sua maior parte, são banais.

Talvez se o foco do roteirista e diretor pudesse ter sido um aprofundamento dos aspectos emocionais sólidos de seu primeiro ato, o filme não parecesse tão frágil e esquecível em sua proposta dramática nos dois atos finais.

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