DISPUTA
Paramount faz nova oferta bilionária pela Warner para barrar a Netflix
Proposta hostil inclui garantia pessoal de Larry Ellison e reacende disputa por ativos da Warner Bros.

Por Beatriz Santos

Após a Warner Bros. Discovery rejeitar a primeira oferta de aquisição, a Paramount Skydance voltou à mesa com uma nova investida bilionária. A iniciativa surge como resposta direta à recusa dos acionistas da WBD e tem como objetivo impedir um possível acordo com a Netflix.
Em comunicado à imprensa divulgado pela Paramount (via CNBC), a empresa informou que Larry Ellison concordou em oferecer uma garantia pessoal irrevogável de US$ 40,4 bilhões para o financiamento da proposta.
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“Larry Ellison concordou em fornecer uma garantia pessoal irrevogável de US$ 40,4 bilhões do financiamento de capital para a oferta e quaisquer reivindicações de danos contra a Paramount”, disse a empresa. Segundo a nota, Ellison, pai do CEO da Paramount, David Ellison, também se comprometeu a não revogar o fundo fiduciário da família nem transferir ativos de forma adversa durante uma transação pendente.
A Paramount Skydance está oferecendo US$ 30 por ação pela Warner Bros. Discovery em uma tentativa hostil que visa impedir um acordo com a Netflix. A movimentação intensifica a disputa entre os conglomerados e amplia a pressão sobre o conselho da WBD em meio às negociações em curso.
Na semana passada, o presidente da Warner Bros. Discovery, Samuel Di Piazza, afirmou à CNBC que havia preocupações sobre o suporte financeiro por trás da proposta. “Não tínhamos certeza de que uma das pessoas mais ricas do mundo estaria presente no fechamento do negócio”, disse Di Piazza na época. “Fazer um acordo é ótimo; fechar um acordo é melhor.”
Até o momento, a Warner não se manifestou oficialmente sobre a nova oferta. Ainda assim, fontes indicam que o entendimento com a Netflix segue avançando e pode ser concretizado no próximo ano, caso não haja impedimentos regulatórios significativos.
O que muda para a Netflix?
A Netflix busca acelerar seu crescimento ao incorporar um vasto catálogo histórico de filmes e séries, incluindo ativos premium como HBO e HBO Max, além de estúdios e franquias consolidadas.
A estratégia representa uma mudança relevante em relação ao modelo tradicional da empresa, historicamente baseado em produção orgânica e licenciamento, passando agora a integrar grandes ativos clássicos de Hollywood.
A operação, no entanto, depende de aprovações regulatórias e pode enfrentar um rigoroso escrutínio antitruste, dada a posição dominante da Netflix no mercado global de streaming.
Expansão estratégica e pressões regulatórias
Caso avance, a aquisição marcaria uma inflexão estratégica da Netflix. Sob seu guarda-chuva, o estúdio Warner poderia manter lançamentos nos cinemas com janelas tradicionais, operando em um modelo híbrido entre streaming e exibições teatrais.
A proposta, porém, enfrenta resistência de cineastas, produtores e legisladores, que pedem ao Congresso dos Estados Unidos uma análise antitruste aprofundada por risco de concentração de mercado.
Disputa acirrada e resposta do governo
Durante o processo, a Paramount Skydance questionou a condução da venda e acusou a WBD de favorecer a Netflix, defendendo a criação de um comitê independente para avaliar as propostas. Grupos políticos também manifestaram preocupação pública com a expansão da Netflix sobre operações de TV e cinema.
As negociações seguem exclusivas por prazo limitado e podem culminar em um anúncio oficial caso Netflix e WBD alinhem os termos finais. Em seguida, o acordo ainda precisará passar pelo crivo dos reguladores — uma etapa que pode se estender ao longo de 2026.
A proposta da Netflix já chamou a atenção de órgãos reguladores nos EUA, com cartas enviadas à Procuradora-Geral Pam Bondi, ao presidente da FTC Andrew Ferguson e à procuradora-geral adjunta da divisão antitruste do Departamento de Justiça, Gail Slater.
Diante desse cenário, a Paramount teria alertado o time jurídico da Warner de que a negociação com a Netflix pode não se concretizar em razão dos entraves regulatórios, reiterando acusações de favorecimento ao streaming durante as tratativas.
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