ÍCONE DA BAHIA
Wagner Moura é o novo Pedro Pascal? Baiano chamou atenção em Hollywood
Latinos têm conquistado cada vez mais destaque no entretenimento internacional
Por Edvaldo Sales

Quando se fala em trajetória de sucesso dentro da atuação internacional, é inevitável pensar em alguns rostos que estão em destaque. Atualmente, dois nomes vêm à mente quando o assunto é esse: Wagner Moura e Pedro Pascal, artistas que percorreram um caminho parecido e têm recebido o reconhecimento que merecem pelos seus trabalhos.
Com cada vez mais influência no cenário do entretenimento global, o ator baiano tem chamado atenção da indústria com atuações de peso e um posicionamento firme contra estereótipos. Assim como Pascal, Moura simboliza a ascensão dos latinos e seu nome já circula entre os grandes, inclusive, atraindo comparações com o chileno nas redes sociais.
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Como bem pontuou o brasileiro, que vem sendo destaque no Festival de Cannes, na França, os latinos fazem parte de grupo “sub-representado em Hollywood”, mesmo sendo uma população enorme lá, “com poder econômico e político”.
“A gente ainda é visto pelos roteiristas brancos americanos de forma estereotipada. Então, o meu trabalho, não só quando eu produzo uma coisa, mas como ator, eu me sinto na obrigação de recusar qualquer personagem que me ofereçam e que eu vejo que é um olhar estereotipado sobre o nosso povo”, revelou o ator, em entrevista concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Trajetória de Wagner Moura

Um dos principais atores brasileiros em atividade, Wagner Moura, soma mais de 50 títulos na carreira, entre eles, produções para TV, cinema e streaming. O baiano começou a carreira no teatro, em Salvador. No início dos anos 2000, ele migrou para a televisão e cinema. Seu primeiro crédito nas telonas foi no filme ‘Sabor da Paixão’ (2000), com Penélope Cruz e Murilo Benício, mas como personagem secundário. Alguns anos depois, ele estrelou ‘Deus é Brasileiro’ (2003) e ‘Carandiru’ (2003) e fez sua estreia na TV na série ‘Carga Pesada’.
Moura alcançou outros patamares na carreira em 2007, ao protagonizar ‘Tropa de Elite’, de José Padilha, o baiano ‘Ó Pai, Ó’, ao lado de Lázaro Ramos, e entrar para o elenco principal da novela ‘Paraíso Tropical’, da TV Globo, com o personagem Olavo. Nos anos seguintes, participou de diversos filmes, incluindo ‘Tropa de Elite 2’ (2010) e ‘O Homem do Futuro’ (2011).
Em 2013, o ator estreou em Hollywood ao integrar o elenco de ‘Elysium’ (2013), protagonizado por Matt Damon. Mas foi mesmo no ano de 2015 que o baiano ganhou fama internacional ao viver Pablo Escobar, o mais famoso narcotraficante da história, em ‘Narcos’, aclamada série da Netflix. Depois disso, o astro passou a somar produções internacionais no currículo, como ‘Wasp Network: Rede Espiões’ (2019), ‘Iluminadas’ (2022), ‘Sr. & Sra. Smith’ (2024), ‘Guerra Civil’ (2024) e a mais recente ‘Ladrões de Drogas’ (2025). Vale lembrar que em 2019, Wagner Moura fez sua estreia na direção com ‘Marighella’, protagonizado por Seu Jorge.
Atualmente, Moura é um dos destaques do Festival de Cannes 2025, por sua interpretação de Marcelo, protagonista do longa ‘O Agente Secreto’, dirigido por Kleber Mendonça Filho. O ator, que foi ovacionado no evento, é um dos cotados para vencer o prêmio de Melhor Ator e pode trazer uma Palma de Ouro inédita para o Brasil.
Veja a reação do público:
ELE MERECE! Wagner Moura é ovacionado em Cannes. pic.twitter.com/ucJb0tg3Kk
— SB (@SeriesBrasil) May 18, 2025
Trajetória de Pedro Pascal

Pedro Pascal é amplamente reconhecido por seus papéis em séries de sucesso como ‘The Last of Us’, ‘Game of Thrones’ e ‘The Mandalorian’. Nascido em Santiago, Chile, ele e sua família se mudaram para os Estados Unidos quando ele tinha apenas 9 anos, fugindo da instabilidade política em seu país natal. Crescendo em San Antonio, Texas, Pascal sempre teve uma paixão pela atuação, que começou a desenvolver durante sua adolescência. Ele se formou pela Universidade de Nova York, onde aperfeiçoou suas habilidades no Tisch School of the Arts.
O ator iniciou sua carreira artística no início dos anos 2000 — aparecendo em programas como ‘Buffy, a Caça-Vampiros’ e ‘Law & Order’ —, conquistando o público com performances memoráveis e diversas ao longo de sua trajetória.
A relevância dele no cenário atual se deve não apenas a sua habilidade como ator, mas também a papéis emblemáticos. A carreira de Pascal disparou após seu papel como Oberyn Martell, em Game of Thrones, conquistando uma base de fãs significativa, e depois com o seu Din Djarin em The Mandalorian.
Mas anos antes, assim como Wagner Moura, Pedro Pascal também se destacou ao fazer parte do elenco de Narcos, como Javier Peña, um ex-agente americano que era rival de Pablo Escobar, vivido por Moura.
Recentemente, Pascal recebeu uma indicação ao Primetime Emmy Award de 2023 por sua atuação em The Last of Us, entrando para a história como o segundo ator latino a concorrer ao prêmio de Melhor Ator em Série Dramática.
Seu próximo trabalho de destaque é em ‘Quarteto Fantástico: Primeiros Passos’, novo filme do Marvel Studios em que ele vai interpretar Reed Richards, o Senhor Fantástico.
Crushes da cultura pop

