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O INÍCIO

‘Luiz Gonzaga: Légua Tirana’ revela infância e juventude do Rei do Baião

Filme retrata a formação do Rei do Baião e como o sertão moldou sua arte

Por Rafael Carvalho - Especial para A Tarde

24/08/2025 - 4:46 h
Luiz Gonzaça ainda criança, mas já com a sanfona
Luiz Gonzaça ainda criança, mas já com a sanfona -

As imagens, sons e elementos do sertão nordestino, em boa medida, ficaram eternizados na cultura brasileira através da música. O trabalho e o alcance da obra de Luiz Gonzaga foram fundamentais para sedimentar esse pilar cultural. O Rei do Baião ganha agora mais uma cinebiografia que ajuda a dar luz sobre como se formou essa personalidade artística.

Porém, longe de querer dar conta de toda a vida do grande artista, Luiz Gonzaga – Légua Tirana busca retratar em especial a infância e juventude do jovem Luiz. Ou seja, busca inspiração nos anos de formação do homem que viria a ser uma das representações mais potentes em termos de cultura nordestina.

Dirigido pela dupla Diogo Fontes e Marcos Carvalho, o filme já está em cartaz nos cinemas. Faz um trabalho cuidadoso de pesquisa e reconstituição de época, em parte porque colaborou na feitura do roteiro Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz que resgatou suas memórias de convivência com o tio.

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É um foco diferente, por exemplo, de Gonzaga: De Pai pra Filho (2012), dirigido por Breno Silveira, em que víamos a relação conturbada entre o grande artista e seu filho Gonzaguinha, também músico.

Légua Tirana, por sua vez, faz uma digressão na biografia de Gonzaga para entender como se constituiu nele o imaginário sertanejo que viria a produzir uma obra de profundo impacto na cultura popular do Brasil.

‘Coming of age’ sertanejo

Imagem ilustrativa da imagem ‘Luiz Gonzaga: Légua Tirana’ revela infância e juventude do Rei do Baião
| Foto: Divulgação

Nascido na zona rural de Exu, município do interior de Pernambuco, o pequeno Luiz vai passar sua infância embebido no ambiente sertanejo.

De pais humildes que trabalhavam na fazenda de um rico latifundiário, Luiz ajudava a família no trabalho cotidiano, mas já encantado pelo universo musical.

Desde pequeno, o garoto demonstrava uma habilidade precoce para tocar sanfona, espelhando-se no próprio pai, Januário (Bruno Parmera), um forrozeiro já conhecido na região – inclusive sendo pioneiro na utilização da sanfona de oito baixos, instrumento de difícil execução, mais tarde conhecida como “sanfona nordestina”.

Mas é ali que o pequeno Luiz experimenta, acima de tudo, a vida sofrida e penosa do homem sertanejo, apesar de repleta de elementos que constituem um vasto universo cultural, geográfico, humano e natural.

Imagem ilustrativa da imagem ‘Luiz Gonzaga: Légua Tirana’ revela infância e juventude do Rei do Baião
| Foto: Divulgação

Seria, portanto, uma espécie de coming of age (rito de passagem) de uma figura ilustre. Um filme de formação para aquele que conhecemos como o grande músico e futuro Rei do Baião. Na fase infantil, Gonzaga é interpretado pelo ator mirim Kayro Oliveira, cujos grandes olhos e ouvidos apurados observam e absorvem os dados de um mundo muito próprio e rico.

Sertão profundo

Ao retratar a juventude do pequeno Luiz, o filme busca fazer um apanhado dos elementos constitutivos do universo sertanejo que mais tarde seriam utilizados como matéria-prima de suas canções.

Estão lá o trabalho servil dos pais na propriedade de um rico fazendeiro – ainda que fosse um patrão compreensivo e gentil –, aliado às questões de posse de terras e dependência econômica. Também aparece a questão racial que Luiz sofre na pele ao ser chamado de “negrinho” e discriminado pela sua cor.

Imagem ilustrativa da imagem ‘Luiz Gonzaga: Légua Tirana’ revela infância e juventude do Rei do Baião
| Foto: Divulgação

A paisagem nordestina se impõe, com a secura da terra e as típicas fauna e flora do sertão. Nesse ambiente, ele vai se encontrar, por exemplo, com um cangaceiro (vivido por Luiz Carlos Vasconcelos), em que vislumbra a possibilidade de violência, da mesma forma que, mais adolescente, se encanta e se decepciona com as investidas amorosas.

Há espaço também para certas intervenções poéticas e lúdicas. O assum preto – pássaro eternizado na música de mesmo nome – ganha no filme a corporificação de um homem cego, uma espécie de preto velho que cruza o caminho do garoto e o ensina a se atentar para os sons do sertão.

“O mundo é uma música, meu filho. Basta ouvir”, diz o homem, tal qual um conselheiro, que percebe no garoto a veia artística e o incentiva a seguir o caminho dos seus sonhos, que é viver de música.

Pronto para brilhar

O filme deixa para a parte final as fases jovem e adulta de Gonzaga, agora já perseguindo uma carreira musical mais sólida, ainda que com certa dificuldade.

Vivido por Welinton Oliveira, o imberbe Luiz, munido de sua sanfona, começa a fazer pequenas apresentações em bares e bordéis da região.

Veremos também, em uma fase mais adulta – interpretado, dessa vez, pelo sanfoneiro na vida real Chambinho do Acordeon – como ele vai precisar romper com os laços familiares para ganhar o mundo e se tornar o famoso forrozeiro de inúmeros sucessos nas rádios do Brasil.

Imagem ilustrativa da imagem ‘Luiz Gonzaga: Légua Tirana’ revela infância e juventude do Rei do Baião
| Foto: Divulgação

O roteiro do filme peca por apresentar alguns diálogos um tanto expositivos e explicativos, além de frases de efeito em demasia. Possui um tom mais próximo de uma cartilha edificante, tomando como exemplo a história de um homem simples que venceu barreiras e se tornou um ícone da cultura nordestina.

Quem busca escutar no filme os grandes clássicos do forró imortalizados na voz e na sanfona de Luiz Gonzaga também pode se decepcionar – a trilha sonora é muito incidental e apenas vislumbra os acordes das canções mais icônicas.

Ainda assim, Légua Tirana cumpre o papel de revelar a trajetória do homem antes de se tornar o mito.

Imagem ilustrativa da imagem ‘Luiz Gonzaga: Légua Tirana’ revela infância e juventude do Rei do Baião
| Foto: Divulgação

Serviço

  • ‘Luiz Gonzaga - Légua Tirana’
  • Diretores: Marcos Carvalho, Diogo Fontes
  • Atores: Cláudia Ohana, Tonico Pereira, Luiz Carlos Vasconcelos, Chambinho do Acordeon, Wellington Lugo, Kayro Oliveira
  • Salas e horários: cinema.atarde.com.br

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Tags:

cinebiografia cinema brasileiro cultura nordestina Luiz Gonzaga

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