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Acréscimos

Por Luiz Teles

ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 24 de maio de 2025 às 12:28 h • Atualizada em 24/05/2025 às 13:13 | Autor: Luiz Teles

Jogadores sem voz

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Sede da CBF, no Rio de Janeiro
Sede da CBF, no Rio de Janeiro -

Muito se falou essa semana sobre mais uma vergonhosa eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Da esdruxula gestão de Ednaldo Rodrigues à sua inevitável e previsível queda, à tentativa de rebelião dos clubes, limada pelas cartas marcadas que permeiam as regras de cada pleito na casa que (des)organiza o futebol nacional.

Amanhã, veremos no comando da CBF mais um neófito, marionete do poder, assumir o posto de gestor nº 1 do futebol do Brasil. Nas mãos dele estará não apenas o melhor campeonato nacional das américas, com alguns dos mais ricos e tradicionais clubes do mundo, como também a mais valiosa seleção, única pentacampeã do planeta.

Mas essa coluna aqui não é para falar de Samir Xaud nem do sombrio sistema das federações estaduais que elege e reelege presidentes da CBF por meio de conchavos e em troca de gordos penduricalhos em seus salários. Tampouco vou falar aqui da frustrada (e frustrante) tentativa dos clubes de apoiar uma candidatura de oposição (que não seria nada independente, diga-se).

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Esse espaço hoje vai falar de uma voz que se cala por seu egoísmo e ignorância, e que também é calada sempre que tenta romper com essa barreira da desunião: a dos jogadores. Os atores do espetáculo, os ídolos, aqueles que há mais de uma século são explorados pelo sistema a sua volta, não têm vez na hora de escolher quem vai mandar no futuro da mais importante estrutura de sua profissão no país.

Os sindicatos (regionais e nacional) dos jogadores são entidades nulas, repletas de desunião e politicagem, quase sem nenhum poder de barganha. As associações de atletas, ditas independentes, têm as mesmas características, desaparecendo na mesma velocidade em que são criadas. No fim das contas, salvo um movimento ou outro, pontual e com pautas muito específicas, os atletas do futebol não emplacam uma campanha de melhorias para a categoria. Os direitos que têm na Lei Geral dos Esportes são muito mais fruto das reivindicações de esportistas de outras modalidades, do que de suas próprias exigências e necessidades.

Alguém lembra quais foram as últimas ocasiões em que jogadores atuaram coletivamente defendendo pautas de seus interesses em âmbito nacional. As oportunidades são raras e a gente conta no dedo. Quase sempre seu sucesso. Há três anos, em 2022, atletas profissionais do futebol protestaram por conta de mudanças na Lei Geral do Esporte e perda de direitos trabalhistas. Os atos não foram organizados por sindicatos ou associações, mas por um movimento, criado em grupo de whatsapp, chamado ‘União dos Atletas de Futebol Séries ABCD'. O brado era colocar a mão na boca ao apito inicial das partidas como se fossem calados por não terem sido ouvidos na discussão da Lei.

Em 2013, o meia Alex e o zagueiro Paulo André capitanearam os Bom Senso FC, na melhor tentativa de organização de jogadores para reivindicar seus direitos e voz nas principais pautas do futebol nacional, mas após dar murro em ponta de faca por três anos, com apoio pífio da maioria da categoria, o grupo fechou as portas.

Sei que a ‘falta de voz’ e ‘desunião’ dos jogadores de futebol são temas complexos, e que são influenciados por diferentes aspectos da vida dos atletas, desde a frágil formação educacional de boa parte deles, ao medo de represálias. Os clubes, por exemplo, não têm o mínimo interesse que os jogadores tenham uma forte representatividade nas relações trabalhistas. Contudo, sem voz ativa, inclusive na eleição da CBF, dificilmente conseguirão virar esse jogo, e os dirigentes, sobretudo os bam-bam-bans da CBF, seguirão com poderes plenos.

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