Além dos elogios da crítica especializada, Wagner Moura e Pedro Pascal também conquistaram o coração e o carinho dos fãs por causa da personalidade marcante e pelo carisma. Os dois já podem assumir, facilmente, o posto de ‘crushes' da cultura pop, pelo menos se depender dos admiradores.
Nas redes sociais, Moura já recebeu os seguintes elogios: “Wagner Moura tem aquela malícia no olhar que promete pecado — e entrega”, “Um talento surreal, beleza, o maior de sua geração, nordestino e com um posicionamento político desde sempre muito claro. Wagner Moura é o maior” e “Wagner Moura é aquele artista brasileiro que dá muito orgulho de ver fazendo sucesso. Um homem talentoso e sensato, que sempre soube muito bem como se posicionar politicamente e não teve medo de defender a democracia no Brasil”.

Os elogios para Pedro Pascal seguem a mesma linha: “Pedro Pascal seja o pai dos meus filhos”, “Obrigado, Pedro Pascal, por ter sido o melhor Joel Miller que poderíamos ter. Encarnou o personagem em todas as suas fases, adicionou mais camadas, fez a gente se apegar quase como um pai”, e “Pedro Pascal roubou todo o carisma e personalidade do mundo”.
Pascal, que é irmão da atriz e ativista transgênero Lux Pascal, também é bastante engajado com pautas sociais e sempre que pode defende os grupos menos favorecidos. “Eu sou um imigrante. Meus pais são refugiados do Chile. Fugimos de uma ditadura e tive o privilégio de crescer nos Estados Unidos depois de receber asilo na Dinamarca. Eu defendo essas proteções. Sempre”, disse o ator durante coletiva de imprensa no Festival de Cannes deste ano.
Veja o momento:
🎥| Pedro Pascal se pronuncia a favor da proteção de imigrantes nos Estados Unidos.
— Pedro Pascal News Brasil (@PedroPascalNews) May 17, 2025
"Eu sou imigrante. Meus pais são refugiados do Chile. Nós fugimos de uma ditadura. Eu defendo essa proteção. Sempre." pic.twitter.com/ohyNDOMVtZ
Trajetórias parecidas

O jornalista e crítico de cinema de A TARDE, Rafael Carvalho, destacou que esses atores latino-americanos têm conseguido se destacar para além do estereótipo. “É uma coisa muito difícil e complicada. Às vezes eles fazem personagens que não têm nada a ver com latinos, e quando são, são bem trabalhados”, disse.
“Eu entrevistei o Wagner recentemente, para falar sobre Ladrões de Drogas, série na qual ele faz um brasileiro, e ele disse que o personagem é brasileiro porque ele exigiu. Ele fala que tem esse desejo mesmo, de demarcar esse lugar, ao mesmo tempo em que você trabalha para combater esses estereótipos”, pontuou.
O especialista acredita que tanto Wagner quanto Pedro, têm conseguido se desvencilhar disso. “Eu sinto até o Pedro mais que o Wagner. Mas, no geral, é uma qualidade que eles têm conseguido alcançar”, enfatizou.
Rafael pontuou um fator curioso na carreira da dupla:
Os dois explodiram a partir de séries de TV, não foi com filmes. O Pedro Pascal fez Game of Thrones, e o Wagner Moura fez o Narcos. Wagner é muito conhecido por Narcos, lá fora principalmente. Eles estão muito relacionados a isso
“E eu acho que tem essa coisa de escolher muito bem, ou pelo menos tentar fazer personagens mais interessantes e desafiadores em algum sentido, trabalhar com bons diretores. Nesse sentido, eles tentam desenvolver uma carreira mais firme”, disse.
O “novo Pedro Pascal”?

Será que Wagner Moura é o “novo Pedro Pascal”? Esse título passou a ser debatido nas redes, mas para o crítico de cinema, isso é desnecessário. “Porque existe a identidade de cada um. Acho que nem Wagner gostaria de ser visto como Pedro, nem Pedro gostaria de ser visto como uma marca. Eu entendo que, às vezes, a gente faz essas associações e cria esses rótulos, mas eu acho que esses rótulos também são limitadores”, ressaltou.
Ele destacou que, mesmo pensando nas similaridades, são atores que têm formações diferentes, e o próprio método de trabalho é diferente.
O que eu acho interessante é perceber essa diversidade, por exemplo, de personagens, de estilos e de gêneros que ambos trabalham. E isso faz com que cada um crie uma identidade específica.
Por fim, Rafael Carvalho disse que o sucesso de Wagner Moura é resultado de um trabalho que ele tem feito há muito tempo. “É muito difícil para os atores que se estabelecem em Hollywood conseguirem papéis relevantes, as vezes demora muito tempo, você precisa fazer muitas coisas, até coisas que você não gosta muito, e eu acho que o Wagner tem conseguido coisas muito interessantes, um lugar de respeito. A carreira dele está em plena ascensão, assim como a de Pascal também. Eu acho que ele só tem a crescer mais e mais”, finalizou.
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