CINEMA NACIONAL
Luiz Melodia: Documentário celebra legado atemporal do artista
Filme, que estreou hoje, ganhou uma pré na capital baiana
Por Beatriz Santos
No dia 16 de janeiro chega aos cinemas 'Luiz Melodia: No Coração do Brasil', documentário que promete emocionar e resgatar a trajetória de um dos artistas mais originais e versáteis da música brasileira. Narrado em primeira pessoa, o filme é uma celebração sonora e visual que permite ao próprio Luiz Melodia contar sua história, reforçando a importância de sua obra como um marco cultural.
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Dirigido por Alessandra Dorgan e com roteiro assinado por Patricia Palumbo e Joaquim Castro, o longa é fruto de sete anos de trabalho, com uma cuidadosa pesquisa de arquivos raros e inéditos. A produção ganhou uma pré-estreia na última segunda-feira, 13, na Saladearte Cinema da UFBA, em Salvador.
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Um projeto de paixão e persistência
Em entrevista exclusiva para o Cineinsite A TARDE, Patricia Palumbo, roteirista e diretora musical do documentário, revelou que o projeto nasceu de sua admiração pelo artista e de sua amizade com Alessandra Dorgan, diretora do longa. “Começamos a conversar sobre o filme há muito tempo atrás, foram sete anos de trabalho. Minha parte na concepção do filme começou junto com a Alessandra Dorgan, que é a diretora. Nós somos amigas há muito tempo, ela tem um trabalho muito bonito numa série feita pela HBO chamada ‘Clubversão’, que eu admiro muito”, conta.
A proposta de deixar o próprio Luiz narrar sua história veio a partir de uma entrevista realizada por Patricia em 2000, para seu livro Vozes do Brasil. “A gente tinha o áudio dessa entrevista, e resolvemos começar a trabalhar a partir desse áudio. Decidimos deixar que ele conte a história dele, deixamos Luiz Melodia ser a primeira pessoa nesse documentário,” explica.
O processo de pesquisa revelou um vasto acervo de imagens e registros históricos. Patricia descreve a complexidade dessa etapa: “Foi de fundamental importância esse trabalho de buscar e fazer uma varredura no que era possível encontrar sobre ele [Luiz Melodia] nos mais diversos acervos, que raramente são organizados, o que é um problema no nosso país.”
Entre as descobertas mais preciosas, estão materiais cedidos por Jane Reis, viúva do cantor. “Ela nos deu acesso a fitas VHS, CDs, e isso foi essencial para compor o filme,” diz Patricia. Além disso, a equipe conseguiu registros de emissoras como TV Cultura, TV Globo e até uma contribuição da TV Bahia.
Ainda assim, a produção enfrentou muitos desafios, sobretudo financeiros. “Acho que o maior desafio para fazer o documentário é a falta de incentivo. Não temos dinheiro para trabalhar, as produtoras não têm dinheiro, as diretoras não têm dinheiro, ninguém tem estrutura. É sempre muito sofrido correr atrás,” desabafa a roteirista.
Um artista atemporal
Luiz Melodia, que por vezes foi rotulado como “maldito”, tem sua relevância cultural reafirmada no documentário. “Ser taxado de maldito, como ele mesmo conta no filme, no princípio foi engraçado, depois virou muito desagradável, pois ninguém quer ser maldito,” diz Patricia.
Para ela, Melodia representa a essência da música brasileira: “Ele é um pós-tropicalista, ele é um antropofágico dentro da canção, ele é um poeta da geração maldita ali dos anos 70.” Sua obra, segundo Patricia, transcende o tempo: “A obra do Luiz Melodia é atemporal, porque ele tem essa grande qualidade da música brasileira, que é a amálgama entre tantos gêneros para criar algo original. Essa diversidade musical que ele apresenta é a cara do Brasil.”
O documentário reflete a pluralidade artística de Luiz Melodia, tanto em sua música quanto em sua presença de palco. “Conversamos muito em cima das músicas do Luiz, em cima do repertório musical dele e em cima do personagem que ele levava para o palco. Um homem bonito, sempre muito bem vestido, um grande dançarino, aquele cantor maravilhoso, que se entrega para a música daquela maneira,” explica Patricia.
Essa diversidade é retratada na estética visual do filme, que mescla registros históricos com a profundidade sonora das composições de Melodia. “A ideia foi mostrar através da diversidade de imagens, a diversidade da música dele,” conclui.
*Sob supervisão de Bianca Carneiro
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