CINEMA NACIONAL
Homenagem a Antônio Pitanga encerra Mostra Cine SESI e celebra cinema baiano
Evento gratuito valorizou o cinema baiano, discutiu os desafios da distribuição e homenageou o ator e diretor que lança em breve o filme Malês

Por Beatriz Santos e Bianca Carneiro

A 2ª edição da mostra Cine SESI chegou ao fim nesta terça-feira, 9, em Salvador, consolidando-se como um espaço de resistência e difusão da cinematografia baiana.
Com sessões gratuitas, oficinas e atividades formativas, o evento impulsionou a produção audiovisual local e encerrou sua programação com uma homenagem a Antônio Pitanga,ator, diretor e ícone do cinema nacional.
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Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, o homenageado destacou a dimensão do tributo. “A homenagem que eu recebi do SESI não é qualquer homenagem, porque ela interage muito com esse movimento que Malês [filme] provoca: de levar a história, de ajudar na formação dessa juventude a partir da educação. Cria um farol da memória e revela a memória como conhecimento.”
O longa Malês, dirigido por Pitanga e com estreia marcada para 2 de outubro, retrata a Revolta dos Malês, de 1835, o maior levante de pessoas escravizadas no Brasil. O filme traz no elenco Camila e Rocco Pitanga, Bukassa Kabengele, Samira Carvalho e Rodrigo de Odé, com roteiro de Manuela Dias. O ator ainda interpreta Pacífico Licutan, líder da rebelião.
Um gesto de reconhecimento
Para Pitanga, o tributo recebido no encerramento da mostra reforça o papel do cinema como ferramenta de transformação social. “Eu acho que o SESI, prestando essa homenagem, é nada mais, nada menos do que fazer a mesma coisa, o mesmo movimento, só que no século XXI”, disse.
O ator relacionou a homenagem ao trabalho social da instituição em Salvador: “Essa é exatamente a coisa mais importante que eu tenho vivido nesse momento. O SESI, na Cidade Baixa, em Caminho de Areia e toda a sua direção, estão fazendo um dos gestos mais nobres: olhar para a juventude. E, através desse olhar, levar informação, levar conhecimento. Tudo começa na educação. Viva o SESI.”
Emocionado, completou: “O SESI também, ao prestar essa homenagem, me comove, porque revisita a minha vida e traz para o primeiro plano um dos gestos mais nobres: reconhecer a minha carreira, o meu trabalho — seja na política, na cultura ou questões sociais. E eu me vejo: o SESI sou eu lá atrás, e o SESI sou eu hoje, com este olhar, não da Cidade Alta, mas da Cidade Baixa. Por isso, o SESI do Caminho de Areia, quando me presta essa homenagem, bate forte no meu coração.”
Cinema baiano em cena e os desafios da distribuição
A curadora Dayse Porto ressaltou que, apesar da alta qualidade das produções baianas, a distribuição ainda é um gargalo. “A questão urgente neste momento é fazer com que essas produções cheguem aos públicos. Grandes filmes são realizados, ganham prêmios, mas muitas vezes têm apenas uma sessão de exibição e depois simplesmente não são mais vistos”, afirmou.
A mostra exibiu mais de 30 obras audiovisuais e promoveu oficinas voltadas para jovens e iniciantes na área. Para Dayse, esse contato com diferentes públicos ajuda a formar plateias e a revelar novos talentos. “Ao mesmo tempo, temos também oficinas e painéis que vão dizer para uma parcela desse público: você também pode atuar com cinema”, acrescentou.
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